Documento revelado pela agência Reuters indicou que voluntários receberam carta alegando que erro fazia parte do processo
Aproximadamente 1.500 voluntários de um dos primeiros grupos do teste clínico de estágio avançado da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 receberam a dose errada durante o estudo, mas não foram informados sobre o caso nem mesmo após a descoberta do fato. A constatação aparece em documentos obtidos pela agência Reuters.
Segundo a publicação, o equívoco de dosagem foi apresentado aos participantes do teste, em uma carta de 8 de junho, como uma oportunidade para os pesquisadores da Universidade de Oxford descobrirem o quão bem a vacina funciona em doses diferentes. A carta foi assinada pelo investigador-chefe do teste, o professor Andrew Pollard, e enviada aos participantes.
Os participantes receberam cerca de metade de uma dose devido a um erro de medição dos pesquisadores de Oxford. A carta de Pollard não reconheceu nenhum erro nem revelou que os pesquisadores haviam relatado a questão às agências médicas reguladoras britânicas, que depois instruíram Oxford a acrescentar outro grupo de teste que receberia a dose completa.
Segundo a Reuters, não há sinal de que tenha havido qualquer risco para a saúde dos participantes do teste. A agência compartilhou a carta – que obteve da universidade graças a um pedido de Liberdade de Informação – com três especialistas em ética médica. Todos eles disseram que ela indica que os pesquisadores podem não ter sido transparentes com os participantes do teste.
– Eles não são nada claros a respeito do que deveriam esclarecer: o que estava acontecendo, o que sabiam, o raciocínio para realizar pesquisas adicionais – opinou Arthur L. Caplan, chefe e fundador da Divisão de Ética Médica da Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York.
Em novembro, Oxford relatou resultados temporários que mostraram que a taxa de eficácia para participantes que recebem meia dose por engano e uma dose inteira de reforço subsequente foi de 90% e que a taxa para aqueles que receberam duas doses inteiras foi de 62%. Os dados combinados dos dois regimes de dosagem resultaram em uma eficácia de 70,4%.
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