O ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo de Carvalho (DEM) acredita que o mês de fevereiro será decisivo para as pretensões políticas dele em 2022. Com longa experiência na vida pública, acumulando ainda mandatos de vereador, deputado estadual e federal, o administrador de empresas de 70 anos trabalha para ter um espaço na chapa do pré-candidato do DEM ao governo da Bahia, ACM Neto. Como topa disputar o Senado ou a vice, Zé Ronaldo não enxerga no deputado federal Marcelo Nilo (PSB), que está de malas prontas para deixar a base do governador Rui Costa (PT) e virar oposicionista, um adversário, como diz nessa entrevista concedida à Rede Boa de Rádio e ao site Toda Bahia. No bate-papo, o ex-prefeito admite que ainda sonha em ver o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), voltando às origens e analisa o peso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições estaduais. Confira!
Toda Bahia – O senhor está em franca campanha, digamos assim, para ser indicado à chapa de ACM Neto. Tem alguma referência pelo Senado ou a vice?
José Ronaldo – Pretendo estar na chapa e estou trabalhando com esse objetivo. Há pouco mais de um ano estou viajando com ACM Neto pela Bahia, participando ativamente dessas agendas. Tenho comparecido no escritório do partido em Salvador toda segunda e terça, contribuindo também com esse projeto mudança para a Bahia. Pretendo participar como candidato a senador ou a vice. Pleiteio qualquer uma das duas funções, como é de conhecimento de todos.
TD – Quando o senhor acha que o martelo será batido?
JR – Esse mês de fevereiro é altamente rico para o aprofundamento dessas conversas, que precisam ser concluídas até o final de março. Temos o prazo das filiações partidárias, em 2 de abril, mas não podemos deixar essas coisas para a prorrogação do segundo tempo, caso seja necessária alguma alteração de partido. Espero que agora em fevereiro ou março possamos concluir essas conversas e assumir publicamente o objetivo. Neto está conduzindo esse processo com muita competência e coragem, trabalhando de domingo a domingo com o objetivo de multiplicar os apoios na chapa liderada por ele.
TD – O senhor falou aí em prazo para troca de partido. Está confirmada a sua saída do DEM, que é o mesmo partido de ACM Neto, para facilitar as negociações visando sua participação na chapa majoritária?
JR – É uma coisa que está se discutindo. Poderá ocorrer? Poderá. Mas não em cima de pau e pedra. Mas é uma possibilidade. Sobre partidos, essa questão prefiro não divulgar com quem estou conversando porque são conversas reservadas. Tenho que respeitar o meu próprio partido e os demais que fazem parte da base de ACM Neto, bem como seus dirigentes. Como nunca enganei ninguém na minha vida, e todos os compromissos que fiz eu cumpri, não quero alterar essa relação de respeito que tenho no meu partido e nos demais da aliança. Esse processo também tem a participação de Neto, que é de grande importância, e eu preciso respeitar isso para apoiar que possamos somar em busca da vitória.
“Para eu participar da chapa, tenho que trabalhar, buscar somar e conquistar apoios, a confiança dos partidos políticos aliados e isso eu estou fazendo de forma incansável.”
TD – Muita gente dá como certa a candidatura do deputado federal Marcelo Nilo, hoje no PSB, ao Senado na chapa de ACM Neto. O próprio Nilo, que historicamente sempre foi aliado do PT na Bahia e adversário do carlismo, admite a possibilidade. É mais um concorrente para o senhor?
JR – Tenho boa relação com Marcelo Nilo, e só Neto pode dizer se ele está vindo participar da política ao lado do nosso grupo. Se vier, será bem recebido, tratado com respeito, educação e com tudo que se espera do mundo da política. Conheço Marcelo Nilo desde criança. Nascemos na mesma região, ele em Antas e eu em Paripiranga. Nos conhecemos há mais de 50 anos. Então, ele será bem-vindo. Essa questão de ser candidato ao Senado ou não é, como eu disse antes, um processo liderado por ACM Neto. Ele está fazendo isso com muita competência, conversando e ouvindo os partidos da base. Ele que está liderando esse processo.
TD – Em 2018, quando todos esperavam que ACM Neto fosse candidato a governador, ele preferiu concluir o segundo mandato na prefeitura da capital. Coube ao senhor a tarefa de ser o candidato do DEM e enfrentar Rui Costa (PT). Neto tem uma dívida de gratidão com Zé Ronaldo, que pode ser paga agora, com um lugar na chapa?
JR – Por causa disso não. Nosso objetivo é fazer parte da chapa, mas não por causa disso. Tenho uma relação muito próxima com Neto. Somos hoje amigos com letras maiúsculas. A relação pessoal e política e muito boa. Há confiança mútua entre nós. Para eu participar da chapa, tenho que trabalhar, buscar somar e conquistar apoios, a confiança dos partidos políticos aliados e isso eu estou fazendo de forma incansável. Conversando de domingo a domingo, participando de reuniões, de viagens, buscando esses apoios.
“Evidentemente que se João não for candidato e retorne para sua casa de origem para ser candidato, ele ou a esposa, à Câmara Federal, com certeza ele será bem recebido.”
TD – O senhor acredita na possibilidade do ministro da Cidadania, João Roma, não ser candidato a governador, mesmo que fora do partido dele, o Republicanos, hoje aliado de ACM Neto? Acha que Roma e Neto podem fazer as pazes e, de repente, haver um lugar para o ministro na concorrida chapa do ex-prefeito?
JR – Olha, eu sempre tive uma boa relação com João. Ele ser candidato é um direito dele. Eu acho, porém, que uma candidatura de João, nesse momento, com todo respeito que tenho, merece uma reflexão melhor dele. Mas se ele deseja ser candidato e esse desejo dele é irreversível, ai só ele pode dizer. A gente às vezes vê palavras numa entrevista que deixa a gente até com esperança. Evidentemente que se João não for candidato e retorne para sua casa de origem para ser candidato, ele ou a esposa, à Câmara Federal, com certeza ele será bem recebido, e não tenho dúvidas disso. Quanto a ser candidato a governador, aí ele estará numa chapa de oposição a nós, lamentavelmente, e estaremos em lados opostos. Não é o que eu desejo, mas se for isso vamos levar adiante, mas sonhando ainda com a possibilidade de que ele possa retornar para a sua casa, ao convívio dos amigos tradicionais com quem ele militou e sempre esteve ao lado na Bahia.
TD – ACM Neto tem liderado as pesquisas e ponta a ponta. Mas o nome do senador Jaques Wagner (PT) cresce quando é associado ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em sua opinião, qual será o peso de Lula na eleição para governador?
JR – Acho que o povo não tem esse negócio não. O voto de governador é um e o de presidente é outro. A escolha é independente. Eles estão sonhando com a história que aconteceu em 2006 (primeira eleição de Wagner para governador, derrotando Paulo Souto, do DEM), mas o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Tenho certeza que o cidadão está colocando ACM Neto disparado na frente e vai escolher o seu candidato a presidente do coração. Uma coisa não está vinculada à outra. Como eleitor, quero votar num candidato que tenha projetos, ideias e propostas, que diga o que fez ao longo da vida. ACM Neto tem o discurso que transformou Salvador em oito anos numa das melhores capitais do Brasil. Foi oito anos o melhor prefeito do país. Para se eleger governador, tem que ter projeto, e não se atrelar a outra pessoa, com todo respeito. Isso é até triste.
Informações Toda Bahia