Presidente da instituição prevê uma catástrofe econômica decorrente do aumento explosivo de apostadores
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, antecipa um cenário catastrófico devido ao crescimento explosivo das apostas esportivas no Brasil. Ele defende a proibição do uso do Pix para pagamentos dessas bets como forma de evitar uma “bolha de inadimplência”.
“Se não for possível proibir de imediato o pagamento com Pix, ao menos que se estabeleçam limites de valores máximos para apostas [nessa modalidade de pagamento], tal como o Banco Central já limita transações à noite”, propôs Sidney, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Ele também sugere que os beneficiários de programas sociais sejam impedidos de utilizar o Pix para fazer apostas. De acordo com o BC, usuários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com as bets somente no mês de agosto.
Sidney prevê que, se a tendência de aumento das apostas continuar, haverá um efeito dominó na economia brasileira. Segundo ele, isso deve afetar desde pequenos negócios até grandes corporações.
“Precisamos impedir que venha a explodir [a bolha]”, alertou. “Não podemos pagar para ver, e essa aposta não iremos fazer. Estamos, todos, à deriva e precisamos reencontrar a rota de volta para casa. Não dá para brincar com coisa séria, que é a saúde financeira e mental das pessoas, e muito menos ficarmos à beira desse precipício”, completou Sidney.
O uso do cartão de crédito para apostas será proibido a partir de janeiro de 2025, e as empresas do setor deverão bloquear essa forma de pagamento a partir de 1º de outubro de 2024. As opções restantes para financiar contas em plataformas de apostas serão débito e TED.
Sidney já havia manifestado grande preocupação com o crescimento do mercado de apostas on-line no Brasil, e dados recentes confirmam a gravidade da situação. Ele avisa que a situação pode sair do controle se medidas não forem tomadas rapidamente.
“Os números divulgados pelo Banco Central são simplesmente chocantes, mostram que, nos últimos seis meses, 24 milhões de brasileiros drenaram dos seus orçamentos R$ 20 bilhões em média”, comentou. “Se projetarmos no horizonte maior, já antevejo uma catástrofe ou uma bolha de inadimplência se formando e precisamos impedir que venha a explodir. Não podemos pagar para ver, e essa aposta não iremos fazer”.
Sidney destaca que é inadmissível que essa situação avance sem a intervenção reguladora do Estado para conter o endividamento desenfreado devido às apostas on-line.
“Nós representamos um setor estratégico, que financia toda a economia, a produção, o consumo e o investimento, portanto, famílias e empresas”, ressaltou. “Não é admissível silenciarmos e deixarmos essa situação avançar sem o braço forte e regulador do Estado, especialmente para coibir essa escalada desenfreada de endividamento com as apostas online”.
Os dados do Banco Central revelam que, nos últimos seis meses, 24 milhões de brasileiros gastaram R$ 20 bilhões com apostas. Sidney antevê uma possível catástrofe financeira e insiste na necessidade de proibir ou limitar o uso do Pix para essas transações.
“O país precisa recuar, imediatamente, do grave erro que foi legalizar e deixar, sem qualquer restrição e controle, esses jogos de apostas. Estamos, todos, à deriva e precisamos reencontrar a rota de volta para casa”, destaca.
Sidney defendeu a revisão imediata da legislação que permitiu a legalização das apostas. Ele destacou que a falta de restrições e controle deixou o país em uma situação precária. O líder da Febraban também sugere uma ação emergencial para proibir pagamentos via Pix para essas apostas.
“Eu já vinha defendendo que se antecipasse a proibição do cartão de crédito para pagamento dessas apostas, mas, agora, após o estudo revelador do BC, defendo uma ação muito mais forte e emergencial, que é proibir pagamentos via Pix para essas apostas em bets”.
Um estudo do Banco Central revela que 90% dos pagamentos dessas apostas ocorrem via Pix. O Brasil já é o terceiro maior mercado global de apostas. Sidney afirma que a continuidade desse padrão terá um impacto devastador na economia, afetando desde pequenos comércios até grandes empresas.
“Ao se manter o ritmo de corrosão do orçamento das famílias com apostas, o efeito dominó na economia é imensurável, mas é certo que impactará desde o pequeno comércio até as grandes empresas”, alertou.
Informações Revista Oeste