O preço da gasolina teve o quarto reajuste apenas neste ano nas refinarias e o valor médio ao consumidor final passou de R$ 5 na primeira quinzena de fevereiro.
A Petrobras alega que os aumentos sucessivos acompanham a cotação internacional do petróleo e também são consequência do câmbio desfavorável, com a acentuada desvalorização do real frente ao dólar.
Para não depender da flutuação do petróleo no mercado e da respectiva disponibilidade, cada vez mais escassa, cientistas trabalham no desenvolvimento de uma gasolina renovável, chamada de e-fuel ou, simplesmente, gasolina sintética.
O novo combustível, que ainda está em fase de testes, não vem do petróleo: sua produção utiliza como matéria-prima água e o dióxido de carbono disponível na atmosfera.
Empresas germânicas como Audi, Bosch e Porsche, além do governo alemão, têm investido nessa tecnologia, que também está nos planos da McLaren para seus carros esportivos.
A expectativa é de que a novidade, quando chegar aos consumidores, garantirá a sobrevida dos motores a combustão interna, seja de forma “pura” ou com algum nível de eletrificação. Hoje, tudo indica que propulsores convencionais estão com os dias contados por conta dos limites cada vez exigentes dos governos em relação às emissões de poluentes.
A gasolina sem petróleo também contribuiria para combater o efeito estufa, que tem o dióxido de carbono entre seus principais vilões, e, de quebra, acabaria com a dependência de um recurso natural que inevitavelmente irá acabar e tende a ficar cada vez mais caro.
De acordo com Everton Lopes, mentor de tecnologia e inovação da SAE Brasil, os combustíveis sintéticos têm a vantagem, como o etanol, de “neutralizar” o carbono resultante de sua queima, além de aproveitar a infraestrutura atual de abastecimento.
Podem ser extraídos na forma de gasolina ou diesel e, portanto, não exigem alterações nos motores que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.
Projeto da Audi retira o hidrogênio a partir de hidrólise da água e utliza fontes renováveis de eletricidade Imagem: Divulgação
A perspectiva de benefícios econômicos e ambientais proporcionados pela gasolina sintética é alentadora, porém sua produção ainda é cara ante a gasolina tradicional, destaca o especialista.
O desafio, afirma, é reduzir o custo da extração do hidrogênio necessário para fazer a gasolina sintética, a partir de um processo conhecido como hidrólise.
“É a grande a quantidade de eletricidade utilizada para separar o hidrogênio presente na água. Essa energia deve, preferencialmente, ser de origem limpa, como solar, eólica ou de hidrelétricas”, pontua Lopes.
“O combustível sintético já era usado pela Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial e, desde então, as pesquisas têm evoluído. Porém, o petróleo ainda é muito mais fácil e barato de se obter e refinar”, conclui.
O hidrogênio é a grande aposta de países como a Alemanha para renovar sua matriz energética.
Além de servir para sintetizar combustível líquido, o gás também é visto como opção às caras e pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica. Por meio das chamadas células de combustível, incorporadas a automóveis, o hidrogênio gera eletricidade para impulsionar as rodas.
Modelos como o Toyota Mirai já trazem essa tecnologia e são abastecidos com hidrogênio.
Informações UOL Notícias