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Dormir 8 horas é o ideal para ter um sono reparador? — Foto: Imagem de stefamerpik no Freepik

Dormir 8 horas é o ideal para ter um sono reparador? — Foto: Imagem de stefamerpik no Freepik 

Quando passamos o dia com sono, só pensando no cochilo pós-almoço ou na nossa cama a nos esperar, sempre surge a dúvida: será que eu dormi o suficiente esta noite? Quantas horas eu preciso dormir? 

Ouvimos que o ideal é dormir 8 horas, mas não é bem assim. Para começar, cada indivíduo é único. Por isso, não há um número mágico de horas recomendadas. Além disso, a necessidade muda com a idade

(Esta reportagem é parte de uma série que o g1publica ao longo desta semana sobre o tema, que ainda vai explicar o que é a higiene do sono, os prejuízos da privação, como medir seu tempo de sono ideal e por que cientistas defendem que as aulas nas escolas comecem mais tarde.)

“O adulto dorme entre 7 e 9 horas. Ainda é normal que durma ou 6 ou 10 horas. Não existe um número chave, mas existe uma média para cada faixa etária para recuperar energia, capacidade de resolução de problemas, de viver um dia disposto”, explica Sandra Doria, otorrinolaringologista com especialização em Medicina do Sono e pesquisadora do Instituto do Sono. 

🕖🕗🕘 RECOMENDAÇÃO: segundo a National Sleep Foundation, os tempos de sono são divididos em nove faixas etárias – dos recém-nascidos ao idosos. Veja abaixo: 

Quantas horas devemos dormir ao longo da vida? — Foto: Arte/g1 

Em alguns casos, está tudo bem dormir uma hora a mais ou a menos do que a média. Agora, se você conhece alguém que dorme muito ou pouco, essa pessoa pode estar em um outro grupo: dos grandes ou pequenos dormidores. Mas esse público é muito pequeno: cerca de 2% da população

😴GRANDES E PEQUENOS DORMIDORES: adultos que precisam de mais de 9 horas de sono por noite são chamados de grandes dormidores; já os que necessitam de menos de 6 horas de sono por noite para se sentirem renovados são chamados de pequenos dormidores

“O grande dormidor precisa de uma quantidade maior de horas de sono. Não é o preguiçoso, o desocupado. É uma característica individual. Já o pequeno dormidor pode até se sentir culpado por dormir ‘pouco’ e acha que deve horas de sono” 

— Monica Andersen, diretora do Instituto do Sono 

Não adianta dormir 9 horas se você acorda e não sente que seu sono foi restaurador. Segundo um estudo publicado na revista Sleep Epidemiology65,5% dos brasileiros têm sono de má qualidade. 

Na amostra, os pesquisadores descobriram que ser mais jovem, do sexo feminino, ter um parceiro dormindo em outra cama ou outro quarto e o uso de smartphone foram associados às noites mal dormidas. 

🛌 HIGIENE DO SONO: Algumas medidas simples podem ajudar a melhorar o seu sono, como ter regularidade, evitar as telas e criar um ambiente adequado para dormir. 

Uma pessoa saudável demora entre 10 e 20 minutos para adormecer depois que se deita na cama e apaga as luzes – é a latência do sono. Algumas situações podem atrapalhar essa latência, como o álcool, dor crônica ou medicamentos. 

Depois de adormecer, entramos então nas fases do sono: o REM e o NÃO-REM (NREM). Nós temos cerca de 4 a 6 ciclos de sono por noite (que juntam as duas fases). 

Quando bebês, precisamos de mais sono REM, já que o cérebro está se desenvolvendo. Na fase adulta, precisamos de uma média de duas horas de sono REM por noite, segundo a National Sleep Foundation.

Trabalhe enquanto eles dormem?

Você já deve ter lido (ou ouvido) a famosa frase “trabalhe enquanto eles dormem“. Ela pode até parecer “motivacional”, mas é perigosa. O sono é primordial para a saúde cardiovascular, o equilíbrio emocional e para o nosso sistema imunológico

“Temos que valorizar o sono. Ele é muito esquecido. Tem gente que fala: como faço para dormir menos e produzir mais? Isso é um absurdo! Produzimos mais quando dormimos melhor. Seu corpo estará em sintonia e você não vai ter aumento do hormônio do estresse. Além disso, quando não dormimos bem, as defesas do corpo ficam prejudicadas, seu corpo fica mais suscetível a ficar doente”, adverte Andersen.

Informações G1


Reprodução de propaganda antiga da Varig: Companhia aérea possuía excelência no serviço de bordo - Reprodução
Reprodução de propaganda antiga da Varig: Companhia aérea possuía excelência no serviço de bordo Imagem: Reprodução

Por corte de custos e medidas de segurança, muita coisa mudou na aviação. Uma delas é a alimentação, que teve uma transformação radical desde a década de 1950 até os dias atuais. Era muito mais sofisticada, e agora fica cada vez mais simples.

No Brasil, uma empresa se destacava pelo serviço de bordo, reconhecido internacionalmente: a Varig. Veja mais abaixo o que seu menu de luxo oferecia.

Entre as bebidas, eram servidas:

Mesmo na classe econômica, era servido filé mignon. Na década de 1990, a empresa chegou a oferecer 25 mil refeições diariamente aos passageiros.

Entre os pratos, se destacavam:

As refeições tinham entrada, prato principal, salada, sobremesa, queijos e café. Eram servidos almoço, jantar e café da manhã nos voos. Todas elas eram preparadas antes de embarcar para facilitar o serviço a bordo.

A maior parte dos pratos era servida em porcelana japonesa Noritake. Os copos eram de cristal ou vidro e os talheres de aço inox.

A cozinha no RJ

No começo da década de 1990, a cozinha da Varig no aeroporto do Galeão era a maior da empresa e tinha números surpreendentes:

Qual a história desse requinte?

O presidente da Varig na década de 1950, Ruben Berta, queria melhorar o serviço de bordo. Nessa época, começaram os voos da companhia para Nova York (EUA) com o avião Constellation.

Berta convidou o chef austríaco Max von Stuckart, que havia fugido da Segunda Guerra Mundial e vindo ao Brasil. Desde então, os pratos alcançaram outro patamar, concorrendo com aqueles servidos em restaurantes e outras empresas aéreas.

Os menus eram dos mais variados, e continham diversas opções, não apenas o “carne ou massa” de hoje em dia. Veja imagens de alguns pratos do serviço de bordo da Varig de antigamente:

Informações UOL


Rosy e Lincoln se conheceram quando ele ainda era um adolescente; hoje estão juntos - Arquivo pessoal
Rosy e Lincoln se conheceram quando ele ainda era um adolescente; hoje estão juntos Imagem: Arquivo pessoal

A professora de São Paulo Rosy Roncon, de 64 anos, relutou antes de aceitar se relacionar com o seu ex-aluno Lincoln Martins, de 28, atendente de farmácia e estudante de psicologia. Eles já se conheciam havia 15 anos, mas o namoro começou só em agosto de 2022.

A diferença de idade chama a atenção e motiva comentários preconceituosos. A Universa, Rosy conta sua história.

“Há 15 anos, dei aula [de língua portuguesa] para o Lincoln [na rede estadual], quando ele ainda era uma criança. Depois que deixei de ser professora dele, o Lincoln sempre arrumava um motivo para entrar em contato. Mandava mensagem perguntando se eu tinha lido algum livro, me pedindo sugestões de leitura, opiniões sobre textos que havia escrito.

Era normal estar em contato com meus ex-alunos, mas, depois de 15 anos [das aulas], ele começou a mandar mensagens diariamente, falando coisas cotidianas. Um belo dia, confessou que era apaixonado por mim, que nunca me esqueceu, sonhava e pensava em mim com freqüência. Foi uma surpresa e achei até engraçado.

Procurei respeitar o que ele estava me falando. Tentei convencê-lo de que era uma ilusão, de que gostava de mim como professora. Falei que já era uma senhora e para ele olhar para os lados porque deveria ter muita menina querendo ficar com ele.

Só que o Lincoln disse que não, que me acompanhava pelas redes sociais e só não falou antes [que era apaixonado] porque ainda era moleque e estava esperando se transformar em um homem para tomar alguma atitude.

Isso durou uns três meses até que resolvi colocar um ponto final porque a coisa estava crescendo muito. Então falei: ‘vem para a minha casa e vamos conversar’.

Estava tão desinteressada [no dia do encontro] que nem tomei banho. Para minha surpresa, na hora em que fomos nos cumprimentar, saiu um beijo e foi bom. Não só foi bom: vi que aquilo era tão normal e parecia que aquele beijo acontecia toda hora.

Ela - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ela teve de lidar com os próprios preconceitos em relação à diferença de idadeImagem: Arquivo pessoal

Mexeu comigo e pensei: ‘ferrou tudo’. Minha intenção era de que ele chegasse [em minha casa] e visse as minhas marcas da idade, gordurinhas a mais, o cabelo branco.

Achei que ele teria um choque de realidade. Pensava que iríamos rir de tudo isso e seguiríamos em frente.

Depois daquele beijo entrei em uma confusão danada porque eu tinha gostado muito do beijo e de conversar com ele. Só que, de certa forma, me assustava muito começar um relacionamento e ele deixava claro que era isso o que querianone

Eu não queria. O preconceito era meu e pensava em como apresentar um garoto de vinte e poucos anos para meus amigos. Ficava com medo do julgamento da minha família, mas a gente continuou se vendo. Em 15 dias, assumimos para todos que estávamos juntos.

Começou uma enxurrada de conselhos. Falavam para eu ter cuidado com minha senha do banco, que ele me exploraria. Ficava com medo a cada vez que alguém vinha me aconselhar, porque gerava uma dúvida se eles estavam com razão. Por outro lado, estar com o Lincoln era tão bom, eu ficava tão bem.

Em pouco tempo nos apresentamos para as nossas famílias. O Lincoln passou a fazer parte do meu cotidiano.

Meus amigos chegaram a falar que ele só estava de olho nos meus bens materiais, mas sou professora, nem tenho um padrão de vida altonone

Rosy - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rosy e Lincoln viajam juntos e se apresentaram às famíliasImagem: Arquivo pessoal

Minha irmã ficou com medo de eu ficar com ele sozinha e ele me assaltar, porque ela via muitas notícias na TV sobre isso.

O caso mais agressivo de preconceito foi quando voltávamos do teatro, em uma noite de sábado, e resolvemos dar uma volta na Avenida Paulista. Um cara olhou bem sério e perguntou para ele como fazia para arrumar uma coroa que o sustentasse, uma sugar mommy [mulheres que pagam por relacionamentos afetivos com pessoas mais jovens].

Olhamos um para a cara do outro e continuamos andando. O Lincoln falou que arrumamos um fã, mais um que se preocupa com nossa vida.

O que posso falar agora é que estou muito feliz, viajamos, adoramos estar um com o outro. Ele fica a metade da semana aqui [na casa dela] e eu também vou muito à casa onde ele mora com a família. Não me arrependo de nada.

Informações Universa UOL


"O governo não pode deixar as padarias falirem", diz o padeiro francês Éric Kayser, que tem buscado otimizar o consumo de energia - Divulgação
‘O governo não pode deixar as padarias falirem’, diz o padeiro francês Éric Kayser, que tem buscado otimizar o consumo de energia Imagem: Divulgação

O padeiro Eddy Mariel, 50, dono de uma pequena padaria familiar no nono distrito de Paris, passou a chegar ao trabalho mais cedo, às 3h da manhã, para dar tempo de preparar seus pães e croissants no horário em que a tarifa de eletricidade é mais barata. Assim como os cerca de 33 mil padeiros na França, Mariel vem sofrendo o impacto duplo da explosão dos preços dos ingredientes (manteiga, farinha e ovos) e da energia, que aumentou consideravelmente após o início da guerra na Ucrânia.

A baguete francesa se tornou patrimônio imaterial da Unesco, em novembro, mas a alegria com a notícia durou pouco para os padeiros do país. Alguns tiveram de encerrar suas atividades nas últimas semanas. A crise chegou a tal proporção que muitos desses profissionais decidiram ir às ruas na segunda-feira (23) para protestar contra a alta dos preços.

Recentemente, o governo francês anunciou algumas ajudas ao setor — propôs o adiamento do pagamento de impostos e de contribuições sociais das padarias, e uma tarifa máxima acertada com os fornecedores de eletricidade, nesse caso válida apenas para pequenas padarias com até 10 funcionários e com faturamento anual inferior a 2 milhões de euros.

A padaria de Mariel se encaixa nesse perfil e poderá se beneficiar dessa tarifa máxima permitida, de até 280 euros o kWh em 2023. Com a redução, ele conta que irá economizar 800 euros por ano. Mesmo assim, sua conta de energia totalizará 4.200 euros em 2023, o triplo do que costumava pagar anualmente até outubro do ano passado. Entre matéria-prima e energia, seus custos subiram 65%, afirma.

“Todo nosso dinheiro disponível em caixa virou fumaça. Não temos mais nada guardado para uma eventualidade”, diz. Na padaria fundada em 1979 por seu pai, já falecido, trabalham também sua mãe e sua irmã. Mariel começa a trabalhar de madrugada e passa o dia todo no local, ajudando também nas vendas, que não vão tão bem. As dificuldades, diz ele, já começaram na pandemia de covid-19.

A fim de reduzir o impacto de seus custos maiores, Mariel precisou aumentar os preços — em geral, dez centavos de euro. A baguete “tradição”, feita com uma farinha especial, subiu quase 10%, passando para 1,30 euro. Mesmo com as ajudas do governo, ele sente que pesa uma ameaça sobre o seu negócio. “Não estamos serenos.”

Padeiro Brahim Ayeb, em Paris - Daniela Fernandes/UOL - Daniela Fernandes/UOL
‘Os preços da manteiga e do leite dobraram. Os dos ovos triplicaram. Nossa profissão está ameaçada’, diz AyebImagem: Daniela Fernandes/UOL

Sobreviventes

Brahim Ayeb, proprietário de uma pequena padaria que leva seu sobrenome na movimentada rua do Faubourg Saint-Denis, no décimo distrito de Paris, também anda com menos clientes. “As pessoas compram apenas o necessário”, ressalta. Ele também teve de aumentar os preços: o croissant subiu 10 centavos e, os doces, de 20 a 30 centavos. “Não conseguimos fazer de outra forma. Os preços da manteiga e do leite dobraram. Os dos ovos triplicaram. Nossa profissão está ameaçada.”

O contrato de eletricidade negociado por Ayeb no início de 2021 é válido até o final de 2023. “Resta saber qual será a tarifa cobrada quando o contrato for renovado. É uma preocupação”, afirma.

A manifestação de padeiros organizada pelo Coletivo para a Sobrevivência das Padarias e das Profissões Artesanais visa estender a tarifa máxima de eletricidade garantida pelo governo a todas as empresas do setor, independentemente do tamanho.

“Apesar das ajudas do governo para pagar as contas de energia e outros benefícios anunciados, isso não impedirá que nossas faturas dobrem, tripliquem ou até quintupliquem. Algumas empresas já fecharam e não podemos aceitar isso”, declarou à imprensa francesa o padeiro Frédéric Roy, da cidade de Nice, que criou a associação que organiza a passeata.

Padeiro Eddy Mariel, em Paris - Daniela Fernandes/UOL - Daniela Fernandes/UOL
Mariel conta que, com a alta dos preços de matéria-prima e de energia, seus custos subiram 65%Imagem: Daniela Fernandes/UOL

Entretanto, a profissão está dividida. O presidente da Confederação Nacional das Padarias Francesas, Dominique Anract, não participará da manifestação e não acha o protesto necessário. Ele acredita que, por enquanto, o setor tem sido ouvido pelo Estado.

Alguns têm mais meios para enfrentar a alta dos preços. É o caso do renomado padeiro francês Éric Kayser, que possui 300 pontos de venda, incluindo alguns no exterior. Ele utiliza a inteligência artificial para fazer cálculos para otimizar o consumo de energia. “Paramos o forno quando o cozimento termina e acendemos depois. É como um carro que ligamos só quando vamos usar”, diz ao TAB.

“Também temos mais cuidado com a utilização da farinha para evitar desperdícios e calculamos melhor a produção para evitar sobras de pães”, acrescenta. Por enquanto, seus contratos de energia também foram firmados antes da explosão das tarifas. “Veremos o que vai ocorrer quando formos renegociá-los.”

Os preços de seus produtos subiram pouco mais de 10%. A baguete “tradição” passou de 1,15 para 1,30 euro, e o croissant, de 1,20 para 1,35 euro. Ele também espera que o setor receba ajudas. “O governo não pode deixar as padarias falirem.”

Na França, a profissão de padeiro é considerada simbólica. Em muitos vilarejos, uma padaria que fecha representa uma perda considerável para os habitantes. Para muitos, é como um serviço público, como uma agência dos correios ou uma estação de trem, que deixa de existir na localidade. Na atual crise das padarias, se não tiver pão, que dirá brioche.

Informações TAB UOL


Alta de preços em metrópoles faz moradores, principalmente os mais jovens, buscarem espaços pequenos em áreas centrais, no lugar de imóveis grandes que demandam mais tempo de locomoção até o centro.

Menores apartamentos — Foto: Montagem/Reprodução/Redes sociais

Menores apartamentos — Foto: Montagem/Reprodução/Redes sociais 

O alto gasto com moradia em grandes cidades fez surgir um boom de apartamentos muito pequenos em várias partes do mundo, atraindo, principalmente, quem abre mão de espaço para poder viver em regiões centrais. 

Tem empreendimento de 10 m² por R$ 200 mil no Centro de São Paulo; imóvel de 3 m² com aluguel equivalente a quase R$ 2 mil na Coreia do Sul; e a casa mais estreita de Londres, vendida por US$ 1,3 milhão

Um levantamento de 2022 do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) apontou um crescimento na oferta de apartamentos de até 30 m² na capital paulista, maior metrópole brasileira. 

Em 2016, nos cinco primeiros meses do ano, foram lançados 30 imóveis desta categoria na cidade. No mesmo período de 2022, o número saltou para 5.066. 

Veja abaixo como é viver em alguns desses espaços pelo mundo. 

Vídeo mostra imóvel anunciado como "menor apartamento da América Latina"

Vídeo mostra imóvel anunciado como “menor apartamento da América Latina” 

Na Santa Cecília, bairro central da cidade de São Paulo, um imóvel de 10 m² foi anunciado em 2022 como o “menor apartamento da América Latina”. 

No espaço, apenas um box divide o banheiro do resto do espaço – a cozinha junto de um dormitório. No vídeo, publicado por um corretor na internet, a informação era de que o valor da venda era de R$ 200 mil. 

O vídeo gerou indignação nas redes sociais. “Por que a música é feliz, se o vídeo é triste?”, postou um internauta. Mas houve quem defendesse: “Lado bom, a faxina mais rápida do mundo acontecerá”, escreveu outro. Dentre as vantagens, também foi listada a proximidade com o metrô e outros serviços. 

A incorporadora Vitacon informou à época que lançou o prédio, que também possui apartamentos de até 77m², em 2017, com o valor da unidade de 10 m² a R$ 99 mil. 

Segundo a construtora, todas as unidades foram vendidas no fim de semana de lançamento. O edifício tem áreas compartilhadas entre os moradores, como uma cozinha comunitária com o nome de “cokitchen”, coworking, lavanderia, academia e cinebar. 

Brasileira mostra apartamento de 3m² na Coreia do Sul

Brasileira mostra apartamento de 3m² na Coreia do Sul 

Na Coreia do Sul, os microapartamentos conhecidos como goshiwon têm apenas 5 m², e às vezes, 3 m². São moradias que saem mais em conta do que os apartamentos convencionais e foram pensadas para estudantes e idosos que moram sozinhos. 

Geralmente, há espaço apenas para a cama, um vaso sanitário, pequeno armário de roupa e mesa. Há opções com e sem janela, com banheiro privado ou compartilhado. 

As cozinhas e lavanderias geralmente são coletivas, e há andares só de homens e só de mulheres. É comum os proprietários deixarem de “mimo” nas cozinhas coletivas macarrão instantâneo e arroz. 

Mesmo em apartamentos com janela, muitas vezes a vista é para o corredor do prédio. A regulagem da temperatura, pelo aquecedor ou pelo ar-condicionado, geralmente não é feita pelo inquilino, mas pelo dono do imóvel, o que dificulta para quem mora controlar a circulação de ar. 

Os aluguéis ficam na faixa de R$ 1.900, segundo relatos à BBC de brasileiras que moram no país. 

Casa mais estreita de Londres

Reprodução de página da agência imobiliária que anuncia a casa mais fina de Londres — Foto: Reprodução 

Em Londres, chamou a atenção em 2021 o anúncio da venda de uma casa que não é exatamente minúscula, pois tem cinco andares, mas é peculiar por ser considerada a mais estreita da capital inglesa: tem 1,7 m de largura. 

O imóvel, que funcionou como depósito de chapéus, fica entre um consultório médico e um salão e beleza, e foi anunciado por US$ 1,3 milhão (R$ 6,6 milhões na atual conversão). 

A construção data do período entre o final do século XIX e o início do século XX. O alto preço se deve muito a seu valor histórico, mas também à localidade, no bairro de Shepherd’s Bush, próximo ao Holland Park e a Notting Hill. 

O valor de venda é exagerado até em relação ao custo médio de uma casa no Reino Unido, que é de 256 mil libras (R$ 1,6 milhão na atual conversão). 

Embora a cozinha da casa, localizada no mezanino, seja o local mais estreito, ela abre para uma sala de jantar com o dobro do tamanho. Atrás, duas portas que funcionam ao mesmo tempo como janelas abrem para um jardim de 2,5 metros de largura. 

Na capital japonesa, os apartamentos minúsculos também são uma opção para jovens profissionais que preferem boa localização em vez de gastar tempo no transporte público morando nos subúrbios de Tóquio. 

O morador de um desses imóveis, de 9 m², contou em entrevista à BBC que a área é tão pequena que ele costuma fazer as refeições em pé. 

Segundo a empresa Spilytus, responsável por apartamentos desse tipo em Tóquio, pessoas na faixa dos 20 e 30 anos representam 80% dos inquilinos.

Informações G1


iStock
Imagem: iStock

Mais um, três, 10, 20 até 100. Para os acumuladores de animais de estimação, o número não importa, sempre cabe mais um pet dentro de casa. A presença de um animal é sinônimo de afeto, fascínio e companhia, porém, como tudo em exagero, pode ser sinal de que a saúde mental está pedindo socorro.

Conviver com quantidade excessiva de animais se caracteriza como um transtorno de acumulação e pode ser denominado de síndrome de Noé. Ela é uma variante da síndrome de Diógenes, que tem como sintomas negligência extrema no autocuidado, desorganização importante do ambiente doméstico e comportamento de coletar coisas sem valor.

Síndrome demanda número mínimo de bichos?

Não há um número específico de animais que uma pessoa possa ter. A acumulação é definida de acordo com o comportamento de um indivíduo, quando a vontade de cuidar ou obter animais deixa de ser vista como uma responsabilidade e vira uma obsessão.

Mas, geralmente, a situação acontece quando há quantidade de animais de estimação que ultrapassam a capacidade de o cuidador de alimentar, prestar atendimento veterinário ou oferecer o mínimo de condições de higiene para que os bichinhos vivam em harmonia com o ambiente.

Não conseguir dar o cuidado que esses pets precisam também pode trazer sentimentos como sofrimento e angústia, além de um sentimento de não ser capaz de sair desta situação.

“No acúmulo existe a dificuldade persistente de se desfazer de algo. Por vezes, pode estar também atrelado a quadros depressivos, além de condições como acumulação compulsiva, apego exagerado, dificuldade em doar e necessidades que vão da dependência à falta de organização, limpeza até o cuidado com o animal”, explica o psicólogo Davi Rodriguez Ruivo Fernandes, conselheiro do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.

Gatos - iStock - iStock
Animais também sofrem com tutores acumuladores, pois geralmente não têm cuidados adequadosImagem: iStock

Motivos por trás da acumulação de animais

Os estudos apontam que gatos e cachorros são os animais que estão mais presentes na vida das pessoas que sofrem com a síndrome de Noé.

Solidão, isolamento, ausência de laços afetivos e sociais podem explicar o motivo por trás do acúmulo de pets, embora outros aspectos de saúde mental e de experiência de vida possam influenciar.

Diferentes pesquisas apresentaram o perfil dos acumuladores como sendo predominantemente do sexo feminino, já na terceira idade, socialmente isoladas, que acumulam em média mais de 30 animais.

Um estudo publicado no periódico Review of General Psychology justificou que o perfil dos acumuladores pode ser associado a perdas que acompanham o envelhecimento, como a mudança e distanciamento dos filhos, a morte de cônjuges e amigos, o desaparecimento de um grupo de referência ou uma queda dramática do status na sociedade.

A solidão no idoso, como em qualquer outro fator estressante para essa idade, pode ser um gatilho de transtorno cumulativo, mas caso tenha tendência a isso. Essa tendência pode acontecer precocemente na vida, com pico por volta dos 30 anos e, naturalmente, com a solidão. Sem alguém para servir de freio, é possível que esse transtorno se agrave ou saia do controle nessa faixa etária, virando, assim, uma compulsão. Sérgio Rocha, médico psiquiatra, mestre em neurociência pelo IAEU (Instituto de Altos Estudios Universitarios) de Barcelona, Espanha.none

Recentemente, um estudo publicado na Innovation in Clinical Neuroscience revisou cerca de 23 trabalhos publicados em português, espanhol e inglês sobre a síndrome de Noé. Apesar de a doença ser pouco abordada pela ciência, os pesquisadores encontraram três possíveis subtipos de comportamentos que são gatilhos para que o zelo chegue a um transtorno de compulsão:

Gatos; pets; bichos - iStock - iStock
Acumuladores geralmente são do sexo feminino, já na terceira idade, socialmente isoladas, que acumulam em média mais de 30 animaisImagem: iStock

Risco de transmissão de doenças

Em todas as situações e subtipos de acumuladores, o isolamento social e os riscos à saúde são iminentes. Além dos transtornos da saúde mental, a saúde física do tutor e da sua comunidade ficam vulneráveis a zoonoses, doenças transmitidas por animais, além dos animais ficarem mais agressivos devido aos maus tratos e poderem atacar o próprio dono ou terceiros.

Amaury Pachione, médico infectologista com atuação em vigilância epidemiológica, aponta que há diferentes tipos de bactérias, vírus e fungos que podem ser transmitidas por meio de contato direto, com secreções, fezes, feridas, assim como o contato indireto com objetos e o próprio ambiente. Outro agravante é a presença de animais intermediários para a transmissão como carrapatos e mosquitos. As doenças mais comuns podem ser a raiva, febre maculosa e a doença da arranhadura do gato.

Além da higiene do local, tutor e de cada animal, é essencial estar em dia com a vacinação de todos os animais. Principalmente a raiva, que é a mais letal da zoonoses. Além de ficar atento ao diagnóstico precoce. Caso o animal fique doente e surgirem sintomas como febre, vale buscar assistência. Amaury Pachione, médico infectologista.none

Como ajudar uma pessoa acumuladora de animais

Amigos, familiares e vizinhos devem se atentar à situação de acumuladores de animais, considerando a segurança da saúde pública da região, além de garantir que os pets não estão sofrendo maus tratos.

Nesta situação, é importante avaliar junto com as autoridades policiais locais se, de fato, o tutor é um acumulador compulsivo e não apenas alguém que esteja realizando perversamente o cuidado mal feito, com terceiras intenções, como o desejo de venda.

De acordo com os especialistas, mesmo quando o caso se configura como um transtorno de saúde mental, é Importante a avaliação com um profissional de saúde, seja uma psicólogo, psiquiatra, assistência social e, se for o caso, até da vigilância sanitária.

O representante do Conselho Regional de Psicologia aconselha que a empatia ainda deve ser prioridade do diálogo no momento de abordar uma pessoa com síndrome de Noé. “Para ajudar é necessário muito carinho e paciência. Não entrar no confronto. Construir um diálogo e, aos poucos, a partir do vínculo e confiança, ir em busca de ajuda. Lembrando que para a pessoa acumuladora, a situação também pode ser geradora de sofrimento mental.”

Informações UOL


Cara Delevingne admite que já sofreu com dependência de pornografia - Getty Images
Cara Delevingne admite que já sofreu com dependência de pornografia Imagem: Getty Images

A atriz e modelo Cara Delevingne, 30, admitiu que já sofreu com a dependência de pornografia, problema caracterizado por uma busca obsessiva pelo prazer sexual através da visualização de material pornográfico e/ou masturbação. Ao documentário “Planet Sex”, que vai ao ar em seis partes no canal britânico BBC a partir de hoje, ela contou que não conseguia ter orgasmos sem assistir conteúdos pornográficos.

“Eu era viciada em pornografia? Eu não assistia todos os dias, porque não precisava ter um orgasmo todos os dias. Só que eu precisava assistir para ter um (orgasmo), então, acho que à sua maneira, é um vício”, disse Delevingne. A atriz afirmou que a dependência a fez ter “menos respeito” e “uma relação sexual muito pior consigo mesma”.

Em entrevista ao VivaBem, a psiquiatra Sônia Palma, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explicou que alguns questionamentos sobre a dependência de pornografia podem dar uma noção do quanto uma pessoa pode estar comprometida com o comportamento e ajudar a triar o diagnóstico da condição.

Em resumo, as questões, baseadas em critérios do DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) e da OMS (Organização Mundial de Saúde), abordam:

Por que consumir pornografia em excesso faz mal?

Assim como uma droga, a pornografia satisfaz um desejo imediato por meio da masturbação/orgasmo, mas o excesso pode trazer danos à saúde.

Além de afetar o desempenho nas relações sexuais, é comum que o tempo perdido com conteúdo erótico cause um distanciamento do indivíduo em relação à própria realidade e seus compromissos diários, gerando isolamento sociale agravando quadros depressivos, por exemplo.

Após notar os danos que a maneira como estava consumindo pornografia causaram em sua vida, Cara Delevingne percebeu que o conteúdo pornográfico “dá aos jovens uma visão distorcida de como o sexo e a intimidade deveriam ser”. Ela abandonou a pornografia ao perceber que o conteúdo fazia com que ela se sentisse “insensível”.

Tratamento inclui ajuda psicológica

Consumo excessivo de pornografia causa danos à saúde - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Consumo excessivo de pornografia causa danos à saúdeImagem: Getty Images/iStockphoto

Para tentar controlar o comportamento obsessivo, a dica é limitar o número de masturbações diárias ou semanais. “Esses limites, reestruturações e dissociações são importantes para que você tente diminuir um pouco essa frequência”, diz o psiquiatra e colunista de VivaBem Jairo Bouer.

Em casos mais sérios, o tratamento funciona basicamente como em qualquer outro tipo de dependência: o ideal é que o dependente busqueterapia com psicólogo e acompanhamento com psiquiatra, ambos especializados em sexologia.

O uso de medicamentos é indicado se o paciente apresentar comorbidades como ansiedade, depressão e outros transtornos. A duração do tratamento varia de acordo com o quadro clínico apresentado.

Centros de Apoio

Alguns locais podem ajudar no tratamento. Veja a seguir:

Inpa

O Inpa (Instituto de Psicologia Aplicada), localizado em Brasília, oferece atendimento presencial e online para os que desejam abandonar o vício em pornografia virtual.

Safe Surfing

Possui objetivos variados, incluindo dependentes em pornografia. Todos os artigos e informações estão disponíveis em português.

D.A.S.A (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos – São Paulo)

Irmandade de ajuda mútua, para pessoas compulsivas de sexo, assim como apego sentimental desesperado. Dependentes de pornografia também podem buscar apoio no DASA, que conta com reuniões online via plataforma Zoom.

Instituto Delete – RJ

Núcleo especializado em Detox Digital e institucionalizado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Conta com profissionais de saúde e outras especialidades.

Informações UOL

Cultura: Elas Rodam a Baiana
20 de Novembro de 2022

Por Universa UOL

Como a vestimenta do candomblé marca um lugar de poder e prestígio para mulheres negras de terreiro

“O que é que a baiana tem? Tem pano-da-costa, tem! Tem bata rendada, tem! Pulseira de ouro, tem! Tem saia engomada, tem!” Há mais de 80 anos, Dorival Caymmi compunha uma de suas canções mais famosas em homenagem às mulheres afrodescendentes da Bahia. A vestimenta, ainda mais antiga do que a música, segue sendo símbolo de luta e tradição das brasileiras que têm o candomblé como religião.

E qual história essa roupa conta? Mais do que eternizada pelos versos do poeta, como manda o chavão, a indumentária das mulheres de terreiro fala sobre afirmação de identidade e resgate da autoestima como ferramenta de sobrevivência.

Paola Tauana Santos, 30 anos, cresceu frequentando o terreiro da nação Ketu fundado por sua avó, dona Aparecida Bispo de Xangô, no início dos anos 1990. Foi no Ilé Obá Asè OGODO, no extremo sul de São Paulo, que a auxiliar de logística fez sua iniciação nos ritos do candomblé há cinco anos —hoje, ela é uma yaô, nome que se dá às pessoas com menos de sete anos de “feitura”.

“Eu tinha 13 anos quando usei pela primeira vez a saia que foi da minha avó. Eu sempre a ajudava a colocar os sete saiotes [adereço que dá volume à vestimenta], ficava deslumbrada vendo ela com todos aqueles panos. Hoje, sempre que coloco o meu pano de cabeça, minha saia e meu pano da costa, fecho os olhos e lembro dela”, diz, exemplificando como a vestimenta é passada de geração em geração.

No fio da memória

Não existe livro sagrado ou cartilha que garanta os ensinamentos do candomblé. Tudo o que se sabe e o que se faz na religião é passado de forma oral há cerca de 200 anos, tempo que remonta à fundação dos primeiros terreiros da Bahia. É por isso que, no culto, o tempo de iniciação conta como cargo e posto: ao ouvir uma mulher de terreiro falar, é possível rememorar um século de história e costumes.

“Eu aprendi a fazer a goma e a engomar meus saiotes vendo a minha avó Maria José, mãe da minha mãe. Ela usava panela, água, amido de milho. Aprendi a ter o cuidado de deixar a goma no ponto certo, a quarar o saiote para engomá-lo branquinho e, depois, estender do jeito tradicional para ficar bem armado”, conta a yalorixá Vivian Basílio, 52 anos, sacerdotisa do Ilê Axé de Yansã, casa de candomblé da nação Angola, localizado na zona leste de São Paulo.

É desta forma que a vestimenta da baiana se mantém como costume —mesmo quando pensar em engomar uma anágua e escolher a renda que vai adornar o pano de cabeça parece roteiro de um filme de época. Para a yalorixá Luciana Bispo, 50 anos, mãe de santo do Ilé Obá Asè OGODO, trata-se de responsabilidade ancestral.

“O cuidado com a roupa é uma forma de revisitar a nossa ancestralidade, porque o candomblé é continuidade. Eu não posso deixar de ensinar a minha filha a cuidar da roupa dela, porque aprendi a cuidar da minha com as senhoras que me antecederam”, afirma.

Sinto que estou cumprindo com tudo o que elas fizeram para que tivesse, inclusive, liberdade de andar com a minha indumentária no metrô, ou no avião. Porque, por muito tempo, tínhamos que andar escondidas.

Luciana Bispo, yalorixá do Ilé Obá Asè OGODO

Vestimenta de liderança

Foi esse compromisso que possibilitou que a baiana se perpetuasse como um dos maiores símbolos da religião, perpassando a modernidade sem sofrer grandes modificações, de acordo com Daisy Santos, museóloga e pesquisadora das vestimentas de terreiro. Ela é yá kekerê (cargo de confiança do líder de uma comunidade de candomblé) do Ilê Asè Ojisé Olodumare, casa da nação Ketu situada em Barra de Pojuca, na Bahia.

A forma como a vestimenta se construiu conta a história de um tempo em que as mulheres africanas escravizadas precisavam realizar a manutenção dos elementos da sua cultura, entre os séculos 18 e 19, ressignificando-os à nova realidade. Além disso, agrega outros elementos de vestuário que elas conseguiram acessar, como a proposta de armação que dá volume às saias, herança europeia da colonização.

“Poder usar essa roupa é uma forma de recordar essas mulheres que encontraram estratégias de sobrevivência e conseguiram aglutinar as pessoas em quilombos urbanos, que são os candomblés. Então, estamos falando de uma vestimenta que é um investimento de liderança de mulheres extremamente inteligentes e com um poder de estratégia muito grande. Ao me vestir assim, eu sinto que estou carregando algo que é para além de mim”, afirma a pesquisadora.

A baiana, o samba e o carnaval

Um dos pontos de partida do samba carioca é o fundo do quintal de mulheres que migraram da Bahia para o Rio de Janeiro, no final do século 19, e levaram na bagagem a tradição do candomblé e a familiaridade com os tambores que ajudaram a construir o ritmo. Mas o que a roupa tem a ver com isso?

As tias do samba, como ficaram conhecidas, usaram a vestimenta tradicional como um trunfo de identidade e afirmação de território e é em homenagem a elas que existe a tradicional ala das baianas nos desfiles das escolas de samba, segundo Angélica Ferrarez, pós-doutora em sociologia política e pesquisadora da história social do samba e das mulheres no pós-abolição.

“Estamos falando de um Rio de Janeiro que, naquela época, estava bebendo dessa fonte de Salvador. E Salvador, por sua vez, estava bebendo de uma fonte da África. Essas mulheres foram para as ruas, para o comércio. E manter a vestimenta tradicional foi uma estratégia de marketing para elas venderem seus quitutes”, destaca Angélica.

Quando as indumentárias começaram a ser homenageadas no Carnaval, ainda não existia a festa como se conhece hoje, e a folia ficava por conta dos blocos que desfilavam em uma verdadeira disputa para proteger a bandeira-símbolo de cada um. Nesse cenário, a roupa à moda baiana era usada como uma proteção para que nenhum invasor chegasse ao estandarte.

“Essa roupa era vestida tanto por mulheres quanto por homens. E muitos deles eram, em sua maioria, capoeiristas. Dançavam e rodopiavam em um movimento de defesa da bandeira, alguns costuravam até navalhas nas saias, porque perder a bandeira era visto como uma desmoralização”, conta a pesquisadora.

Na Zona Portuária do Rio de Janeiro, conhecida como Pequena África, ficaram marcados nomes como o de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, e de outras matriarcas que usaram suas habilidades sociais e políticas para dinamizar o samba na cultura brasileira, mesmo em um momento de repressão às expressões afrodescendentes.

“Elas são muito estratégicas no sentido de formar uma rede de apoio para existir. Para que esse quintal continue tocando o samba sem a batida da polícia, elas vão construindo conexões para além do terreiro. Precisavam ser amigas de uma sociedade mais ampla, como políticos e jornalistas”, pontua.

Hoje, a ala das baianas mantém a estrutura que reproduz o aspecto da saia rodada, mas as navalhas deram lugar às fantasias representativas de cada enredo.

O que veste a baiana

As peças que compõem a indumentária das mulheres no candomblé:

‘Minha roupa me lembra quem eu sou’

“Quando eu era criança, lembro que me chamavam de neguinha e de ‘nega lisa’ por causa da minha pele, mas nunca me deixei intimidar. Hoje, na minha família de axé, sempre sou chamada para usufruir o meu lugar de ebomi, para ficar altiva e reconhecer o meu valor”, diz Cristiane dos Santos, 54 anos, sinalizando como celebrar a autoestima, dentro das comunidades de terreiro, também é uma estratégia para resistir.

Para quem não é adepto do candomblé, no entanto, as denominações hierárquicas da religião, como yalorixá, ekedi, ebomi, yaô, abiã, podem confundir. Aqui, também é a vestimenta que marca o lugar e indica as posições sociais dentro do terreiro.

Abiã é toda pessoa que ainda não passou pelos ritos de iniciação. Já o yaô é o médium que entra em transe e que tem menos de sete anos de iniciado. Para ambos os grupos, a baiana segue parte da tradição entre as mulheres, mas sem tecidos ou rendas luxuosas, e mostra o lugar de quem chegou para aprender com a família de axé. Para os recém-iniciados, vestir apenas branco é parte essencial do primeiro ano de preceitos.

“A roupa me traz essa sensação de pertencimento e me ajuda a alcançar uma parte de mim que eu não sabia que existia. Dentro do terreiro, me elogiam porque minha baiana está bem armada, porque o torso [pano na cabeça] está bonito e sou incentivada diariamente a ser eu. Do lado de fora, sou ensinada que preciso ser menos negra e que tenho que me envergonhar da minha pele”, relata Maira Heloiza da Silva, 34 anos, iniciada há um ano como yaô no Ilê Axé de Yansã.

‘Meu ser mulher é potencializado’

A vestimenta tradicional, homenageada por Dorival Caymmi, representa um lugar de prestígio, senioridade e sabedoria dentro da religião. A baiana rendada, em tecidos com o tradicional bordado richelieu, a bata e o pano de cabeça amarrado com as abas proeminentes, é uma ebomi, médium com mais de sete anos de iniciação. A yalorixá, que é a mãe de santo da comunidade, também usa a indumentária.

“Quando se tinha aquela sociedade de séculos atrás, as mulheres brancas usavam aquelas armações embaixo do vestido, o cabelo bem arrumado, os brincos e os colares com aquele luxo. A baiana para nós, mulheres negras, também traz essa imposição. E o zelo de estar bonita e bem cuidada. Quando eu me visto bonita, com a saia bem armada, com os meus fios de conta, eu sou uma referência para os meus filhos e a minha família de axé”, destaca a yalorixá Vivian Basílio.

A ekedi é um cargo destinado às mulheres que não incorporam e cumprem uma função de cuidado com a comunidade, repassando os ensinamentos para aqueles que estão dando os primeiros passos na religião e também zelando pelos orixás que incorporam durante as festas e os ritos.

Para mim, a indumentária tem um significado muito importante, porque é a partir dela que as pessoas me reconhecem como uma referência que está à disposição para o orixá e para a comunidade. Quando coloco essa roupa branca, sou a mãe Fernanda.

Fernanda Sousa, 27 anos, ekedi do IIé Obá Asè OGODO

“Fora do espaço do terreiro, eu sou uma mulher lésbica que não se veste de acordo com a feminilidade. Mas, no terreiro, mesmo com a indumentária feminina, o meu ser mulher é respeitado e potencializado”, diz.

Para ela, a indumentária da baiana com rendas mais elaboradas também faz parte do vestuário, mas existem outros modelos indicativos do cargo, como o conjunto pareô, formado por uma bata com manga três quartos e uma saia envelope usada sem armação, ou mesmo o alaka, um tipo de túnica.

‘Criança fez o sinal da cruz para mim’

Na dimensão do terreiro, a existência dessas mulheres ganha novos significados e propósitos. Na rua, por outro lado, a roupa tradicional atrai olhares carregados de intolerância religiosa e racismo, que tentam subverter o significado da cultura resguardada por elas.

“Durante o período em que cumpria o meu preceito de iniciação, saía à rua com a minha indumentária e os meus fios de conta. Um dia, uma criança olhou para mim e fez o sinal da cruz, com os olhos arregalados. Tentei encontrar os olhos dela e sorrir, mas é muito triste quando as pessoas simplesmente decidem ofender todo o significado da religião e das vestes de alguém”, relembra a yaô Maira Heloiza.

Para a ekedi Mayara Sousa, 33 anos, do Ilê Axé de Yansã, isso acontece porque existe uma cultura que pormenoriza as religiões de matriz africana, como se elas não fossem sagradas o suficiente para serem respeitadas.

Dentro da casa de axé, o signo dessa roupa traz um status que nós, pessoas negras, não temos na rua. Usar essa vestimenta, mesmo que não seja a mais luxuosa, nos coloca em um lugar de rainhas. Para quem incorpora, é a roupa que a pessoa vai estar quando receber o deus dela no próprio corpo. Mas, muitas vezes, quem é de fora não dá a mesma importância que daria de primeira para a religião do colonizador, por exemplo.

Mayara Souza, ekedi do Ilê Axé de Yansã

‘É como entrar em um reino’

Apesar da tradição e do tempo que a indumentária da baiana está presente na cultura brasileira, são poucas as opções de lojas voltadas para esse segmento. Por isso, é comum que mulheres de terreiro que saibam o ofício da costura passem a confeccionar as roupas para a família de axé. Essa relação é vista, por alguns adeptos, como uma forma de conexão ancestral.

“Esse processo de ir comprar o tecido, levar para a costureira, é uma linha direta de fazer parte da família. A gente vai entendendo o candomblé ao fazer parte, não é algo que dá para saber como é antes de entrar. Então, até a entrega da roupa faz parte desses processos que vão criando conexão com a família”, afirma Jennifer Sabino, 28 anos, abiã do Ilê Axé de Yansã.

Com o e-commerce, as dificuldades para adquirir as vestimentas tradicionais da religião têm diminuído, mas ainda assim não é fácil encontrar lojas que ofereçam peças em pronta-entrega. No geral, é preciso encomendar, o que pode exigir semanas ou até meses de antecedências das festas de candomblé, segundo a yalorixá Elizabeth Passos, 43 anos, proprietária da loja Fire Rose Moda Afro, especializada nas indumentárias da religião e localizada na zona leste paulistana.

“É lindo quando entregamos a primeira roupa ou o primeiro enxoval da pessoa que está começando na religião. Ela fica muito emocionada, não vê a hora de colocar, porque é como se passasse a fazer parte de um reino. Eu incentivo outras mulheres a costurar roupa de candomblé, não tenho problema com concorrência, porque sei que dói não conseguir encontrar as nossas vestimentas em um shopping”, finaliza.


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Começou a contagem regressiva para a estação mais ensolarada do ano: o verão. Tempo de marcar os encontros de fim de ano e prever aquele descanso de férias na praia. Mas nem tudo é festa. Para aproveitar o clima quente, são necessários alguns cuidados básicos. Dá uma olhada nesse “manual de boas práticas para o verão” e veja como não impactar negativamente a sua pele.

1. Protetor solar: nem mais, nem menos
Um dos principais erros é não reaplicar o protetor por longos períodos e negligenciar certas áreas do corpo. “Esquecer de costas, axilas, pescoço, orelhas, nuca, cotovelos e pés é um risco”, fala a dermatologista Marcella Alves, especialista em rejuvenescimento tridimensional da face, da Clínica Les Peaux (RJ).

Não passar protetor porque está embaixo do guarda-sol também é um vacilo porque a radiação reflete na areia ou na água e queima ainda mais. Outros pecados: não proteger o couro cabeludo, usar o mesmo produto no rosto e no corpo ou aplicar produtos fora de validade.

Jovem tomando sol na praia - Getty Images - Getty Images
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2. Aplicação correta do protetor solar
No dia a dia, principalmente no verão, é importante proteger as áreas que ficam mais expostas como as mãos, o colo e o pescoço, além do rosto. “No caso de praia ou piscina, o protetor solar deve ser aplicado pelo menos 15 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas”, fala Marcella. E na quantidade certa, para garantir a eficácia do produto. “Aplique de forma generosa e homogênea, entre duas e cinco vezes ao dia, dependendo da exposição ao sol, suor e umidade. O ideal é que a primeira aplicação seja sempre em casa, com a pele seca e se possível sem suor”, ensina a dermato Valéria Campos. A quantidade ideal é de 2 mg/cm², o equivalente a pouco mais de meia colher de chá para face, pescoço ou braços, e pouco mais de uma colher de chá para tronco, costas ou membros inferiores.

3. Fator de proteção para rosto e corpo
“De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Fator de Proteção solar (FPS) mais indicado para a população brasileira é de no mínimo 30, seja para o rosto ou para o corpo, quando se fala em prevenção de câncer. No caso de doenças dermatológicas, como lúpus e melasma, o fator de proteção deve ser acima de 50”, conta o dermatologista Alessandro Alarcão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e sócio efetivo e conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). O que irá diferenciar é a cosmética do protetor solar: no corpo um pouco mais hidratante. Porém, em relação ao fator de proteção solar, pode ser o mesmo para rosto e corpo.

Mulher negra aplicando protetor no rosto - Getty Images - Getty Images
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4. Fotoproteção para a pele negra
“Pela maior quantidade de melanina (composto responsável pela pigmentação), ela tem uma fotoproteção natural de 13.4. No entanto, a pele negra acaba manchando com mais facilidade, precisando, sim, de proteção solar!”, ensina Marcella. Já pessoas de pele clara têm tendência maior a queimaduras solares e desenvolvimento de câncer de pele. “Sendo assim, a recomendação para filtro solar é a mesma para pessoas de pele clara ou morena. Porém, o fator de proteção pode ser menor nas peles mais morenas”, diz Valéria.

5. Proteção durante a prática de atividades físicas ao ar livre
Caminhada, corrida, beach tennis? Nesses casos, recomenda-se utilizar FPS no mínimo 30 e, de preferência, com proteção UVB e UVA. Deve-se reaplicar o produto a cada 2 ou 3 horas. “Já quando o esporte for aquático, a reposição deve ser feita sempre que sair da água. Em ambos os casos, vale também abusar da proteção física, com uso de chapéu, boné, camiseta e óculos”, diz Marcella.

6. Bronze express
Está com pressa de perder a cor branco-escritório? Tem um jeito de combinar bronzeador e protetor solar. “A maneira correta de usar bronzeador e protetor solar é combinar o seu produto preferido para bronze com o FPS igual ou acima de 30. Desta forma, além da sua pele adquirir um tom dourado você vai bloquear os raios nocivos do sol. O protetor solar não vai impedir que você conquiste o seu bronze!”, orienta Marcella.

Aplicando Bronzeador solar - Getty Images - Getty Images
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O mais indicado mesmo é não ter pressa. A durabilidade do bronzeado é geralmente maior quando a pele está protegida e preparada para receber o sol. Se há exagero, ela queima, morre e descasca e daí adeus bronzeado uniforme. Portanto, a dica é se proteger nos primeiros dias com um bloqueador solar. “Para não fazer feio a recomendação é fazer uma sessão de auto bronzeamento (não confundir com bronzeamento artificial) na véspera de chegar na praia. Além de dar uma bela cor, o pigmento do auto bronzeador protege a pele contra os raios solares como um filtro solar FPS 6 – mas não deixe de aplicar o protetor solar”, diz Valéria.

7. Queimou… E agora?
A primeira dica é talvez a mais importante na hora de cuidar de uma queimadura solar e consiste em resfriar a pele. Para isso, aposte em um banho frio, deixando a água correr no local afetado por 5 a 10 minutos, para garantir que todas as camadas da pele esfriem. Ainda assim, o desconforto provavelmente vai se manter. “Uma forma de aliviar o mal estar é aplicar compressas frias com chá de camomila, que tem propriedades calmantes e cicatrizantes”, ensina Marcella.

Jovem exagerando no sol - Getty Images - Getty Images
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Note que a queimadura de sol acontece a partir de um processo inflamatório, podendo levar ao surgimento de ressecamento e bolhas na pele. Mas o problema maior não é o estético. Surgimento de rugas e o aumento das chances de desenvolver câncer de pele podem vir dessa exposição excessiva e sem proteção”, alerta Marcella. A especialista sinaliza que o pico da queimadura solar ocorre no período de três dias. “Quando as pessoas sofrem uma descamação, em decorrência podem surgir manchas castanhas permanentes.”

8. Skincare pós-sol
Capriche na hidratação, todos os dias, logo após o banho e várias vezes ao dia, aplicando um bom creme hidratante para combater o ressecamento. “O uso de pós-sol ajuda no processo de recuperação da pele aos danos causados pelo excesso de exposição ao sol, protege também o bronzeado e garante uma sensação de frescor de forma mais potente que um hidratante comum.

Esses produtos possuem ação calmante e/ou anti-inflamatória, essenciais em caso de vermelhidão ou ardência; revertem o ressecamento e desconforto causado pela queimadura e impedem a escamação precoce da pele”, fala Alessandro. Cremes pós-sol geralmente são elaborados com ingredientes naturais em sua composição, como aloe vera (que suavizam inflamações e irritações, nutrindo a pele) e extrato de camomila (calmante natural que suaviza a vermelhidão).

Quanto mais intensa a hidratação da pele após a exposição solar, mais uniforme, duradouro e bonito será o bronzeado. Isso porque a hidratação promove a renovação celular sem que ocorra a descamação decorrente do ressecamento. “Para o rosto, hidratantes específicos para essa região e um sérum com vitamina C são imprescindíveis pela ação antioxidante”, finaliza Valéria.

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"Ao longo da primeira década de vida, eu só usava calça de moletom" - Monika Kozub on Unsplash
“Ao longo da primeira década de vida, eu só usava calça de moletom” Imagem: Monika Kozub on Unsplash

Fui uma criança gorda o suficiente para que as outras crianças notassem. Antes ainda: fui uma criança gorda o suficiente para que minha mãe notasse

Nossa casa era dietética: horários, verduras, restrições. O armário de guloseimas da casa de uma amiga era o paraíso proibido; eu salivava de vontade e inveja. Apesar dos esforços em sentido contrário, a largura do meu corpo só aumentava. Espelho era sinônimo de angústia.

Ao longo da primeira década de vida, eu só usava calça de moletom. Na entrada da adolescência, comecei a entender que havia um código de vestuário ao qual eu precisava me adequar. Emagreci pela primeira vez, a primeira de muitas. Mas não durava muito. Nunca durou. Em poucos meses, a calça jeans voltava a emperrar nas minhas coxas: eu estava errada, o meu corpo estava errado, o tecido apertando a carne me dizia. Jamais cogitei que o problema pudesse ser o número da roupa.

Problema que não se resumia ao fato de eu ser mulher, ainda que, claro, ser mulher piorasse a situação. Meu pai era gordo. Eu não conseguia entender como minha mãe era casada com ele; como minhas tias eram casadas com meus tios. Segundo o mapa do mundo que me chegava por todos os lados, ser gordo significava ser indigno de amor, como se só um corpo magro pudesse ser amado. Como se bastasse que eu fosse magra para que o amor, enfim, chegasse. Eu me surpreendia, nos períodos que se seguiam a quaisquer das dietas que fiz, com a dolorosa constatação de que não, as coisas não eram bem assim.

Esta não é uma história de superação. Ainda que meu corpo funcione tão bem, que me leve para caminhar, para correr, que me dê prazer, me sacie; ainda que seja através de seus sentidos que o mundo me chegue a cada instante; ainda que ele receba a beleza com arrepios, ainda que ele saiba abraçar e gozar; ainda que ele seja, o meu corpo, a concretude cotidiana da minha vida, é muitas vezes difícil aceitar, entranhadamente difícil, a sua especificidade, as suas marcas, até sua beleza própria.

Para os que atribuem saúde exclusivamente à magreza, meu pai morreu magro porque teve câncer.

Termino com uma cena: a minha cama, no puerpério do meu segundo filho, o corpo flácido, imenso, azedo de leite, com as dobras vazias que o gestar deixou. O enlace desejante e incompreensível do meu companheiro. O amor, que se sente no corpo, com o corpo, pelo corpo, apesar do corpo.

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