Órgão foi geneticamente modificado para ser melhor aceito por corpo do paciente. Na primeira tentativa, paciente morreu dois meses depois de receber coração suíno.
Pela segunda vez na história, cirurgiões transplantaram o coração de um porco para um homem, anunciaram os médicos da Universidade de Medicina de Maryland, nos Estados Unidos, na sexta-feira (22), dois dias após o procedimento.
O paciente, Lawrence Faucette, é um veterano da Marinha de 58 anos e tinha outros problemas além de insuficiência cardíaca. Por isso, ele era inelegível para um transplante de coração tradicional.
“Ninguém sabe deste ponto em diante. Pelo menos agora tenho esperança e uma chance”, disse Faucette, em um vídeo gravado pelo hospital antes da operação. “Vou lutar com unhas e dentes por cada respiração que puder respirar.”
Embora as próximas semanas sejam críticas, os médicos ficaram entusiasmados com a resposta inicial do paciente ao órgão do porco, que foi geneticamente modificado.
Lawrence Faucette sentado com sua esposa, Ann, no hospital da escola em Baltimore, Maryland, em setembro de 2023, antes de receber um transplante de coração de porco. — Foto: University of Maryland School of Medicine
“Temos esperança de que ele volte para casa em breve para aproveitar mais tempo com sua esposa e o resto de sua amorosa família”, afirmou Bartley Griffith, que realizou o transplante, em comunicado.
Em janeiro de 2022, a mesma equipe de médicos realizou o primeiro transplante do mundo de um coração de porco geneticamente modificado para um ser humano. O paciente, David Bennett, sobreviveu por dois meses.
Para fazer esta nova tentativa num paciente vivo, os pesquisadores de Maryland precisaram de uma permissão especial do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (FDA). A equipe alegou que, embora o primeiro paciente tenha morrido por razões que não são totalmente compreendidas, os médicos aprenderam o suficiente desde então para tentar novamente.
Faucette, que se aposentou como técnico de laboratório nos Institutos Nacionais de Saúde, teve que concordar que entendia os riscos do procedimento.
“Não temos outras expectativas além de esperar mais tempo juntos. Isso poderia ser tão simples quanto sentar na varanda e tomar café juntos”, disse Ann Faucette, esposa do paciente.
As tentativas de transplantes de órgãos de animais para humanos falharam durante décadas, pois o sistema imunológico das pessoas destrói imediatamente o tecido estranho. Para tornar os órgãos mais semelhantes aos humanos, os cientistas modificam os porcos geneticamente.
No total, 10 alterações foram feitas:
Além disso, depois do primeiro transplante, os médicos descobriram a existência de um vírus presente no coração do porco. Isso os permitiu aperfeiçoar os testes no órgão antes de transplantá-lo.
“É uma sensação incrível ver o coração deste porco funcionar em um ser humano”, disse o Dr. Muhammad Mohiuddin, especialista em xenotransplante da equipe de Maryland. Mas, advertiu ele, “não queremos prever nada. Tomaremos cada dia como uma vitória e seguiremos em frente.”
Informações G1