Com a queda da popularidade do presidente e candidato à reeleição nos Estados Unidos, Joe Biden, algumas pessoas questionam se o democrata que o antecedeu, Barack Obama, poderia concorrer a um terceiro mandato na Casa Branca.
A 22ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos estabelece que o presidente do país pode ser eleito para, no máximo, dois mandatos. Nos Estados Unidos, a 22ª Emenda foi ratificada em fevereiro de 1951.
A regra é diferente da do Brasil, por exemplo.Aqui, a Constituição diz que o presidente pode ser reeleito “para um único período subsequente”. Ou seja, presidentes podem ter três mandatos ou mais desde que não sejam consecutivos, como ocorreu com o presidente Lula.
Não há possibilidade de despistar a 22ª Emenda para tornar Obama o vice-presidente de Biden, defende o professor de ciência política da Universidade Atlântica da Flórida Kevin Wagner, em artigo ao jornal Palm Beach Post. Ele rejeita a ideia de colocar Obama como vice para que depois Biden renuncie ao cargo em favor do colega democrata.
Embora a 22ª Emenda não faça nenhuma referência direta a um ex-presidente se tornar vice, existem outras restrições na Constituição dos EUA que impediriam esse processo. Segundo a 12ª Emenda, nenhuma pessoa inelegível para o cargo de presidente pode concorrer à vice-presidência. Como Obama não pode concorrer à presidência, ele também sofreria restrição à cadeira de vice-presidente.
A ex-primeira-dama Michelle Obama poderia, sim, concorrer no lugar de Biden. Mas ela já disse que não o faria. Em nota à NBC News, a diretora de comunicação de Michelle, Crystal Carson, reforçou: “Como a ex-primeira-dama já expressou várias vezes ao longo dos últimos anos, ela não vai concorrer à presidência. Ela apoia o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris na campanha à reeleição”.
Uma pesquisa encomendada pela Reuters mostra que apenas Michelle Obama venceria o ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro. Michelle aparece com 11 pontos de vantagem sobre Trump. Em cenários hipotéticos com candidatos democratas além de Biden, a ex-primeira-dama tem 50% das intenções de voto e é a única capaz de derrotar Trump, que surge com 39%.
George Washington, primeiro presidente do país, se retirou da disputa para um terceiro mandato pela Casa Branca em 1796. Ele era bastante popular, mas se recusou a entrar na disputa, argumentando que uma transição de autoridade era importante para evitar um governo com poder similar ao de um rei, segundo o Guia Annenberg da Constituição.
No fim de seu segundo mandato, que ia até 1877, o presidente republicano Ulysses Grant considerou uma reeleição. Mas os democratas, que eram maioria na Câmara dos Representantes, aprovaram uma resolução denunciando o terceiro mandato como violação à tradição política estadunidense.
Theodore Roosevelt, 26º presidente dos EUA, tentou um terceiro mandato em 1912. Entretanto, perdeu para o candidato do Partido Democrata, Thomas Woodrow Wilson.
Franklin Roosevelt quebrou a tradição de dois mandatos em 1940. Com a popularidade em alta após guiar o país durante a Grande Depressão, ele se candidatou para a cadeira de presidente pela terceira vez. Em 1944, em meio à Segunda Guerra Mundial, Roosevelt concorreu ao quarto mandato de forma inédita e, mais uma vez, venceu.
Conversas sobre uma emenda que impusesse limites à quantidade de reeleições dos presidentes começaram em 1944. Naquele ano, o candidato republicano Tomas Dewey disse, em discurso, que um possível governo de 16 anos de Roosevelt colocaria em risco a democracia.
A permanência prolongada de Franklin Roosevelt na presidência levou à ratificação da 22ª Emenda em 1951. A movimentação fez com que alguns apoiadores do presidente dentro do Partido Democrata deixassem a campanha, segundo informações do Centro Nacional da Constituição. Roosevelt, por sua vez, argumentava que estava na corrida para manter os EUA fora da guerra na Europa.
Informações UOL