Para além das brincadeiras tradicionais de 1º de abril, o hábito de mentir cotidianamente pode constituir um distúrbio psicológico
Em 1º de abril é comemorado o Dia da Mentira. A data é dedicada a brincadeiras divertidas (ou nem tanto) entre amigos e familiares. No entanto, quando alguém cultiva o hábito de contar histórias fantasiosas é necessário investigar se não se trata de um caso de mitomania – transtorno psicológico em que a pessoa possui uma tendência compulsiva por mentir.
Uma das grandes diferenças do mentiroso esporádico ou tradicional para o mitômano, é que, no primeiro caso, a pessoa mente para ter proveito ou tirar vantagem em alguma situação, enquanto o mitômano mente com o objetivo de aliviar alguma dor psicológica.
Nos casos de mitomania, o ato de mentir é praticado para que a pessoa se sinta confortável com a própria vida, pareça mais interessante ou tenha assuntos que se encaixem em um grupo social na qual ela não se sente capaz de entrar. O problema, frequentemente, prejudica a vida de quem o apresenta, pois sentimentos de culpa e vergonha por enganar os outros ou de medo em ser descoberto são constantes.
“A mitomania é muito mais praticada pela classificação de pessoas psicopatas do que necessariamente pelas pessoas com veemência mental neuróticas. É uma condição orgânica e por isso de ordem psiquiátrica, mas constante e perene. Envolve frieza na mentira, adulação, bajulação e falsidade, onde todas são integralmente intencionais”, afirma o psicólogo Alexander Bez.
Para perceber se uma pessoa é mitômana, é possível observar alguns sinais como: o mitômano sente culpa ou medo de ser descoberto; as histórias tendem a ser muito felizes ou muito tristes; conta grandes casos sem motivo aparente ou ganho; respondem de forma elaborada a perguntas rápidas; fazem descrições extremamente detalhadas dos fatos; as histórias o fazem parecer herói ou a vítima e, muitas vezes, repetem versões diferentes das mesmas histórias.
Tratamento
O tratamento da mitomania é feito por meio de sessões psiquiátricas e psicológicas, nas quais o profissional que acompanha o caso ajuda a pessoa a entender quais são os motivos que levam à criação das mentiras. Busca-se esclarecer e entender o porquê desta vontade surgir para que o paciente possa iniciar uma mudança de hábitos. Em alguns casos, cabe também cabe o tratamento com antidepressivos e ansiolíticos.