Presidente ameaçou não cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (7), em seu discurso na manifestação pró-governo federal marcada na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, que apenas Deus pode torná-lo inelegível. “Quero dizer aqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: ‘só Deus me tira de lá’. “Aviso aos canalhas: não serei preso.”
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não vai mais cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro ainda afirmou que “ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”. Em nota, a assessoria do STF afirmou que não vai se manifestar sobre as declarações do presidente.
“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês. Determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Digo a vocês que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”.
Segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública paulista (SSP) e da PM, 125 mil pessoas participaram das manifestações pro-governo da Avenida Paulista, ante 15 mil manifestantes no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, onde se concentraram os críticos ao governo.
Moraes é o relator dos inquéritos que apuram a disseminação de notícias falsas e a organização de atos antidemocráticos.
Recentemente, o magistrado determinou a prisão de apoiadores do presidente por ameaças à Corte, como o ex-deputado Roberto Jefferson.
“Não se pode permitir que um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar”, prossegue o presidente.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar de “farsa” a organização das eleições de 2022 sem o voto impresso. “Não posso participar de uma farsa”, afirmou aos apoiadores na Paulista.
“Não é uma pessoa ou o Tribunal Superior Eleitoral que vai dizer que esse processo é seguro, porque não é”, completou o presidente, que fez críticas ao “presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, sem citar nominalmente o ministro Luís Roberto Barroso.
Sob gritos de “Fora Doria”, Jair Bolsonaro afirmou que medidas de fechamento do comércio promovidas por prefeitos e governadores foram “piores que o vírus”, em referência à Covid-19.
“Tinha de esperar um pouco mais para que a população fosse se conscientizando do que é um regime ditatorial. Pior do que o vírus foram as ações de alguns governadores e prefeitos”, disse.
O presidente discursou do alto de um carro de som na região central da capital paulista. Pela manhã, Bolsonaro já havia discursado em outro protesto, este na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Aos apoiadores na capital federal, Jair Bolsonaro afirmou que quem age fora da Constituição Federal deve ser “enquadrado” ou “pedir para sair”.
O presidente afirmou que a população não deve aceitar “que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando nossa população”, sem citar nominalmente nenhum dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro disse ainda que, caso não haja medidas para impedir o que considera “abusos”, este Poder “vai sofrer aquilo que não queremos”, mais uma vez sem citar o Supremo.
Informações CNN