Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
No último mês, um escândalo envolvendo exames de sangue em doadores de órgãos chocou a população do Rio de Janeiro. O Laboratório PCS Saleme, responsável pela análise de testes de HIV, está sob investigação após a descoberta de laudos que, erroneamente, atestaram a ausência do vírus em doadores, resultando na infecção de seis receptores de órgãos. Este fato levantou questões sobre a segurança e a eficácia dos procedimentos realizados pelo laboratório, que até recentemente era contratado pelo governo estadual.
Um dos elementos centrais da investigação é a suposta falsificação de registros profissionais. Um laudo foi assinado em nome de Jaqueline Iris Bacellar de Assis, uma biomédica cujo registro apresentado – CRBM 41250 – não a pertence. O número mencionado está vinculado a Júlia Moraes de Oliveira Lima, biomédica residente no Recife, e que não atua na área há três anos. Júlia expressou indignação ao saber da utilização de seu registro em um caso de tamanho impacto, afirmando nunca ter trabalhado em análises clínicas.
A descoberta das irregularidades levou à suspensão dos serviços do Laboratório PCS Saleme e à sua interdição por parte da vigilância sanitária, que identificou 39 falhas nas inspeções realizadas nas suas unidades. O Ministério da Saúde, o Ministério Público do Rio de Janeiro, o Conselho Regional de Medicina e a Polícia Federal estão envolvidos nas investigações em curso.
A suspensão das atividades do laboratório levou o governo do estado a buscar uma nova empresa para a realização dos exames, em caráter emergencial e sem licitação. A Fundação Saúde enfatizou a necessidade imediata de continuidade desses serviços vitais, embora um processo licitatório esteja em andamento para regularizar a situação.
Em resposta às acusações, o Laboratório PCS Saleme declarou que utilizou kits de teste aprovados pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde e comprometeu-se a oferecer suporte médico e psicológico aos afetados. A questão do uso indevido do registro de Júlia está sendo investigada internamente. Entretanto, até o momento, Jaqueline Iris Bacellar de Assis, nome citado nos laudos, não foi localizada para prestar esclarecimentos.
Os vínculos entre dois dos sócios do laboratório, Matheus e Walter Vieira, e o ex-secretário estadual de saúde, Doutor Luizinho, agora deputado federal, também estão sendo examinados. O laboratório foi contratado pouco após a saída de Luizinho da secretaria, levantando questões sobre a influência política nas contratações de serviços de saúde. Contudo, o ex-secretário negou qualquer envolvimento em tais processos.
Este caso destaca a necessidade de fiscalização rigorosa e transparência nos contratos públicos, especialmente aqueles que afetam direta e significativamente a saúde da população. As investigações continuarão, buscando responsabilizar aqueles por trás dessas graves falhas que colocaram vidas em risco.
Informações TBN