No primeiro pronunciamento pós-cirurgia, o presidente apareceu abatido e com a voz mais trêmula que o habitual
No primeiro pronunciamento depois de ser submetido a uma cirurgia na cabeça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que não estava totalmente recuperado da lesão que sofrera em outubro, também na cabeça, em razão de um acidente doméstico. Ele proferiu a declaração na manhã deste domingo, 15, logo depois de ter alta no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.
Desde o incidente de outubro, Lula seguiu sua rotina habitual: trabalho, exercícios físicos e musculação. Essas atividades, realizadas logo depois da lesão na cabeça, pode ter potencializado o problema.
Lula estava internado desde a madrugada da última terça-feira, 10, quando foi submetido a uma cirurgia às pressas para tratar uma hemorragia intracraniana.
Os sintomas são decorrentes do incidente de outubro. Na ocasião, o petista bateu a cabeça e precisou levar pontos. Teve um hematoma na região do crânio e desenvolveu um higroma.
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“É como se fosse um hematoma mais líquido dos dois lados do crânio”, explicou o neurologista de Lula, Rogério Tuma. “Do lado esquerdo, houve um crescimento. Depois, uma diminuição do hematoma. Aí, ele se refez mais agudamente. Do outro lado, teve um crescimento muito lento, depois foi absorvido e desapareceu.”
No pronunciamento deste domingo, o presidente estava com a voz mais rouca e trêmula que o normal. Aos jornalistas, contou que decidiu usar chapéu para evitar que o vissem com cortes e cicatrizes na cabeça.
Ao comentar o procedimento cirúrgico desta semana, Lula disse que errou ao voltar às atividades laborais e físicas precocemente. “Achei que já podia fazer tudo”, disse o petista, ao acrescentar que a tomografia realizada logo depois do incidente de outubro não mostrava problemas no cérebro.
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Ele seguiu a rotina até o domingo 9, quando as dores de cabeça voltaram a incomodá-lo. Na manhã daquele dia, o presidente chamou sua médica pessoal e relatou o problema. Recebeu orientação para ir ao Sírio-Libanês em Brasília, onde passou por uma tomografia que verificou a hemorragia intracraniana.
“Confesso que fiquei um pouco assustado, pelo crescimento da quantidade de líquido na minha cabeça”, disse Lula, no pronunciamento. “Fiquei preocupado. Com a urgência que os médicos me informaram, decidimos vir a São Paulo.”
Na madrugada da terça-feira 10, Lula teve de ser submetido a uma cirurgia para drenar o excesso de líquido no cérebro. Ele ficou sob os cuidados da equipe liderada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho e pela infectologista Ana Helena Germoglio. Dias depois, passou por um segundo procedimento: a retirada do dreno no cérebro.
Ainda no pronunciamento, Lula voltou a atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o petista, a gestão anterior desmontou “as instituições democráticas do país.
“O Brasil não teve um governo de 2019 a 2022, teve uma praga de gafanhotos que resolveu destruir os valores do país: o respeito à democracia, às instituições, à governabilidade”, afirmou Lula.
Ao comentar a prisão do general da reserva Walter Braga Netto, Lula disse que “tem paciência” para esperar a conclusão do julgamento. No entanto, criticou o militar por supostamente ter tentado um golpe no país em 2022.
“Ele tem todo direito à presunção de inocência”, disse o presidente. “O que não tive, quero que tenham: todo direito e todo respeito, para que a lei seja cumprida. Mas, se esses caras fizeram o que tentaram fazer, terão de ser punidos severamente. Esse país teve gente que fez 10% do que eles fizeram, e foi morta na cadeia.”
Lula se refere ao suposto plano de assassinato dele e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), supostamente arquitetado por Braga Netto. Contudo, em nenhum inquérito constam provas de que houve uma trama desse tipo.
No fim do pronunciamento, o presidente voltou a cometer a mesma gafe que cometera em março de 2023. “Tenho 79 anos, energia de 30 e tesão de 20”, concluiu.