O recente anúncio feito pela NASA, no dia 24 de fevereiro de 2024, sobre o uso de uma cápsula da SpaceX para resgatar os astronautas que estão presos na Estação Espacial Internacional (ISS), após a falha da nave Starliner da Boeing, é mais um capítulo na já conturbada trajetória recente da Boeing. Os problemas técnicos que provocaram essa decisão começaram a surgir há alguns anos, afetando seriamente a reputação da empresa. Mas o que exatamente aconteceu e quais são as implicações desse evento?
Desde 2018, a Boeing tem enfrentado uma série de crises, começando com os acidentes envolvendo a aeronave 737 Max. Esses incidentes levantaram preocupações significativas sobre a segurança dos aviões da companhia, resultando em uma série de cancelamentos e pedidos de revisão de contratos. Em um outro caso, em janeiro deste ano, uma porta de segurança de um avião caiu em pleno voo, aumentando ainda mais a desconfiança da indústria em relação à Boeing.
O problema mais recente da Boeing envolve a cápsula Starliner, projetada para transportar astronautas até a ISS. Após diversos problemas técnicos, incluindo falhas nos propulsores e vazamentos de hélio, a NASA decidiu que seria mais seguro deixar a Starliner vazia e utilizar a cápsula da SpaceX para trazer os astronautas de volta à Terra. Essa decisão foi baseada no “compromisso com a segurança”, segundo Bill Nelson, representante da NASA.
A escolha da NASA para utilizar a cápsula da SpaceX se deu principalmente devido à confiança e ao histórico positivo da empresa nas missões espaciais recentes. A SpaceX, liderada por Elon Musk, conquistou um contrato semelhante ao da Boeing em 2014 e desde então tem conseguido cumprir suas missões com sucesso, destacando-se especialmente em 2020, quando completou sua primeira missão tripulada para a ISS.
Durante os últimos anos, os problemas acumulados resultaram em uma perda financeira considerável para a Boeing. Desde 2018, a empresa perdeu mais de US$ 25 bilhões. A crise do 737 Max e os problemas subsequentes com a Starliner minaram a confiança de fornecedores e agências reguladoras. A divisão de defesa e exploração espacial, que antes compensava parte das perdas, também começou a mostrar fraquezas.
Relatórios apontam que, até junho do ano passado, os problemas com o Starliner já tinham causado uma perda acumulativa de mais de US$ 1,5 bilhão para a Boeing. Contratos de longo prazo, como com o Pentágono e a própria NASA, também passaram a ser revistos devido ao aumento dos custos e ao não reajuste dos valores recebidos.
Para a Boeing, os desafios são múltiplos. Reverter o dano reputacional e financeiro gerado pelas falhas recentes será crucial para garantir a continuidade de contratos e a confiança do mercado. O especialista aeroespacial Richard Aboulafia afirmou que embora o impacto do Starliner seja significativo, ele não será determinante para o futuro da Boeing, que ainda tem uma receita robusta proveniente de outras divisões.