Por: Taiguara Fernandes de Sousa
Há um quê de mistério naquele desejo inexplicável dele.
E todos que assistíamos, de alguma maneira, passávamos a desejar também.
Eu mesmo já me vi fazendo um sanduíche de presunto após assistir ao Chaves, quando era moleque.
Que delícia de sanduíche, aliás.
Saboroso! Que tinha de mais?
Nada.
É isso que torna o sanduíche de presunto do Chaves tão sensacional.
Há um sabor nu e cru igual a presunto fresquinho ali.
É inexplicável!
Mas quer outro exemplo?
Coca-cola com gelo em dia de sol.
Um gole de água fria durante o calor.
Café feito agora com bolacha Cream Cracker novinha e requeijão.
Cuscuz pronto com manteiga derretendo e ovos mexidos.
Cerveja nevando e carne assada de churrasco.
São sabores crus e parece que são os melhores de todos.
Há uma beleza singular nas coisas mais simples da vida.
Captar essa beleza nas pequenas coisas é o que nos torna mais felizes.
Na sua condição, o Chaves poderia viver desejando banquetes senhoriais, mas ele só queria um sanduíche de presunto.
Nós temos sanduíches de presunto e não os valorizamos — até reclamamos por ser “só de presunto”.
Existe uma estupidez suína em desprezar as graças que estão nas nossas mãos, porque só fazemos isso quando já estamos usufruindo delas — e não há nenhuma lógica nisso.
Sejamos mais gratos pela simplicidade do que possuímos.
Enxerguemos a beleza das coisas pequenas, sintamos o prazer dos acontecimentos comuns, guardemos tudo aquilo no coração.
É amar cada momento como se fosse o último, até a leitura desse texto — porque, convenhamos, ninguém garante que não é.
Muita gente queria apenas um sanduíche de presunto.
Se você tem um, seja grato.
Amanhã pode ser que não tenha mais nem isso.
Precisamos ser fiéis no pouco, como disse Jesus (Mateus 25,21).
É por isso que pedimos a Deus “o pão nosso de cada dia”, ao qual adicionamos o próprio “presunto de gratidão” a Ele.
Todo os dias.
E isso é belo, não é?