Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Um recente levantamento do Banco Central (BC) revelou dados alarmantes sobre o envolvimento dos beneficiários do Bolsa Família com casas de apostas. Entre janeiro e agosto deste ano, foram transferidos R$ 10,51 bilhões para essas empresas pelo Pix. Essa pesquisa foi requisitada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM).
Durante um evento em São Paulo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, expressou preocupações sobre essa situação. Ele destacou o impacto significativo que essas transferências têm tido na inadimplência das famílias. Cerca de 8,9 milhões de beneficiários enviaram, em média, R$ 1.179 cada, para essas casas de apostas no período analisado.
Os dados mostram que os beneficiários do programa gastam, em média, R$ 1,31 bilhão mensalmente em apostas, o que equivale a R$ 147 por pessoa. Destes apostadores, 60,5% são chefes de família, os quais enviaram um valor total de R$ 6,23 bilhões por Pix. É importante notar a diferença no comportamento de apostas entre homens e mulheres beneficiários.
O Banco Central apontou que aproximadamente 24 milhões de pessoas físicas participaram de apostas no Brasil entre janeiro e agosto de 2024. As transferências mensais variaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, com as apostas retendo cerca de 15% desse valor e o restante distribuído como prêmios aos ganhadores.
Segundo o levantamento, a maior parte dos apostadores tem entre 20 e 30 anos. Entretanto, os valores transferidos aumentam com a idade. Para os mais jovens, a média mensal é de R$ 100, enquanto para os mais velhos pode chegar a R$ 3.000.
O apelo das apostas parece ser particularmente forte entre as famílias de baixa renda. Conforme mencionado pelo Banco Central, o chamado “glamour” do enriquecimento rápido atrai especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade financeira. Acredita-se que essa busca por uma melhora rápida na condição financeira seja um dos grandes motivadores para o alto volume de apostas entre os beneficiários do Bolsa Família.
O Banco Central afirma que necessita de mais dados e tempo para entender plenamente as implicações das apostas na economia e no bem-estar financeiro da população. Medidas regulatórias e educativas podem ser avaliadas para reduzir o impacto das apostas, especialmente nas famílias de baixa renda.
Os dados apresentados pelo Banco Central sobre o envolvimento dos beneficiários do Bolsa Família com casas de apostas são preocupantes e requerem ações coordenadas para mitigar os impactos negativos. É crucial continuar monitorando essa situação para proteger as famílias vulneráveis e garantir que os programas de assistência cumpram seu objetivo principal de oferecer suporte financeiro a quem mais precisa.
Informações TBN