A interferência política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Petrobras e na Vale — que, neste último caso, culminou com a renúncia de José Duarte Penido, membro independente do Conselho de Administração da Vale — foi tema dos editoriais desta quinta-feira, 14, nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo.
Para o Estadão, a denúncia do Conselheiro “deixa claro o que até os office-boys da empresa já sabem: Lula exige a genuflexão do setor produtivo à sua vontade”.
Segundo o jornal, o objetivo da gestão Lula é “tomar de assalto” as grandes empresas brasileiras para bancar seus “projetos delirantes”.
“O país ouviu do próprio Lula que seu objetivo é submeter as empresas ao pensamento do governo”, observou o editorial. “Para o presidente, as políticas sociais, e não o lucro, é que deveriam balizar os investimentos do mercado — aquele que, segundo o petista, ‘não tem pena das pessoas que passam fome’”, completou o texto.
Já a Folha escreveu que as investidas de Lula sobre a Vale, e também sobre a Petrobras, “explicitam o intervencionismo que resultou em desastres no passado recente”.
O veículo de comunicação explica que as duas gigantes têm duas coisas em comum: lideram setores centrais para investimentos e exportações do país e são alvo da “cobiça do governo Lula”.
Ao citar a carta de Penido, a Folha diz que há “sinais alarmantes de mandonismo governamental” nos rumos das duas companhias.
O documento afirma que o processo sucessório no comando da mineradora “vem sendo conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa e sofre evidente e nefasta influência política”. O conselheiro se referia, especialmente, à recente busca do Planalto para instalar o ex-ministro Guido Mantega no cargo.
Na visão do jornal, até as frequentes críticas de Lula à gestão da ex-estatal são uma tentativa de intimidação. Esse tipo de pressão, segundo a Folha, espanta investidores. “E os mesmos movimentos obscuros de Brasília recaem sobre a Petrobras”, criticou.
Na última semana, a petroleira anunciou a decisão de limitar ao mínimo obrigatório a distribuição de dividendos relativos a 2023, o que contrariou a diretoria da empresa. Para piorar a situação, vieram as costumeiras “declarações destrambelhadas” de Lula, como classificou a Folha.
Em entrevista ao SBT, o petista afirmou que a Petrobras não pode pensar apenas em seus acionistas, mas em “200 milhões de brasileiros que são donos dessa empresa”.
“A declaração só alimentou os temores de que o governo petista vá impor mais de sua agenda política e ideológica à gestão da estatal, como se nada tivesse aprendido com os escândalos de corrupção e prejuízos bilionários do passado recente”, escreveu a Folha de São Paulo.
Informações Revista Oeste