Ri Il Kyu, um diplomata norte-coreano de alto escalão, desertou com sua família para a Coreia do Sul em novembro do ano passado, informou a mídia sul-coreana, nesta terça-feira, 16. Esta é a deserção de mais alto nível desde 2016.
O próprio diplomata, que era conselheiro na Embaixada da Coreia do Norte em Cuba, confirmou a informação ao jornal sul-coreano Chosun Ilbo.
Na embaixada, Ri Il Kyu tinha a tarefa de evitar que a Coreia do Sul e Cuba estabelecessem relações diplomáticas. No entanto, em fevereiro, os dois países formalizaram laços, conforme noticiou o Chosun Ilbo.
“Comprei passagens aéreas e liguei para minha mulher e filho para contar sobre minha decisão, seis horas antes da deserção”, afirmou Ri Il Kyu. “Não disse Coreia do Sul, mas disse: vamos morar no exterior.”
Desertores norte-coreanos enfrentam punições severas. O regime chega a exterminar quem não cumpre ordens. Nos últimos anos, o número de norte-coreanos que fugiram do regime de Kim Jong-un diminuiu em virtude das restrições nas fronteiras com a China.
Em 2023, ao menos 196 norte-coreanos chegaram a Seul, capital sul-coreana. Na década passada, foram 2,7 mil, conforme dados do governo sul-coreano.
Os detalhes das deserções muitas vezes demoram meses para emergir. Os que escolhem o país vizinho para viver passam por um curso de educação sobre a sociedade sul-coreana.
Ri Il Kyu, que entrou no Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte em 1999, recebeu elogios do ditador Kim Jong-un por negociar a liberação de um navio norte-coreano apreendido no Panamá, em 2013.
Ele decidiu desertar depois de se desiludir com o regime e de ter seu pedido de tratamento médico no México negado no ano passado. Seus pais e sogros, que poderiam enfrentar represálias, já morreram.
A última deserção de alto nível foi a de Tae Yong-ho, ex-vice-embaixador no Reino Unido, em 2016.
“Espero que todos os ex-diplomatas norte-coreanos unam forças e trabalhem duro para que o movimento de unificação realize o sonho do povo norte-coreano de ter seus filhos vivendo livremente na Coreia do Sul”, disse Tae Yong-ho, no Facebook, nesta terça-feira. “Bem-vindo, Ccnselheiro Ri Il Kyu!”
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, prometeu, no último domingo, 14, mais apoio financeiro para desertores norte-coreanos. Além disso, disse que dará incentivos fiscais para empresas que os empregarem. Ele deu essa declaração durante a cerimônia inaugural do Dia dos Desertores Norte-Coreanos.
A Coreia do Norte fechou algumas embaixadas no ano passado para reorganizar sua capacidade diplomática. A Coreia do Sul acredita que isso é um sinal das dificuldades causadas pelas sanções.
Informações Revista Oeste