O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se elegeu com a promessa de defender a democracia, segue incapaz de denunciar a “ditadura companheira” de Nicolás Maduro, afirma o jornal O Estado de S. Paulo.
Maduro foi declarado reeleito pela Suprema Corte venezuelana, mesmo sem nenhuma evidência. O “roubo das eleições” do país, que escandaliza a oposição e a comunidade internacional, foi o tema do editorial de opinião do Estadão desta terça-feira, 27.
Observadores independentes confirmaram a vitória esmagadora de Edmundo González, da oposição, que obteve quase 70% dos votos.
Diante dos fatos, os Estados Unidos, a União Europeia, dez países da América Latina e a Organização dos Estados Americanos assinaram um documento, na última semana, no qual rejeitam a reeleição de Maduro. Lula, porém, não colaborou com o comunicado por “discordar do texto”.
Sobre a postura do petista diante das fraudes nas eleições da Venezuela, o jornal pergunta: “Onde está o líder da ‘frente pela democracia’?”.
“Não resta nenhuma dúvida sobre a vontade do povo venezuelano, e o sigilo imposto pela Corte [que escondeu as atas das eleições] equivale a uma confissão de culpa”, avaliou o jornal. “A farsa eleitoral acabou. Começa agora a farsa da legitimação do regime e da criminalização da oposição.”
A publicação ressalta que “governos responsáveis e comprometidos com a democracia, à esquerda e à direita, já denunciaram o novo teatro” que o regime chavista tenta implementar no país.
O texto cita o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, o qual afirmou: “Maduro confirma o que a comunidade internacional tem denunciado: fraude”. Também ressalta que o presidente esquerdista do Chile, Gabriel Boric, anunciou que seu país “não reconhece esse falso e autoproclamado triunfo de Maduro & cia”.
“Já o presidente Lula da Silva continua a cumprir ciosamente seu papel no jogo de sombras de Maduro”, criticou o Estadão.
De acordo com o texto, a fraude eleitoral começou bem antes do pleito. Mas, enquanto a ditadura prendia opositores, cassava candidaturas e impedia imigrantes de votar, “Lula estendia o tapete vermelho a Maduro” e “lançava especulações filosóficas sobre a relatividade da democracia”.
“Depois das eleições, quase 30 opositores foram mortos e cerca de 2 mil foram detidos, mas o PT celebrou essa ‘festa da democracia’”, observou o editorial.
O Estadão continua: “Lula continua a ser, como sempre foi, utilíssimo para Maduro e seus suseranos – a China e a Rússia –, mas não é idiota e sabe bem o que quer: uma ditadura alinhada ao tal ‘Sul Global’, ao invés de uma democracia eventualmente simpática a Washington”.
Informações Revista Oeste