Na cordilheira do Himalaia, a China está erguendo uma cerca que separa o Tibete do Nepal. Com arame farpado e câmeras de segurança, o local é fortemente monitorado. No Planalto Tibetano, uma inscrição em apoio ao Partido Comunista Chinês é visível até do espaço. Moradores de Humla, no Nepal, afirmam que a China está invadindo seu território.
Os nepaleses também relatam pressões chinesas para que tibetanos étnicos não exibam imagens do Dalai Lama. As cercas dividem comunidades e dificultam a fuga de tibetanos para o Nepal.
Apesar das queixas, os líderes nepaleses, ligados à China, ignoraram um relatório de 2021 sobre abusos na fronteira de Humla. Jeevan Bahadur Shahi, ex-chefe ministerial, chamou a cerca de “nova Grande Muralha da China”.
As fortificações em Humla fazem parte de uma rede que Xi Jinping expandiu para consolidar o controle sobre áreas remotas. A construção, intensificada durante a pandemia, pressiona vizinhos mais frágeis como o Nepal. Estruturas chinesas próximas à fronteira dificultam a vida dos pastores nepaleses.
Com Xi Jinping, a China redefine suas fronteiras, gerando confrontos. Brian Hart, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou que a China intensificou seus esforços para seguir com reivindicações territoriais. Cada ação fronteiriça parece pequena, mas o impacto acumulado é significativo.
“Sob Xi Jinping, a China redobrou os esforços para afirmar suas reivindicações territoriais em áreas disputadas ao longo de sua periferia”, disse Hart.
A expansão territorial da China foi destacada no Relatório de Poder Militar da China de 2023 dos EUA, que descreve as ações de Pequim como perigosas na região do Indo-Pacífico.
Pequenos países, como o Nepal, minimizam disputas fronteiriças por medo de perder apoio econômico chinês. Hart destacou que nações mais fracas enfrentam pressões devido ao desequilíbrio de poder.
A ministra das Relações Exteriores do Nepal, Arzu Rana Deuba, afirmou ao The New York Times que não recebeu queixas sobre a fronteira com o Tibete. O foco está na fronteira com a Índia, onde há mais nepaleses.
A isolada região de Humla foi alvo de uma missão em 2021 que documentou violações chinesas, mas o relatório não foi divulgado.
O relatório descreveu infrações de fronteira, incluindo fortificações chinesas em áreas proibidas. O canal de irrigação nepalês foi temporariamente controlado por forças chinesas. Restrições afetam a prática religiosa dos tibetanos no Nepal. O relatório aconselha que Nepal e China abordem urgentemente as disputas de fronteira.
Embora exista um mecanismo para resolver disputas desde 2006, ele está paralisado. N.P. Saud, ex-ministro das Relações Exteriores, afirmou que reuniões ocorrem, mas inspeções não são realizadas há mais de 17 anos.
A Embaixada Chinesa em Katmandu não comentou, enquanto o governo chinês se declara uma força de paz na região.
Informações Revista Oeste