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Em entrevista exclusiva e reveladora, o médico nefrologista e professor universitário Antônio César de Oliveira, conhecido como César Oliveira, doutor em Medicina e Saúde, e articulista do jornal Tribuna Feirense, compartilha reflexões sobre sua trajetória pessoal e profissional, sua vivência em Feira de Santana e as influências que o motivaram a escrever o livro O Homem das Unhas de Sal.

O lançamento da obra acontece às 19h desta quarta-feira (30/10/2024), no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, em Feira de Santana. Publicado pela Editora InVerso, o livro reúne memórias pessoais do autor e aborda a universalidade dos laços humanos, destacando a importância das experiências familiares e afetivas ao longo da vida.

Na entrevista conduzida por Carlos Augusto, jornalista e cientista social, diretor e editor do Jornal Grande Bahia (JGB), César Oliveira explora temas como a afetividade humana, a valorização da família e as raízes identitárias que moldam o ser humano e ser agir sobre o mundo. O diálogo oferece ao leitor lições sobre a importância dos vínculos afetivos e das conexões familiares como elementos centrais da experiência humana.

Confira a entrevista

Jornal Grande Bahia — O que o motivou a transformar suas memórias familiares em crônicas literárias?

César Oliveira — Primeiro porque relatar é permanecer e deixar aos seus um retrato de como construímos nossa história para que eles possam compartilhar da mesma emoção, valorizar o feito e ter referências. Em segundo, porque escrever é uma forma de olhar a si próprio e encontrar respostas.

Jornal Grande Bahia — Como foi o processo de reunir seus textos em uma narrativa coesa que resultou no livro?

César Oliveira — Neste livro a busca tornou-se mais direcionada porque  o tomei como ponto de partida de tudo que já escrevi. Então, nossa experiência primordial e definidora é a experiência da família e suas relações. Definido isso, ficou fácil reunir textos referentes aos meus pais e filhos.

JGB — Em que momento você percebeu que suas experiências pessoais poderiam ressoar de forma tão universal?

César Oliveira — Sempre digo que a vivência e a história de cada um são absolutamente individuais, mas as emoções que cada um vive nesse processo familiar são absolutamente coletivas, pois esse é nosso núcleo central, ao redor do qual a maioria ergue suas representações. Eu sou único na forma como sinto, mas sou todos no sentir.

JGB — O livro aborda a relação entre pais e filhos de maneira profunda. Como sua própria experiência como pai influenciou na construção dessa narrativa?

César Oliveira — Nós somos uma trajetória de espelho, de referências, por mais que tentemos nos distanciar dessa filiação. Ao escrever como filho vejo meus pais e seus gestos; ao escrever como pai vejo os gestos deles que lego aos filhos. A sabedoria é evitar aquilo que consideramos inadequado pelo tempo e aprofundarmos aquilo que se tornou valores essenciais do homem que tentamos ser.

JGB — A obra apresenta memórias de sua infância na roça e os laços familiares. Como você equilibrou o pessoal e o universal na narrativa para que outros leitores possam se identificar?

César Oliveira — Em verdade, todos nós tivemos uma infância, dificuldades, ficamos órfãos,  alegrias e aflições. Isso é o mesmo ainda que o leitor esteja na selva, na roça, na casinha de sapê, no cimento urbano. Variam as formas, mas esse conjunto de percepções são universais.

César Oliveira — Sempre digo que a vivência e a história de cada um são absolutamente individuais, mas as emoções que cada um vive nesse processo familiar são absolutamente coletivas, pois esse é nosso núcleo central, ao redor do qual a maioria ergue suas representações. Eu sou único na forma como sinto, mas sou todos no sentir.

JGB — O livro aborda a relação entre pais e filhos de maneira profunda. Como sua própria experiência como pai influenciou na construção dessa narrativa?

César Oliveira — Nós somos uma trajetória de espelho, de referências, por mais que tentemos nos distanciar dessa filiação. Ao escrever como filho vejo meus pais e seus gestos; ao escrever como pai vejo os gestos deles que lego aos filhos. A sabedoria é evitar aquilo que consideramos inadequado pelo tempo e aprofundarmos aquilo que se tornou valores essenciais do homem que tentamos ser.

JGB — A obra apresenta memórias de sua infância na roça e os laços familiares. Como você equilibrou o pessoal e o universal na narrativa para que outros leitores possam se identificar?

César Oliveira — Em verdade, todos nós tivemos uma infância, dificuldades, ficamos órfãos,  alegrias e aflições. Isso é o mesmo ainda que o leitor esteja na selva, na roça, na casinha de sapê, no cimento urbano. Variam as formas, mas esse conjunto de percepções são universais.

JGB — De que maneira você utilizou o humor, presente nas crônicas, para tratar de temas tão sensíveis como as relações familiares?

César Oliveira — O humor sempre é uma forma otimista e sensata de enfrentar o que dói ou incomoda. Ele, às vezes, está presente, mas em outros momentos o lírico predomina. Em alguns textos ele é belo e dolorido, mas esse é o conjunto que nos faz ser o que somos.

JGB — Sendo médico nefrologista e professor universitário, como você conciliou sua carreira com a escrita literária?

César Oliveira — Sempre conciliei estas duas atividades, que de certo modo se alimentam uma da outra,  embora só agora esteja começando a reunir o que fazia de forma esparsa, para dar um sentido de conjunto ao que já escrevi.

JGB — Como a prática da medicina e o contato com diferentes histórias de vida influenciaram seu olhar como escritor?

César Oliveira — A prática médica oferece um potencial imenso de histórias, porque convivemos com a fragilidade do humano e suas emoções expostas, sem freios, com a naturalidade que ela exige e isso rende uma profunda compreensão do humano. De forma real e direta. Então isso tudo acaba ajudando a construir o modo de ver o mundo ao meu redor.

JGB — Quais são suas expectativas em relação ao lançamento do livro em Feira de Santana? Como você enxerga o impacto dessa obra em sua cidade natal?

César Oliveira — Eu estou bastante otimista e os amigos, como você, tem ajudado na divulgação do livro. Evidente que sabemos as dificuldades atuais de leitura impressa,  mas produzir um movimento que leve alguém a ler sempre é muito positivo. Espero que Feira abrace a história que também é dela.

JGB — A Editora InVerso tem uma proposta de estreitar laços entre autor, leitor e editora. Como tem sido sua experiência com a editora nesse processo de publicação e lançamento?

César Oliveira — A editora foi extremamente ágil, dinâmica, respondendo de forma muito correta ao que eu desejava. Fizemos o pré-lançamento na Bienal , em São Paulo, e agora estamos começando o trabalho em Feira

JGB — Em um mundo tão acelerado, qual a importância de resgatar e refletir sobre as memórias familiares?

César Oliveira — Nós somos coletivos, nós somos grupo, nós somos herdeiros do bando. A família tem um papel central no que nos tornamos, nas nossas referências. Ser família de alguém não é algo banal ou simples. Ao contrário, é um trabalho enorme com um profundo impacto no seu destino. O que fazemos ao valorizar a família é sinalizar que aquilo que ela é ecoa por muito tempo em nós.

JGB — Você mencionou que escreve para “lutar com os moinhos de vento”. Pode nos contar mais sobre o significado dessa expressão para você?

César Oliveira — Nós todos, cidadãos e homens, somos cercados permanentemente por “ moinhos de vento”. Os reais – a sociedade e seus costumes, a liberdade, as necessidades básicas de sobrevivência- e os imaginários- aquilo que nos consome. Nossos medos, paixões, pulsões, culpas, enfim aquilo que se não for enfrentado acaba por dobrar nossos joelhos. Escrever é minha forma de ficar centrado no que preciso ser.

JGB — Podemos esperar novas produções literárias no futuro? Há planos para continuar escrevendo ou até explorar outros gêneros?

Sim, já estou trabalhando em um livro de crônicas gerais, sem esse registro familiar de ponto de partida, e selecionado frases curtas das milhares que já fiz, para outro livro.

JGB — Feira de Santana tem um papel importante em sua vida e na sua obra. Como a cidade e suas memórias locais influenciaram sua escrita?

César Oliveira — Sou feirense da feira-livre antiga, dos currais de gado, do Café São Paulo, às segundas-feiras e tudo mais que se tornou uma Feira perdida na memória. Por outro lado, sou da Feira moderna, que serviu de lugar de criação aos meus filhos. Então a antiga e a nova estão sempre presentes comigo.

JGB — Em que medida você acredita que a cultura e os valores do interior baiano estão refletidos em sua obra?

César Oliveira — Quando escrevo a história que vivi, não deixo de fazer um retrato psicológico dos comportamentos que representavam meu tempo, de fazer um retrato social do modo de vida que tive em minha trajetória. Parto do chão, do chão mais batido da roça, até chegar à vida de hoje. E essa cultura e valores acaba sendo uma narrativa que fica nas entrelinhas do texto para ser olhado.

Perfil biográfico

Antônio César de Oliveira, conhecido como César Oliveira, é médico nefrologista e professor universitário com extensa carreira na área de Medicina e Educação Médica. Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública em 1985, possui Residência Médica em Nefrologia e é doutor em Medicina e Saúde Humana pela mesma instituição (2009). Atua como professor de Nefrologia no Curso de Medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e é nefrologista no Instituto de Urologia e Nefrologia (IUNE). Além disso, é Coordenador da Residência de Clínica Médica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, no Hospital Geral Clériston Andrade. Com experiência em hipertensão arterial, síndrome metabólica, risco cardiovascular e disfunção endotelial, Oliveira também se destaca em Educação Médica, especialmente no uso de Metodologias Ativas. Entre 2005 e 2010, coordenou o Curso de Medicina da UEFS. Diretor geral e articulista do jornal Tribuna Feirense, mantém uma presença ativa na área de comunicação e reflexão sobre temas médicos e sociais.

Fonte: Jornal Grande Bahia

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