No início de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um projeto de lei que cria a Alada, uma empresa pública aeroespacial. A iniciativa é parte do plano de militares da Aeronáutica de transformar a Base de Alcântara, no Maranhão, em um polo de lançamento de foguetes da Space X, de Elon Musk.
Segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo, a Força Aérea Brasileira (FAB) mira a empresa de foguetes do bilionário norte-americano como um “cliente especial”.
A publicação destaca que um relatório elaborado por um grupo interministerial com participação de oficiais da Força defende a ideia de que a estatal tenha primazia na exploração comercial das atividades privadas no local e faz menção à companhia estrangeira.
“A Space X domina a reutilização e executa os lançamentos da Starlink em custo marginal, com a recuperação e reutilização do Falcon 9 se tornando um novo padrão, o primeiro lançador totalmente reutilizável, abrindo o caminho para lançamento a custo marginal”, consta no documento. Outras empresas também são citadas, como a Virgin Galactic e a Blue Origin.
As Forças Armadas brasileiras já têm parcerias com Elon Musk. Em agosto, o Comando Militar da Amazônia contratou serviços da Starlink para unidades militares na região.
Em setembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou investigação sobre possível favorecimento em licitação de R$ 5 milhões, já que a empresa era a única capaz de atender ao edital.
Além disso, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, a rede de satélites foi disponibilizada pelo Exército.
Segundo o Estadão, se for formalmente criada — o que ainda depende de aprovação do Congresso –, a Alada será dependente de recursos do Tesouro e subsidiária da Nav Brasil, vinculada ao Ministério da Defesa e presidida pelo major-brigadeiro do ar José Pompeu dos Magalhães Brasil Filho.
De acordo com o relatório, a nova estatal poderia abrir subsidiárias no exterior e formar sociedade com outras empresas públicas. A implantação do plano de negócios faria com que a Alada deixasse de consumir verbas da União “em curto espaço de tempo”, diz o documento.
O jornal apurou que militares acreditam que a proximidade de Alcântara da linha do Equador garanta uma vantagem competitiva em comparação com outros centros de lançamentos do mundo, pois o consumo de combustível é menor.
Isso se deve à proximidade do local em relação ao espaço, o que reduz o percurso e a força da propulsão necessária.
A FAB, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o Ministério da Defesa foram procurados pelo Estadão, mas não quiseram se manifestar.
Informações Revista Oeste