O frei Jorge Rocha, da Ordem dos Frades Capuchinhos, doutor em teologia e superintendente das rádios Princesa FM e Sociedade News FM em Feira de Santana, é um dos voluntários dos testes para a vacina da Pfizer contra a covid-19. Ele concedeu uma entrevista na manhã desta terça-feira (22), ao Acorda Cidade, durante a programação da ‘Jornada Contra o Coronavírus’ (onde toda a programação da Rádio Sociedade News é voltada para informar e discutir sobre o tema), e contou como se sente em ser um dos voluntários. O frei de refletiu ainda sobre as lições trazidas pela pandemia e a importância da fé e da ciência.
Frei Jorge Rocha relatou que recebeu uma ligação de uma médica, lhe convidando para ser voluntário para tomar a vacina. No início ele não acreditou, mas após confirmar a veracidade do telefonema, prontamente aceitou o convite. Em seguida compareceu até o Hospital Santo Antônio em Salvador, das Obras Sociais Irmã Dulce, onde assinou um termo de compromisso para participar das fases da vacina.
“Eu sou professor universitário, sou cientista, um pesquisador e não poderia dizer não à ciência. Seria uma contradição de toda a minha vida acadêmica, de formar novos profissionais e inclusive eu ensino no curso de biomedicina, enfermagem, curso de fisioterapia e não poderia dizer não. De pronto eu disse sim, fui até o hospital, fiz os exames necessários, assinei o termo de compromisso, termo de consentimento livre e esclarecido para realizar as fases. As fases são V1, V2 e V3. A V1 foi a entrevista e a primeira dose, a V2 foi a análise de como foi a primeira dose e a recebi a segunda dose. A V3 foi o exame clínico e todas as vezes fiz o RT-PCR. Já fiz esse teste 8 vezes e todos deram não reagentes”, relatou.
O frei afirmou que devido ao trâmites de ética da pesquisa, não tem a informação se tomou a vacina feita pela Pfizer contra a covid-19, ou o placebo, que é uma aplicação de efeito neutro e faz parte do protocolo da pesquisa. Mas, ele declarou que desconfia que realmente recebeu o imunizante contra a covid e segundo ele, apresentou leves reações.
“A gente tem um diário que responde semanalmente e às vezes duas vezes na semana. A gente vai indicando as reações que tivemos neste diário eletrônico, que é através de um aplicativo. Eu tive reações leves, enrijecimento no local da vacina e uma sensação de malemolência. Tudo rápido, nada que me impedisse de trabalhar ou de sair. Inclusive a gente recebe um termômetro sublingual para qualquer coisa medir a temperatura e informar imediatamente aos pesquisadores. Temos quatro telefones disponíveis 24h, e qualquer coisa, qualquer sintoma podemos entrar em contato”, declarou.
Sensação em ser voluntário
Colaborar com a ciência é um dos motivos que levaram o Frei Jorge Rocha a participar dos testes da vacina. Ele frisou que a sensação em ser voluntário é de colaboração com a vida das pessoas. Como se fosse parte integrante da família das pessoas, do choro e das suas vitórias. O frei da Ordem dos Capuchinhos, salientou que tem ciência que está sujeito às consequências de participar do processo de testes, mas de acordo com ele, nada suplanta o sentimento de colaborar com a humanidade.
“Depois de me tornar sacerdote, este é o acontecimento mais importante da minha vida”, pontuou.
Sobre as lições que a pandemia trouxe, o frei, listou três que ele considera importantes: Dar valor as coisas simples, valorizar o ser humano e a confiança em um Deus de misericórdia.
Para ele, a pandemia é um fato que além de ensinar, também renovou a fé das pessoas.
“Nunca tivemos tanta fé como agora e essa fé não pode aparecer somente em situações de emergência, tragédia e quando nos sentimos sós. Mas é uma fé que precisa ser professada e proclamada no cotidiano na glória, na ação de graças, na alegria e não apenas no pranto e na dor”, comentou.
O frei encerrou a entrevista afirmando que acredita que o mundo terá um novo tipo de ser humano após a covid-19. Na opinião dele, um ser humano mais humano.
“Se assim não for, a gente vai sucumbir de novo. A ciência já venceu, a inteligência é um dom de Deus que foi dado. Precisamos ter fé na ciência e em Deus. Os cientistas são as pessoas certas a fazendo a coisa certa para que vivamos bem”, concluiu.
(Acorda Cidade)