Por Joilton Freitas
O ano é 1917, o mês é outubro. A Rússia vive um momento de caos social, a fome assola a nação do Kaiser Nicolau II. E para piorar as coisas, estourou a Primeira Grande Guerra. Um terreno fértil para uma revolução.
Foi em meio a esse caos que Vladimir Uilanov, mais conhecido como Lenin, percebeu o momento certo de levar os bolcheviques ao poder. Vários de seus companheiros achavam prematuro, mas não Lenin. O líder do proletariado russo sabia que a hora tinha chegado. Quem tem medo do lobo não vai a floresta, disse ele a companheirada. Foi assim que nasceu a União Soviética. Você pode estar se perguntando: mas que diabos tem a ver a revolução comunista com Otto Alencar? Guardando as devidas proporções, tem muito a ver.
O PT já está no governo há 16 anos. O cansaço da população é sentido em todos os segmentos da sociedade. Mesmo com uma boa avaliação da administração de Rui Costa, segundo pesquisas. Mas, Paulo Souto, então governador, com uma avaliação nas alturas, foi derrotado por Jaques Wagner já no primeiro turno.
Otto na época era um carlista de quatro costado. Vivia nas entranhas do poder comandado pelo avó de ACM Neto, pré candidato a governador pelo DEM/União Brasil. ACM, que foi a maior liderança política da Bahia, viu seu reinado ruir. O PT foi seu algoz.
A alternância de poder é normal e necessária para a democracia. Mas quem está no poder não pensa assim. O poder é triste, como pensava Platão? Não! Triste é perder o poder. E Otto com toda a sua quilometragem na política saber exatamente quando isso vai acontecer.
A cúpula petista lançou o nome do senador Jaques Wagner a governador. Tudo ia muito bem quando na última semana veio a bomba: Wagner não seria mais o candidato. No seu lugar entrava Otto Alencar e Rui Costa, na condição de candidato ao Senado. Tudo isso foi decidido no Instituto Lula, em São Paulo. Lula, o todo poderoso do PT, comandou a operação. Mas esqueceram de combinar com “os russos”, nesse caso, Otto Alencar.
Otto sente cheiro de poder e de derrota há quilômetros de distância. Não é nenhum neófito que ainda tem a ilusão do poder para sempre.
A refuga de Otto em não aceitar ser cabeça de chapa, que sempre foi seu sonho ser governador da Bahia, demostra que o cacique do PSD sentiu cheiro de derrota.
Alencar sabe que será muito difícil derrotar ACM Neto. Sabe que o tempo fez sérias avarias na fuselagem da nau petista. Sabe que Neto é jovem, tem um bom discurso, foi considerado um dos melhores prefeitos do país. E o que é pior: tem fome de poder. Isso muda tudo em uma eleição. Então, Otto tem medo do lobo! Ele não vai adentrar a floresta.