Segundo o levantamento, se o país triplicasse a oferta do ensino médio técnico, o PIB subiria mais de 2% e a desigualdade social diminuiria.
Um estudo concluiu que uma oferta maior de ensino médio técnico tornaria o país mais produtivo.
A educação pública e técnica não é feita só de régua e compasso.
“Além de ser a nossa base comum, que já ensina matemática, português normal, como todo mundo tem, mostra para a gente como se portar em uma entrevista de emprego, como fazer um currículo e prepara a gente para a vida adulta. Tipo, como encarar os desafios da vida adulta, acredito”, diz a estudante Maria Clara Souza, de 17 anos.
Para Maria Clara e para a Maria Eduarda, fazer o ensino médio técnico tem sido como expandir os limites da escola. Para a sociedade, o ganho foi calculado por estudiosos que se debruçaram sobre os indicadores econômicos: a pesquisa mostra que aumentar o acesso a esse tipo de ensino é fazer o país crescer.
“Um dos objetivos da educação profissional é prover para o jovem um ganho de habilidade que vai ser traduzido em habilidades no mercado de trabalho. Isso leva a uma economia, pessoas com uma produtividade maior. E o país, consequentemente, cresce a uma taxa mais alta ao longo do tempo”, afirma Vitor Fancio, economista e pesquisador do Insper.
O estudo revela que se o Brasil triplicasse a oferta do ensino médio técnico, o PIB subiria mais de 2% e a desigualdade social diminuiria.
“Os meus pais não tiveram essa oportunidade que eu estou tendo, mas eles se desdobraram para eu estar aqui onde eu estou. E eu, com certeza, percebo que, estar cursando o ensino técnico, me deixa mais preparada, me deixa mais autoconfiante para quando eu for sair daqui, ingressar no mercado de trabalho”, diz a estudante Maria Eduarda Rodrigues, de 16 anos.
Para além dos muros da escola, os pesquisadores queriam saber qual o impacto do que é vivido dentro na vida profissional desses jovens. Eles concluíram que, quem têm formação técnica, tende a ganhar mais do que aqueles que fizeram apenas o ensino médio tradicional. E essas pessoas correm menos risco de cair no desemprego.
Quem pensa a educação profissional e tecnológica não vê futuro sem formação contínua para cada vez mais jovens.
“A gente tem uma taxa, aproximadamente, de 20% de jovens de 18 a 24 anos nas universidades. 80% está fora das universidades e, para eles, é necessário dar um encaminhamento para que eles possam prosseguir se desenvolvendo profissionalmente. Os jovens de hoje estão inseridos no mundo em constante mudança e isso certamente vai ser exigido deles, essa continuidade na formação”, diz Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho.
“Eu me descobri, né? Quando eu comecei aqui a cursar administração. Acho que foi o curso que eu me identifiquei muito, que eu falei: ‘Meu Deus, como eu não sabia que isso existia?’. Foi incrível, foi tipo ‘uau’. E aí eu falei: ‘Nossa, é o que eu quero fazer’”, conta Maria Eduarda.
Informações G1
Isto se chama racionalidade, o país está deixando acontecer um número alarmante de faculdades, mantidas com dinheiro público e gerando um mundo de graduados desempregados