O ato pró-Bolsonaro, no domingo (25), em São Paulo vai contar com dois trios elétricos atravessados na avenida Paulista formando um L. No veículo onde Jair Bolsonaro estará só entra quem estiver de pulseirinha VIP.
A manifestação será aberta por Michelle Bolsonaro. Como o UOL antecipou, ela fará uma oração e estará liberada para dizer algumas palavras, se assim desejar.
O tom dos discursos é tratado com bastante cuidado, disse o pastor Silas Malafaia, organizador do evento. Bolsonaro quer evitar que o ato tenha um caráter golpista, já que o ex-presidente é investigado por suspeita de tramar um golpe de Estado. A escolha dos oradores também ganhou uma atenção especial por esse motivo.
O pastor afirmou que somente ele vai mencionar o nome de Alexandre de Moraes. Malafaia antecipou que fará “constatações” a respeito das decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), mas sem agressões. Ele não deu mais detalhes do que vai dizer.
Há um compromisso dos presentes para não atacar nenhuma autoridade. A expressão “ditador da toga”, usada pelo pastor em seus vídeos para se referir a Moraes, não deve ser ouvida na Paulista, por exemplo.
Ainda assim, parlamentares bastante explosivos estão escalados para discursar. A lista inclui os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) e o senador Magno Malta (PL-ES). Todos são ligados a bandeiras religiosas e ao bolsonarismo. Nikolas e Malta são evangélicos, como o organizador do ato. Gayer já foi filiado ao partido Democracia Cristã.
Caso compareça, o senador Rogério Marinho (PL-RN) também poderá falar ao microfone.Ele é líder da oposição no Senado e um parlamentar considerado como moderado.
Malafaia ainda faz uma “defesa antecipada”. Como espera 300 mil pessoas na avenida Paulista, justifica que é impossível controlar as ações de cada participante.
Se alguém tiver alguma faixa hostil, terá sido uma atitude individual, diz o pastor. Malafaia ressalta que, desde a convocação, foi pedido para não haver ataques a instituições. Comportamentos contrários estarão fora das orientações da organização do ato.
O evento não é para atacar o STF.
Pastor Silas Malafaia, organizador do ato pró-Bolsonaro
O trio de Bolsonaro comporta 70 pessoas.Mas somente governadores, senadores e 30 deputados federais escolhidos terão acesso, afirmou Malafaia.
Esses políticos receberam um tipo especial de pulseirinha. Elas foram distribuídas durante a semana pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que é um dos principais nomes da bancada evangélica.
O restante dos deputados será encaminhado para o veículo ao lado, que tem capacidade para cerca de cem pessoas. Assessores terão um espaço exclusivo à frente dos trios, onde também será montada uma área reservada à imprensa.
Caso o prefeito de São Paulo compareça, ficará no veículo de Bolsonaro. Ricardo Nunes (MDB) disse que deve estar presente, mas aliados o aconselham a se ausentar para evitar prejuízos políticos caso a manifestação adote tom golpista.
Até o momento, 108 deputados confirmaram presença. A maioria é do PL, partido de Bolsonaro. Mas há também representantes de outras siglas, o que aliados do ex-presidente consideram uma demonstração de força política.
O número de senadores é incerto. Existem listas com dez nomes e outras com 15, também com parlamentares de outros partidos. Líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF) declarou que deve estar na Paulista.Continua após a publicidade
Somente três governadores confirmaram presença: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Ronaldo Caiado (Goiás). O trio terá direito a discursar.
Malafaia convenceu o ex-presidente a realizar o ato após uma conversa no domingo de Carnaval. Na sequência, o pastor pediu aos fiéis de sua igreja, no Rio, que fizessem um jejum pelo país: “Precisamos orar pelo nosso país para que Deus livre-o de toda crise”.
Malafaia disse que vai bancar o aluguel dos dois trios elétricos. O organizador da manifestação justificou que desta maneira evita “acusações da esquerda” de usar dinheiro do dízimo para um evento político. Ele afirmou que há duas diretrizes para os discursos: defesa do Estado Democrático de Direito e Bolsonaro refutando as suspeitas dos inquéritos da PF.
Bolsonaro quer uma foto cercado de gente usando verde e amarelo. Na visão do ex-presidente, a imagem serviria de alerta para a Justiça sobre o custo prender uma pessoa que obteve 58 milhões de votos.
Ato acontecerá três dias após o depoimento do ex-presidente à Polícia Federal. O depoimento foi marcado por Alexandre de Moraes, ministro do STF. Para tentar adiá-lo, a defesa de Bolsonaro alegou não ter tido acesso a todo o material utilizado na investigação que embasou a convocação, mas o pedido de nova data para o depoimento foi negado.Continua após a publicidade
Bolsonaristas foram alvo de operação da Polícia Federal no último dia 8. Na ocasião, os agentes realizaram prisões e cumpriram mandados de busca e apreensão contra apoiadores do ex-presidente suspeitos de fazerem parte de uma suposta organização criminosa que tentou dar um golpe para manter Bolsonaro no poder.
Existe uma preocupação de não afrontar autoridades, principalmente Moraes. Por isso, houve uma orientação para os participantes não levarem faixas e cartazes. Em 2021, na mesma avenida Paulista, Bolsonaro subiu num trio elétrico e chamou Moraes de “canalha”.
Informações UOL