Um dos principais especialistas em relações de consumo das classes populares no país, Renato Meirelles afirma que restringir o parcelamento sem juros no cartão de crédito culpa o consumidor, que é a “vítima dos juros altos”, sem atacar a raiz do problema.
Presidente do Instituto Locomotiva, Meirelles ganhou notoriedade nos anos 2000, quando, à frente do Data Popular, ajudou a definir no debate público o que era e como se movia a classe C, à época fartamente descrita como a “nova classe média”.
Nas discussões em curso em Brasília sobre como baixar os juros rotativos do cartão (o cobrado de quem atrasa o pagamento), que chegam a 430% ao ano, grandes instituições bancárias têm pressionado pelo fim do parcelamento sem juro sob a alegação de que este tipo de transação alimenta a inadimplência, que seria a causa do juro alto. Trata-se de uma batalha em torno de R$ 1 trilhão, equivalente a metade das transações por cartão no país.
O pesquisador afirma que o argumento é falacioso e aponta que o fim da modalidade de crédito, ou restrições a ela, pode ter dois tipos de impacto negativo na economia real.
O primeiro, afirma, é a diminuição no consumo propriamente dito da classe C, onde 6 em cada 10 pessoas possuem cartão de crédito e ele é o seu principal meio de financiamento no cotidiano ou da atividade profissional.
O segundo será uma retração nas receitas de pequenos negócios e profissionais liberais. Consultórios de dentistas, por exemplo, só conseguem oferecer determinados tratamentos para pessoas com renda mais baixa graças ao parcelamentos sem juros no cartão.
A seguir os principais trechos da entrevista de Meirelles ao UOL.
UOL: Nas discussões de baixar os juros do rotativo do cartão de crédito, que hoje são uma prioridade do Ministério da Fazenda, os bancos propõem algum tipo de limitação do parcelamento sem juros no cartão. Qual a relação entre uma coisa e outra?Continua após a publicidade
RENATO MEIRELLES: Não há nenhuma relação entre as duas coisas. Os juros do rotativo só têm esse patamar absurdo por falta de concorrência. Essa história de acabar com o parcelado sem juros é uma maneira de culpar o consumidor pelos juros altos, quando na verdade ele é a vítima.
UOL: Por quê?
MEIRELLES: Quando alguém tem um contratempo e tem que atrasar o pagamento a fatura do cartão, começa uma bola de neve de juros infinitos. São esses juros infinitos do rotativo que provocam o superendividamento da população, não o parcelamento sem juros, que permite acesso a bens e serviços que as pessoas das classes C, D e E normalmente não conseguiriam acessar sem o parcelamento.
UOL: A quem o senhor se refere quando fala em classes C, D e E e qual a relação destas parcelas da população com o cartão de crédito no país.
MEIRELLES: As classes C, D e E representam 76% da população brasileira. Enquanto no segmento D 45% das pessoas têm acesso a cartão de crédito, na classe C este número sobe para 60%. O importante aqui é que a maneira como essas pessoas usam o cartão é muito diferente do uso que é feito pelas classes A e B.
UOL: Diferente como?
MEIRELLES: Para alguém da classe A ou B, a maioria dos bens parcelados, ela poderia adquirir à vista, tanto usando o cartão como por outros meios. Ela usa o cartão para capturar outros benefícios, como milhas, por exemplo, e ela não deixaria de consumir. Na casse C, o cartão virou o principal meio de crédito da maioria das pessoas. A pessoa sabe o melhor dia para comprar e se programa com muito cuidado para que o pagamento caia depois que cai o salário, por exemplo. Ou quando a pessoa tem um pequeno negócio é o cartão seu principal meio de obter capital de giro. Pegue o dono de uma mercearia, por exemplo, ele usa o seu cartão de crédito pessoal para comprar, parcelado no cartão, mercadoria para seu estoque. Então, discutir o fim do parcelado sem juros ou restringi-lo de alguma maneira é uma abordagem focada no uso do cartão pelas classes A e B, quando o impacto maior vai atingir muito negativamente os estratos que compõem a maioria da população.
UOL: Que impactos são esses?
MEIRELLES: O primeiro é a forte restrição do consumo das classes C e D e isso tem um desdobramento mais amplo, que é retardar o crescimento econômico do país. O segundo é criar um novo ambiente de dificuldades para empreendedores e profissionais liberais. Num pequeno salão de beleza, por exemplo, uma parte dos serviços são mais caros, como é o caso do lace de cabelo [um tipo de aplique de fios, que pode ultrapassar R$ 2.000], e que a clientela quase que só pode pagar por isso se parcelar sem juro no cartão. A mesma coisa num consultório de dentista num bairro popular. A maior parte dos tratamentos são oferecidos a clientes que pagam fazendo aquela despesa caber no orçamento, pelo parcelamento sem juro. A questão básica é para onde está indo a discussão de uma coisa importante, que é como reduzir o juro do rotativo do cartão, que é absurdo. Misturar com o parcelado sem juro é um crime, é tomar a direção errada.
UOL: Qual seria a direção certa então?
MEIRELLES: Em primeiro lugar, parar de culpar o consumidor por uma coisa da qual ele é vítima, que é o juro alto. O que defendemos nesta discussão é que o consumidor tenha portabilidade de sua dívida, isto é, que tenha o direito de negociar sua dívida não com um único, mas com vários players de mercado. Se estou com uma dívida muito cara e um outro banco ou fintech oferece um juro mais barato, eu deveria ter o direito de levar a dívida para quem oferece a melhor solução, de um jeito sem burocracia. É a competição entre quem vai oferecer o juro menor, não a restrição ao consumo de toda a população.
Informações UOL
O relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP- BA), afirmou que a expectativa é que a votação do projeto de lei complementar ocorra até esta quarta-feira na Câmara. Prioridade do governo Lula, o arcabouço está travado desde junho, depois que o texto foi alterado no Senado.
Debate ocorreu em reunião com Lira, deputados e governo. Cajado participou, na noite desta segunda, de um encontro para discutir a nova regra fiscal com os líderes de partidos e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O ministro da Fazenda adjunto, Dario Durigan, e o secretário especial da Casa Civil, Bruno Moretti, também estiveram na residência oficial de Lira.
Nesta terça haverá outra reunião para chegar a um acordo e definir a data da votação. Cajado disse que os técnicos da Câmara e do governo esclareceram as dúvidas sobre as mudanças feitas pelo Senado, sobretudo em relação à previsão de despesas condicionadas no Orçamento 2024, aprovada por uma emenda do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
A discussão foi feita de forma técnica, e eu acredito que amanhã [terça], com os líderes, a posição possa ser política, se mantém ou não mantém [a despesa continuada]. ”
Amanhã [terça] nós devemos exaurir todos os pontos, com os líderes e o presidente Arthur Lira, e definir a votação amanhã mesmo ou na quarta-feira. Acordado o texto, não terá dificuldade para que eu possa apresentar o parecer, até porque ele já está pronto, apenas faltando esses ajustes.
Cláudio Cajado, relator do arcabouço na Câmara
Pressão por reforma ministerial nos bastidores da Câmara. As discussões para votação do arcabouço acontecem enquanto o governo Lula tenta acomodar o PP e Republicanos na Esplanada. Oficialmente, os parlamentares e o próprio Lira negam que a demora seja uma forma de pressionar o presidente para oficializar a reforma ministerial. Nos bastidores, no entanto, deputados admitem que há uma ligação.
Votação do arcabouço está travada na Câmara desde junho. Foi quando o Senado aprovou, com modificações, a proposta que limita os gastos do governo federal e inclui regras para o crescimento dos gastos públicos para os próximos anos. E a pauta retornou para os deputados.Continua após a publicidade
O novo texto excluiu das novas regras fiscais o Fundeb (fundo para educação) e o FCDF (de repasse de recursos federais ao Distrito Federal). Além disso, ampliou a retirada do limite de despesas com ciência, tecnologia e inovação.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) acatou uma emenda apresentada pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, que permite que o Orçamento de 2024 seja enviado com a previsão de despesas condicionadas. Ou seja, que só seriam executadas após aprovação de crédito extraordinário pelo Congresso.
Informações UOL
Ainda em agosto Lula deve receber, para avaliação, o projeto para a retomada da obrigatoriedade da contribuição, que passou a ser opcional em 2017
A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja realizar alterações em um dos elementos centrais da reforma trabalhista de 2017, buscando reintroduzir a contribuição sindical obrigatória para os trabalhadores. Conforme delineado na proposta do Ministério do Trabalho, essa contribuição estaria ligada a acordos de aumento salarial intermediados por sindicatos, firmados entre empregadores e empregados.
O documento encontra-se em uma fase avançada de deliberação dentro do governo e tem a possibilidade de ser apresentado ao Congresso Nacional no mês de setembro.
Um esboço da proposta, modificado pelas entidades sindicais, estabelece um limite para a nova taxa, estipulando que ela não ultrapasse 1% da renda anual do trabalhador, a ser deduzida diretamente do salário.
De acordo com especialistas, essa quantia poderia representar até três dias e meio de trabalho. Antes das alterações trazidas pela reforma trabalhista, que transformou a contribuição em uma escolha, estava em vigor o imposto sindical, equivalente a um dia de trabalho, retirado anualmente.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, sustenta que o novo formato difere do antigo imposto sindical. No entanto, ele argumenta que, sem fontes de receita, os sindicatos se tornam menos robustos devido à falta de recursos.
“Não existe mais imposto sindical obrigatório. Mas uma democracia precisa ter um sindicato forte. O que está em debate é criar uma contribuição negociável. Se o sindicato está prestando um serviço, possibilitando um aumento salarial, é justo que o trabalhador não sindicalizado pague a contribuição. Se ele não aceitar pagar a taxa, é só ir à assembleia e votar contra”, declarou o ministro ao O GLOBO.
Marinho afirma que a proposta ainda não foi encaminhada para a Casa Civil, mas conta com o respaldo de Lula. A intenção é submeter o projeto à apreciação do presidente até o final de agosto. O presidente já expressou de maneira pública seu respaldo a um novo formato de contribuição sindical.
Informações Bahia.ba
Dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgados nesta sexta-feira (18)
O preço médio da gasolina subiu nos postos do país nesta semana, em meio a ajustes anunciados pela Petrobras. É o que mostram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgados nesta sexta-feira (18). A pesquisa é referente à semana de 13 a 19 de agosto. Confira:
Gasolina: combustível foi comercializado, em média, a R$ 5,65. O aumento foi de 2,17% frente aos R$ 5,53 da semana anterior, segundo os dados da ANP. O preço máximo do combustível encontrado nos postos foi de R$ 7,62.
Etanol: O preço médio do etanol, por sua vez, rompeu uma sequência de quedas e subiu para R$ 3,61 na última semana. A alta foi de 0,56% em relação aos R$ 3,59 da semana anterior. O preço mais alto identificado pela ANP foi de R$ 6,39.
Diesel: Já o litro do diesel engatou sua terceira alta consecutiva e foi encontrado nos postos, em média, a R$ 5,38. O salto foi de 7,6% frente aos R$ 5 da semana anterior. O valor mais caro encontrado pela agência na semana foi de R$ 7,75.
Informações Bahia.ba
O fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito teria impacto direto no poder de compra das famílias e no comércio, segundo analistas ouvidos pelo UOL.
Presidente do BC falou em “disciplinar” parcelamento. Em sessão no Senado na semana passada, Roberto Campos Neto levantou a possiblidade de se criar uma tarifa para desincentivar o parcelamento sem juros no cartão. Outra possibilidade em discussão condicionaria o prazo da operação ao tipo de produto. Assim, um eletrodoméstico poderia ser vendido em um maior número de parcelas sem juros do que uma roupa, por exemplo.
A hipótese de fim do parcelado entrou em pauta em meio ao debate sobre os juros do rotativo do cartão. O governo busca reduzir os juros da modalidade, que hoje estão em cerca de 440% ao ano. No mês passado, a inadimplência no rotativo ficou em 49,1%.
O fim do parcelamento sem juros afetaria o consumo e a atividade econômica. Segundo dados do Datafolha, 75% da população fez uso do crédito parcelado sem juros em 2022. “A cultura do parcelamento está muito arraigada. Quando eu interfiro no parcelamento, eu tiro a possibilidade de consumo de diversas famílias”, diz Izis Ferreira, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
População de baixa renda seria a mais afetada. A medida seria prejudicial para o consumidor e para o varejo, diz Mariana Rinaldi, especialista da Fundação Proteste. A população das classes C, D e E seria a mais afetada. “Os mais afetados são os que recebem até dois salários-mínimos, justamente pela perda do poder de compra, não que os demais também não sejam”, diz.
Medida pode gerar revolta na população. O parcelamento contribui para o endividamento da população, que atingiu neste ano níveis recordes, diz a planejadora financeira Myrian Lund. Porém, segundo ela, esse é um tema que deve ser pensado com cautela. “É uma medida que precisa ser muito pensada, porque a revolta vai ser muito grande na população”, diz.
80% das compras parceladas são feitas em até 6 meses, em média, segundo o IDV. O cartão é forma de varejo se aproximar do consumidor. A oferta do parcelamento é hoje um meio de aproximação do varejo com o consumidor, diz Izis Ferreira, da CNC. Com o parcelamento, o cliente faz compras com mais frequência, e o lojista consegue entender melhor as suas necessidades de consumo, adaptando as ofertas.Continua após a publicidade
Custo de crédito aumentaria e varejo perderia bilhões em vendas. Restringir o parcelamento sem juros geraria um aumento no custo de crédito de 35% e uma retração de até 27% no volume de crédito, diz a ABLOS (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shopping), em nota. “O varejo perderia R$ 190 bilhões em vendas, gerando um efeito dominó sobre os outros setores da economia”, afirma.
Custo do parcelamento sem juros está embutido nos produtos. A facilidade oferecida aos consumidores tem um custo e ele já está embutido nos preços, dizem as analistas. Os lojistas fazem um contrato com os bancos para antecipar o valor a receber, e pagam uma porcentagem por isso. Esse custo do adiantamento vai para os preços dos produtos, diz Carla Beni, professora da FGV.
Fim do parcelamento pode impactar preço à vista, mas também volume de vendas. Como a antecipação dos valores a receber já está embutida nos preços, o fim do parcelamento pode em tese deixar os produtos mais baratos. “Já imaginou qual seria o impacto para a economia se os produtos pudessem ser desinchados desse adicional que todo mundo paga?”, questiona Beni. Porém, parte da população não conseguiria pagar à vista, o que impactaria o volume de vendas, diz Ferreira, da CNC. “Por mais que o preço seja mais baixo, não consigo chegar no valor que a pessoa precisa”, diz.
Cartão de crédito não está funcionando bem. Ainda que o fim do parcelamento não seja viável, Rinaldi, da Proteste, diz que o produto cartão de crédito não está funcionando bem, por conta da inadimplência e do endividamento. Para ela, medidas que ajudem a combater o problema são bem-vindas. Segundo dados da Serasa, cerca de 30% dos inadimplentes no país têm dívidas com bancos e cartão de crédito.Continua após a publicidade
Consumidor deve estar no centro do debate.As necessidades do consumidor devem ser o foco da discussão, diz Rinaldi. Ela defende também que, qualquer medida a ser tomada, venha com um prazo adequado para adequação da população e do mercado. “A solução é colocar o consumidor no centro desse debate”, diz.
Fim do parcelamento não é solução para os juros altos do rotativo, diz Haddad. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista ao podcast Reconversa que “não pode mexer” no parcelamento, porque “as compras são feitas assim no Brasil”. Segundo ministro, é preciso garantir proteção a quem está no crédito rotativo sem comprometer o varejo.
Febraban diz que parcelamento não vai acabar. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) disse em nota que “não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito”. A entidade disse que analisa as causas dos juros praticados no país e estuda o “aprimoramento” do parcelamento. Afirma, no entanto, que é necessário debater “a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros”.
Informações UOL
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valoresbrasileira (B3), encerrou a sessão desta quinta-feira (17) em queda de 0,53%, aos 114.982,30 pontos. É a 13ª queda consecutiva. No mês, a queda é de 5,71%. No ano, porém, a Bolsa continua em alta, de 4,78%.
O dólar comercial encerrou ficou estável e caiu 0,1%, encerrando o dia cotado a R$ 4,981.
A B3 confirmou oficialmente o recorde, dizendo que esta foi “a primeira vez que atingimos 13 quedas consecutivas”. Segundo a base de dados da própria instituição, a maior marca histórica recente se igualou ontem ao registro de 12 desvalorizações seguidas em 1970. Os dados mantidos por consultorias apontaram ainda a pior sequência seguinte, de fevereiro de 1984, quando a Bolsa caiu por 11 pregões.
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A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou mais cedo que o IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) registrou queda de 0,13% em agosto, após recuar 1,10% no mês anterior, com a deflação perdendo força diante da retomada da pressão dos preços de algumas commodities.
Sobre o fim do parcelamento sem juros do cartão de crédito, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que não propôs acabar com o programa, mas criar “desincentivos” para o crescimento da modalidade mais longa. Ele afirmou não ter visto o projeto final do Congresso sobre o tema.
Não tem solução tomada sobre parcelado sem juros. A solução sobre rotativo e parcelado sem juros provavelmente será tomada pelo CMN [Conselho Monetário Nacional], e o Banco Central é apenas um voto. Precisamos ter uma solução que equilibre, porque não pode ter inadimplência tão grande em cartões que leve à reversão do produto
Roberto Campos Neto, em entrevista ao Poder360
As ações da Nubank caíram em 6,28% na bolsa de valores estadunidense depois que o fundador da empresa, David Vélez, vendeu 3% de suas ações por US$191 milhões. O resultado surpreendeu o mercado, que esperava um lucro em torno de US$ 159 milhões. “O Nubank adicionou mais 4,6 milhões de clientes no trimestre, atingindo uma base de 83,7 milhões”, ressaltou Bank Of America, numa análise sobre o balanço trimestral.Continua após a publicidade
O Banco do Povo da China afirmou que “alavancará melhor as funções duplas das ferramentas agregadas e estruturais de política monetária e apoiará firmemente a recuperação e o desenvolvimento da economia real”. A indicação do banco central chinês surge após o país apresentar, nos últimos dias, uma série de dados econômicos considerados fracos, pressionando as moedas de países exportadores de commodities, como o real.
Nos Estados Unidos, dados mostraram que os pedidos de auxílio-desemprego na última semana atingiram 239 mil, quase em linha com os 240 mil projetados por economistas.O resultado não alterou em um primeiro momento o rumo dos ativos, embora os investidores sigam atentos a todos os indicadores norte-americanos, em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária do Federal Reserve.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Informações UOL
O principal índice da bolsa de valores caiu 0,50%, aos 115.592 pontos, no menor patamar desde junho.
Ibovespa — Foto: Pexels
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, inverteu o sinal positivo que apresentava na primeira metade do pregão e fechou em queda nesta quarta-feira (16).
O destaque ficou com a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), conforme investidores seguem atentos a eventuais sinais sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos.
Ao final do pregão, o índice recuou 0,50%, os 115.592 pontos. Veja mais cotações.
No dia anterior, o Ibovespa fechou em queda de 0,55%, aos 116.171 pontos, na 11ª queda consecutiva. Com o resultado, passou a acumular:
O dia foi de agenda mais vazia no Brasil, sem indicadores econômicos importantes e com investidores monitorando mais o cenário político, após uma tensão entre o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira.
Em entrevista, Haddad disse que a Câmara dos Deputados “está com poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo”. O ministro, no entanto, afirmou que essa não foi uma crítica à atuação da Câmara.
Mesmo com o esclarecimento público de Haddad, a fala tumultuou o clima entre os parlamentares e Lira adiou conversas sobre o arcabouço fiscal para a próxima semana.
Já no exterior, o destaque ficou com a divulgação da ata do Fed. Em sua última reunião, a instituição elevou mais uma vez as taxas de juros dos Estados Unidos, a um patamar entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Juros mais altos por lá aumentam a rentabilidade dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso atrai investidores e leva a uma migração de dólares para a maior economia do mundo, principalmente em um momento de diversas incertezas econômicas em todo o mundo.
Segundo a ata, as autoridades do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ficaram divididas sobre a necessidade de mais altas de juros na reunião de julho. A maioria dos dirigentes, no entanto, continuou a priorizar a luta contra a inflação, alertando que os riscos de alta nos preços podem exigir novos aumentos de taxas à frente.
Ainda no exterior, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro subiu 0,3% no segundo trimestre ante o primeiro e 0,6% na comparação anual, em linha com as projeções. Já a produção industrial teve alta de 0,5% em junho, enquanto o mercado esperava uma queda de 0,6%.
Em contrapartida, a situação na China continuou trazendo cautela aos investidores. O mercado segue receoso diante de uma possível desaceleração econômica do país, que é um dos maiores demandantes mundiais por diversos tipos de produtos.
Empresas do setor imobiliário chinês enfrentam dificuldades para conseguir pagar suas dívidas e uma delas, a Country Garden, tem tentado estender prazos de pagamento.
Analistas da S&P Global Ratings afirmam que há riscos de que a companhia não cumpra com suas obrigações financeiras e de que haja insolvência. Também destacam que isso pode gerar uma reação em cadeia no restante da economia chinesa, atingindo fornecedores e outras construtoras menores.
Informações G1
Começa a valer nesta quarta-feira (16) para as distribuidoras o reajuste nos preços da gasolina e do diesel, anunciado pela Petrobras. Postos têm autonomia para repassar os valores para clientes.
Petrobras anunciou reajuste de 16,3% na gasolina e de 25,8% no diesel. O aumento vem na esteira da alta da cotação internacional do petróleo e reduz a defasagem que a empresa tinha em relação ao preço internacional, depois de a estatal ter chegado ao “limite da sua otimização operacional”, segundo comunicado da companhia.
Litro da gasolina fica R$ 0,41 mais caro nas refinarias. O preço subirá para R$ 2,93, no valor médio. Segundo a Petrobras, a parcela da estatal no preço ao consumidor é de R$ 2,14 a cada litro vendido na bomba, em média. Os preços da gasolina não eram reajustados desde 1º de julho.
Litro do diesel sobe R$ 0,78. O valor médio nas refinarias passará para a R$ 3,80. A petroleira informou que sua parcela é de R$ 3,34 a cada litro vendido na bomba. Os preços do diesel não eram reajustados desde 17 de maio.
Postos têm autonomia para definir valores nas bombas. A Petrobras destaca que o custo para o consumidor final também inclui impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro das empresas na cadeia produtiva. Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro na composição comercializada nos postos, a parcela da estatal no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,14 a cada litro de gasolina vendido na bomba, estimou a estatal.
Nos postos, litro da gasolina estava R$ 5,53 em média. A pesquisa é da ANP e considera os valores praticados na semana passada. Já o litro do diesel nas bombas estava R$ 5,08, em média.
Petrobras está no “limite de otimização operacional”. Em comunicado, estatal afirma que o reajuste considera o preço do petróleo e as importações complementares dos dois combustíveis.Continua após a publicidade
Petrobras operava com valor mais baixo que do mercado internacional. Com a alta da cotação do petróleo, as refinarias da petroleira passaram a comercializar combustíveis por custos menores no mercado interno, o que afeta importadores e refinarias privadas. Uma vez que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, os preços precisam de estar em patamares que não inviabilizem importações de terceiros.
Defasagem da gasolina era de 24% e do diesel, de 27%. Com reajuste, a defasagem passa a ser de 11% e 7%, respectivamente, avalia Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus.
Desde maio, a estatal abandonou a paridade de importação, cumprindo a promessa de campanha do presidente Lula de abrasileirar os preços dos combustíveis. Segundo a Petrobras, a implementação da estratégia comercial, em substituição à política de preços anterior, incorporou parâmetros que refletem as melhores condições de refino e logística na sua precificação. Mesmo após reajuste, preços praticados pela Petrobras seguem abaixo do preço internacional.
A consolidação dos preços de petróleo em outro patamar, e estando a Petrobras no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares, torna necessário realizar ajustes de preços para ambos os combustíveis, dentro dos parâmetros da estratégia comercial, visando reequilíbrio com o mercado e com os valores marginais para a Petrobras.
Petrobras, em nota
Gasolina puxou a inflação em julho e deve impactar dados de agosto. Segundo a corretora Ativa, o impacto será de 0,29 ponto percentual, que somado ao avanço do diesel, chegará a 0,31 ponto percentual. Até então, mercado projetava uma inflação de 4,84% para 2023, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.Continua após a publicidade
Projeções para inflação devem ser revisadas para cima. A Ativa elevou sua projeção para o IPCA do ano de 4,8% para 5,1%, ao passo que o IPCA de agosto saltou de 0,08% para 0,23%, e o de setembro de 0,26% para +0,41%. Itaú também elevou sua expectativa para o IPCA de 2023 para 5,1%.
O silêncio da estatal sobre esta discrepância [entre os preços domésticos e externos] criava ruídos desnecessários nas perspectivas de médio e longo prazo para a a inflação e impedia uma melhor ancoragem das projeções dos economistas. Contudo, o comunicado não deixa claro os parâmetros utilizados pela estatal para recalibrar os preços, logo toda vez que a paridade for violada de maneira significativa o mercado irá esperar alguma elevação de preços. Aparentemente a linha vermelha é 25% de diferença entre os preços domésticos e externos.
André Perfeito, economista
Informações UOL
Dona de marcas como Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep, a Stellantis é alvo de concorrentes por ter isenção de impostos num total de R$ 5 bilhões por ano. O benefício vai até 2025, mas houve uma tentativa de prorrogar o subsídio na tramitação da reforma tributária na Câmara, ainda em discussão.
Perto de votações, lobistas das montadoras visitaram a Câmara. Um panfleto apócrifo começou a circular elencando argumentos contra a prorrogação da isenção.
O Regime Automotivo do Nordeste livra a Stellantis de pagar os 11,6% referentes ao IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e permite que contribua com 2% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) —a alíquota normal é de 12%. A empresa tem uma fábrica na cidade de Goiana (PE).
Foi apresentada uma emenda à reforma tributária para a vigência do subsídio ir até 2032. A prorrogação não foi aprovada na Câmara porque faltou um voto. O fato teve implicação política, pois o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, foi um dos que votaram contra.
Ele é deputado pelo Paraná e as regiões Sul e Sudeste são contra a prorrogação da isenção.Ambas sediam a maioria das montadoras que têm fábricas no Brasil.
O grupo contrário à extensão do subsídio reúne 26 marcas, mas as mais atuantes são Toyota, GM e Volkswagen. A Stellantis está sozinha porque é a única a ter uma planta na região Nordeste.
O resultado na Câmara não significou o fim da disputa. Lula é favorável à isenção e existe possibilidade de que o benefício seja retomado no Senado, onde a reforma tramita no momento. Portanto, os lobistas continuam na ativa.
Existe ainda um novo componente na discussão. A BYD tem acordo para comprar a fábrica da Ford na Bahia e produzir carros eletrificados. Deputados que articularam a reforma tributária sugeriram que a empresa conte com o subsídio por estar se instalando no país e por ter tecnologia nova.
As negociações neste sentido não avançaram na Câmara e agora a questão está com o Senado. A possibilidade de a prorrogação ser aprovada é considerada maior porque cada estado contra com três senadores. Na Câmara, o número de deputados é proporcional à população, o que favorece os estados do Sudeste.
Mas o relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), disse em entrevista que deve seguir o caminho de contemplar somente a BYD. Nos bastidores, fala-se que o benefício usufruído pela Stellantis já compensou o investimento na planta de Pernambuco.
Depois de passar pelo Senado, o texto deve voltar à apreciação dos deputados e existe a possibilidade de que um terceiro round seja travado.
As montadoras reclamam ainda que a Stellantis transferiu para Pernambuco a produção da linha Jeep, veículos mais caros e mais lucrativos. O primeiro modelo a ser fabricado no local foi o Renegade, depois o Compass e agora a Commander —que seria R$ 60 mil mais barata por causa do subsídio.
As multinacionais que se opõem à Stellantis dizem que a empresa tem 31% do mercado nacional e abocanha as licitações e compras de locadoras porque tem maior margem para fornecer descontos.
Acrescentam que o subsídio bilionário não se reverte em benefícios para a população. Para isso, usam uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União).
Desde 2010, foram consumidos cerca de R$ 50 bilhões de recursos públicos com essas políticas, mas não houve alteração significativa na realidade socioeconômica da região.
Trecho do acórdão do TCU
A Stellantis responde com um estudo da Consultoria Ceplan que mostraria o sucesso do programa de incentivos.
Nossos estudos mostram que, para cada real de incentivo, retornam outros 5 reais de arrecadação para o estado e o governo federal – com impacto social notável.
Trecho da nota da Stellantis que cita o levantamento conduzido pela consultoria Ceplan
A empresa ainda ressalta que tem cumprido todas as condicionantes para a concessão do benefício.
A disputa entre montadoras ainda respingou na poderosa associação que reúne as montadoras, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O presidente da entidade é ligado à Stellantis e havia promessa de ele não se envolver na disputa. Mas as demais montadoras o acusam de não cumprir o compromisso.
De acordo com elas, ele ligou para parlamentares e tratou da questão. A suposta atitude fez que muitas defendam que o cargo passe a ser exercido por um profissional de fora do setor.
A Anfavea negou intervenção em nota encaminhada ao UOL e alegou que não se envolve em questões desta natureza.
Nossa associação só trata de temas transversais, como políticas industriais. Temas regionais são tratados diretamente entre o poder público e as empresas interessadas.
Anfavea em nota
Informações UOL
O preço médio passará a ser de R$ 2,93 por litro para a gasolina e de R$ 3,80 para o diesel nas distribuidoras a partir desta quarta-feira (15).
Preço da gasolina e do diesel vai subir a partir desta quarta-feira (16) — Foto: Reuters
A Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,41por litro no preço médio da gasolina tipo A para as distribuidoras a partir desta quarta-feira (16). Com a alta, o preço médio passará a ser de R$ 2,93 por litro.
A empresa também afirmou que vai aumentar o preço médio do diesel tipo A em R$ 0,78, chegando a R$ 3,80 por litro para as distribuidoras.
Em nota, a Petrobras destaca que o “o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda”.
Apesar das altas, a companhia diz que até aqui, em 2023, a variação acumulada nos preços dos combustíveis apresenta uma redução de R$ 0,15 por litro para a gasolina e de R$ 0,69 por litro para o diesel.
Em maio deste ano, a Petrobras anunciou uma nova política de preços que determinava o fim da política de paridade de importação (PPI) – prática que ajustava o preço dos combustíveis com base na cotação do dólar e do petróleo no exterior.
A nova estratégia comercial, que foi vista por muitos especialistas como pouco transparente, busca incorporar “parâmetros que refletem as melhores condições de refino e logística da Petrobras na sua precificação”, segundo a companhia.
“Em um primeiro momento, isso permitiu que a empresa reduzisse seus preços de gasolina e diesel e, nas últimas semanas, mitigasse os efeitos da volatilidade e da alta abrupta dos preços externos, propiciando período de estabilidade de preços aos seus clientes”, diz a Petrobras.
No entanto, o forte avanço dos preços do petróleo no exterior, além de uma disparada do dólar nas última semanas, levaram a empresa a atingir o “limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares”.
Esses fatores, de acordo com a companhia, tornaram necessários os reajustes tanto na gasolina quanto no diesel, mirando no reequilíbrio dos preços da Petrobras em relação aos praticados pelo mercado e na melhora dos valores de margens da empresa.
Informações G1