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Foto: Daria Nepriakhina/ Unsplash

Londres – Um estudo feito pela Universidade South California (USC) chegou a uma conclusão que contraria o senso comum sobre disseminação de fake news pelas redes sociais: 15% dos usuários participantes do experimento que mais compartilharam informações foram responsáveis por 30% a 40% das notícias falsas transmitidas – e o motivo principal, segundo os pesquisadores, foi simplesmente atrair atenção para seus perfis.

O estudo, publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, coloca em questão a tese de que a desinformação se espalha porque os usuários não têm as habilidades de pensamento crítico necessárias para identificar a verdade ou porque suas crenças políticas distorcem seu julgamento.

Os autores afirmam que o modelo de negócio das plataformas, que recompensa os usuários que compartilham informações e se tornam mais populares, é o principal motor para a proliferação de fake news.

Entendendo o compartilhamento de fake news nas redes sociais

A equipe de pesquisa da USC Marshall School of Business e da USC Dornsife College of Letters, Arts and Sciences avaliou postagens de 2.476 usuários ativos do Facebook nos EUA, com idades entre 18 e 89 anos, que se voluntariaram para participar.

Os pesquisadores descobriram que os hábitos de uso da mídia social tiveram mais influência no compartilhamento de fake news do que outros fatores, incluindo crenças políticas e falta de raciocínio crítico.

Usuários frequentes e habituais encaminham seis vezes mais notícias falsas do que usuários ocasionais ou novos, que poderiam ser considerados mais inocentes.

“Esse tipo de comportamento foi recompensado no passado por algoritmos que priorizam o engajamento ao selecionar quais postagens os usuários veem em seu feed de notícias e pela estrutura e design dos próprios sites”, disse um dos autores, o cientista comportamental Ian A. Anderson.

Usuários das redes compartilham até notícias em que não acreditam

O estudo envolveu diferentes experimentos. No primeiro, os pesquisadores quantificaram o compartilhamento de fake news e notícias verdadeiras.

Em outro teste, os pesquisadores constataram que o compartilhamento habitual de desinformação faz parte de um padrão mais amplo de insensibilidade à informação que está sendo compartilhada.

“Na verdade, os usuários habituais compartilharam notícias politicamente discordantes – notícias que desafiavam suas crenças políticas – tanto quanto notícias que eles endossavam”, diz o relatório.

Por fim, a equipe testou se as estruturas de recompensa da mídia social poderiam ser planejadas para promover o compartilhamento de informações verdadeiras em vez de falsas.

Fake news nas redes motivadas pela popularidade

Os resultados mostraram que os incentivos à precisão, em vez da popularidade (como é o caso atualmente em sites de mídia social), dobraram a quantidade de notícias precisas que os usuários compartilham nas plataformas sociais.

“Devido aos sistemas de aprendizado baseados em recompensas nas redes sociais, os usuários formam hábitos de compartilhamento de informações que asseguram o reconhecimento de outras pessoas”, escreveram os pesquisadores.

“Depois que os hábitos se formam, o compartilhamento de informações é ativado automaticamente por dicas na plataforma, sem que os usuários considerem os resultados de respostas críticas, como a disseminação de desinformação”.

É possível resolver se plataformas quiserem

O relatório publicado na revista científica destaca que o compartilhamento habitual de fake news nas redes sociais não é inevitável.

E que os usuários podem ser incentivados a criar hábitos de compartilhamento que os tornem mais sensíveis à disseminação de conteúdo verdadeiro.

“Isso significa que as plataformas de mídia social podem dar um passo mais ativo do que moderar quais informações são postadas e, em vez disso, buscar mudanças estruturais em sua estrutura de recompensa para limitar a disseminação de desinformação”, diz a pesquisa da USC.

Informações MediaTalks

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