Macaé Evaristo alega que conduta daria direito de defesa ao acusado e privacidade à vítima
Nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo defendeu, em entrevista o Poder360, a ideia de que se mantenha sigilo em caso de assédio sexual. Ela acredita que tal postura daria privacidade às vítimas e garantiria o direito de defesa aos acusados. Segundo ela, essa conduta também traria mais mecanismos para responsabilizar os culpados.
Para Macaé, as denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro Silvio Almeida refletem uma mudança cultural na qual as vítimas se sentem mais confortáveis para denunciar. Ela anunciou que tem como plano reforçar os processos institucionais para prevenir episódios semelhantes ao que causou a exoneração do ex-ministro.
“Minha tarefa aqui é olhar para a frente, pois tem muita pauta a ser trabalhada”, disse a ministra. “Então, eu sempre acho que tudo serve de lição. O que podemos aprender a partir disso? O que podemos aprender para sermos melhores no futuro? Eu quero trabalhar nessa linha.”
As acusações contra Silvio Almeida foram confirmadas pela organização Me Too Brasil em 5 de setembro. Entre as supostas vítimas está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Perguntada sobre a condução do governo Lula no caso, já que ministros sabiam das acusações havia meses, Macaé afirmou não ter discutido o episódio com integrantes do Executivo. Macaé afirmou não ter conversado com Almeida desde sua nomeação e preferiu não comentar o caso dele.
Ela disse que, no ambiente corporativo, “você denuncia, e, ao mesmo tempo, começam a entrar em curso alguns mecanismos para tentar não falar sobre isso, não tornar público”.
“A primeira coisa que a gente precisa no Brasil é conversar sobre essas questões”, avaliou. “Não é conversar só sobre um caso, porque quando o caso chega, acaba a privacidade de quem denunciou. Acaba o sigilo, acaba o direito de defesa quando a gente explicita o caso. Então, aí, as boas práticas já foram para o ralo”, disse Macaé.
Informações Revista Oeste