O ditador da Venezuela, Nicolas Maduro, decidiu chantagear o governo de Joe Biden por causa das possíveis sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela. Isso porque Delcy Rodrígues, vice-presidente de Maduro, alertou Washington no dia 30 de janeiro que a Venezuela estava disposta a se recusar a receber migrantes deportados dos EUA se Biden impusesse novas sanções ao país sul-americano. A partir de amanhã 13, a Venezuela deve pôr em prática sua chantagem.
Se cometerem o erro de intensificar a agressão econômica contra a Venezuela, os voos de repatriação de migrantes venezuelanos serão imediatamente revogados a partir de 13 de fevereiro Rodríguez
De acordo com Maria Anastasia O’Grady, analista política do jornal norte-americano The Wall Street Journal, a decisão de Maduro é um ato de desespero por parte de um governo ilegítimo — reforçado pela tentativa da Venezuela de anexar a Guiana. Caracas está sentindo a pressão internacional (inclusive de governos de centro-esquerda) para realizar eleições livres.
O’Grady lamenta que, dado o histórico de complacência do governo Biden com regimes totalitários, há motivos para temer que Maduro cumpra sua ameaça a partir de amanhã. E que seja beneficiado por Biden. A analista diz também que Vladimir Putin e Xi Jinping dominam o “homem forte venezuelano”.
Em outubro deste ano, a ditadura de Maduro prometeu eleições limpas em 2024, quando assinou um acordo — mediado pela Noruega — com a oposição em Barbados. A analista diz que ninguém esperava que Maduro fosse cumprir sua palavra, exceto talvez Biden. As sanções contra a ditadura sul-americana estavam em vigor desde a administração Trump.
Porém, com Joe Biden, os EUA permitiram que a Venezuela descumprisse o prazo para reintegrar candidatos “banidos” nas eleições. Em janeiro, o Supremo Tribunal, escolhido a dedo por Maduro, desqualificou a candidata popular da oposição, Maria Corina Machado, sob alegações consideradas “absurdas” pelos observadores internacionais. Machado foi acusada de “conspiração” contra o seu país — e viu membros de sua equipe serem presos a mando do ditador venezuelano.
Em 2023, Machado vencera Maduro nas primárias com mais de 90% dos votos, e por isso ela é a grande favorita para derrotar o ditador em caso de eleições justas. O atual governo venezuelano quer eliminar Machado das urnas, na esperança de que surja um “multicandidato”, o que fragmentaria a oposição. Esta é uma velha tática dos governos autoritários para se perpetuarem no poder.
Em janeiro, os EUA afirmaram que estavam se preparando para reimpor as sanções ao petróleo e ao gás venezuelanos em abril. O que deve acontecer em meio à “ausência de progresso” por parte de Caracas no que tange às eleições legítimas.
Ainda de acordo com o Wall Street, a Venezuela está habituada a intimidar Biden com chantagens e vê-lo recuar, e agora está usando a situação dos migrantes para convencer os EUA a desistirem das sanções. No entanto, bloquear a entrada de cidadãos venezuelanos no próprio país seria uma seriíssima violação do Direito internacional.
Na quinta-feira 8, o Parlamento Europeuaprovou uma resolução (446-21) em que afirma que não reconhecerá as eleições na Venezuela se Machado não conseguir autorização para concorrer. A Europa também quer sanções contra o Supremo Tribunal da Venezuela e às suas forças de segurança por causa de “abusos de poder” contra opositores da ditadura comunista.
Na semana passada, o site oficial do presidente Lula, chamado de “pró-Cuba” pela analista norte-americana, anunciou apoio do Brasil à implementação do acordo de Barbados — desacreditado pela maioria das democracias do mundo. Nos EUA, até mesmo líderes da esquerda disseram que na Venezuela “todos os candidatos devem ser elegíveis para competir. Machado é a candidata da oposição”.
Porém, a sensação de otimismo na ditadura comunista sul-americana durou pouco. Isso porque o presidente colombiano Gustavo Petro, antigo terrorista de esquerda, foi sugerido como mediador entre a ditadura da Venezuela e a oposição. O’Grady conclui com uma ironia: “Aparentemente, Raúl Castro não está disponível”.
Informações Revista Oeste