Pela primeira vez desde 2010, a Argentina vai receber em maio o porta-aviões USS George Washington, que comanda a Sétima Frota dos Estados Unidos baseada no Japão.
A informação foi divulgada pelo diário Clarín.
De acordo com o jornal, trata-se de mais um gesto dos Estados Unidos para enfrentar a crescente influência da China na América do Sul.
Sob Javier Milei, a Argentina se tornará uma peão de Washington para atrapalhar os planos de integração continental apoiados sobretudo pelo Brasil.
Recentemente, depois de ser aceita nos BRICs, por indicação do Brasil, a Argentina voltou atrás e desistiu de aderir ao bloco.
Nesta semana, com apoio dos Estados Unidos, o Fundo Monetário Internacional concedeu empréstimo de U$ 3,7 bilhões para dar sustentação econômica ao governo de Milei.
O BRICs Plus, agora integrado por China, Rússia, Brasil, África do Sul, Índia, Egito, Arábia Saudita, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, dispõe de seu próprio banco, sob comando da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Os integrantes do bloco planejam realizar trocas comerciais utilizando suas moedas locais, o que já está acontecendo de maneira bilateral.
Os Estados Unidos usam o dólar para manter sua hegemonia planetária, além de instituições multilaterais que controlam, como o Banco Mundial e o FMI.
Também controlam a Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Sociedade para Telecomunicação Financeira Mundial Interbancária), conhecida por SWIFT, através da qual são feitas transações internacionais.
O pagamento de uma conta em Nova York com um cartão de crédito emitido no Brasil só é possível graças ao SWIFT.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, foi excluída do SWIFT.
Como a maioria dos países recorre parcialmente a títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos para acumular reservas, em caso de sanções internacionais eles ficam sujeitos a decisões tomadas em Washington.
Hoje os Estados Unidos aplicam sanções contra centenas de indivíduos, organizações e países, dentre os quais Cuba, Rússia, Irã, Síria e Coreia do Norte.
Os EUA podem emitir dólares à vontade e com isso, ainda que indiretamente, acabam condicionando a vida econômica em quase todo o planeta.
Desde que assumiram a hegemonia, depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos privilegiam alguns países em suas relações bilaterais, como Israel e o Reino Unido.
A Argentina sob Javier Milei assumiu este papel, que herdou da Colômbia, hoje governada pelo esquerdista Gustavo Petro.
Em recente viagem a Davos, Milei encontrou-se com o ministro das relações exteriores do Reino Unido, David Cameron, representante de um país que trava uma disputa internacional com a Argentina pelas ilhas Malvinas.
De acordo com o diário Daily Express, Londres pretende dar ajuda econômica à Argentina em troca de colocar a questão das Malvinas em segundo plano.
Aparentemente, os EUA estão triangulando sua relação com a Argentina através do Reino Unido por conta dos elogios que Milei fez a Donald Trump, provável adversário de Joe Biden nas eleições de 2024.
Mas um encontro entre Biden e Milei ainda este ano não está descartado.
Antes de se eleger, Milei falou em acabar com as relações comerciais com o Brasil e a China, dois dos principais parceiros de Buenos Aires.
A chanceler Diana Mondino, numa óbvia provocação, recebeu em audiência o representante comercial de Taiwan em Buenos Aires.
A China, então, cancelou um empréstimo que havia acordado com o ex-presidente Alberto Fernandez e ameaçou substituir o trigo, a soja e a carne que compra da Argentina por produtos do Brasil e do Uruguai.
A China considera Taiwan uma província e tem como meta a reunificação da ilha, que sobrevive do apoio recebido dos EUA.
Em abril deste ano, o navio USCGC Stone, da Guarda Costeira dos Estados Unidos, fará exercícios na Argentina supostamente para combater a pesca ilegal.
Para garantir uma presença militar na região da Tríplice Fronteira — entre Brasil, Argentina e Paraguai — funcionários dos EUA já fizeram alertas no passado sobre a atuação de “terroristas” ligados ao Hezbollah, mas nunca apresentaram provas.
Eles também expressaram desgosto com a parceria entre China e Argentina para a construção de um observatório espacial na província de Neuquén. Ele começou a funcionar em 2018, como parte de um sistema acordo de 50 anos de duração.
Os chineses dizem que a base foi essencial para permitir o pouso de uma nave no lado escuro da lua.
Como o lado chinês no projeto é representado por uma divisão da Força de Apoio Estratégico do Exército Popular da China, as suspeitas sem provas espalhadas na Argentina falam que a base pode ter utilidade em guerra espacial, cibernética e eletrônica.
O porta-aviões que vai visitar a Argentina depois de um hiato de 14 anos, o George Washington, foi recentemente reformado e pode levar a bordo um avião de reabastecimento que dá autonomia de 800 quilômetros para os caças que carrega.
Por isso, em eventual guerra no estreito de Taiwan, o porta-aviões muito provavelmente seria utilizado — um detalhe que não escapou aos analistas.
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