Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade. Neil Armstrongnone
A célebre frase foi dita há exatos 54 anos, quando o astronauta se tornou o primeiro ser humano a pisar na Lua, seguido por Buzz Aldrin. Ambos integraram a missão Apollo 11, da Nasa, ao lado do piloto Phil Collins. Essa é a parte conhecida da história. O que pouca gente sabe é que a empreitada lunar talvez não tivesse entrado para a história sem a ajuda de quatro personagens.
Antes de continuar, é bom repassar alguns detalhes:
Lançada em 16 de julho de 1969, pelo poderoso foguete Saturno V, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida (EUA), a missão Apollo 11 pousou quatro dias depois na região conhecida como Mar da Tranquilidade. Armstrong e Aldrin passaram menos de um dia por lá e retornaram à Terra, junto de Collins. A missão terminou com um mergulho no Oceano Pacífico em 24 de julho de 1969
O que pouco se sabe é que, em vários momentos, as coisas quase deram muito errado. Isso colocou tanto a missão quanto a vida dos astronautas em risco. Com coragem, competência e criatividade, algumas pessoas conseguiram salvar a missão. Conheça quatro histórias:
Sete minutos antes do pouso, um alarme apitou, e a descida à Lua quase foi abortada. O número 1202 piscava no painel, e os astronautas não sabiam o que significava.
A decisão ficou nas mãos do centro de controle da Nasa, que fica em Houston, no Texas. Em meio a momentos de tensão, quem deu o sinal verde não foram os chefões, mas, sim, o engenheiro de computação, Jack Garman, de 23 anos.
O jovem Garman era a pessoa certa para decidir: ele havia passado por simulações com cenários de erro no computador e sabia que o alarme não era crítico e pararia cessar.
Em segundos, a mensagem percorreu a hierarquia de comando da Nasa sem questionamentos até chegar aos astronautas, que foram tranquilizados e puderam seguir.
Faltando três minutos para o pouso, novos alarmes. Dessa vez, sabiam do que se tratava: o computador que guiava a operação estava sobrecarregado. Nessas condições, um sistema poderia travar, o que naquela situação poderia ser fatal.
Para sorte da Nasa, o código da nave havia sido escrito por Margaret Hamilton, pioneira design de software da Nasa, então com 32 anos de idade. E a programação era capaz de reconhecer erros inesperados enquanto orientava a nave.
O alarme disparou devido a um erro humano. Os astronautas ativaram acidentalmente um radar que desnecessário naquele momento — um botão que deveria ficar em “manual” foi deixado em “auto”. Graças a Hamilton, o sistema, então, ignorou isso e priorizou a tarefa mais importante: se preparar para o pouso.
“Se o computador não tivesse reconhecido o problema e tomado medidas de recuperação, duvido que a Apollo 11 teria sido este pouso tão bem-sucedido na Lua. Margareth Hamilton, em texto de 1971none
Em 2016, ela recebeu uma medalha das mãos do presidente Barack Obama, que disse: “Nossos astronautas não tinham muito tempo, mas felizmente eles tinham Margaret Hamilton.” Outra curiosidade: foi ela que cunhou o termo “engenharia de software”, para descrever melhor a profissão.
Na hora de voltar para a nave principal, em que Collins os aguardava, mais um problema. Depois de um passeio de cerca de três horas pela Lua, para coletar rochas e fincar a bandeira dos Estados Unidos, Aldrin e Armstrong voltaram ao Eagle.
Quando subiram as escadas, a mochila de Aldrin bateu no painel de disjuntores e quebrou um dos principais interruptores, justamente o que acionava o motor de subida, necessário para saírem da Lua. Eles tinham poucos recursos disponíveis e precisaram pensar rápido.
Aldrin deu uma de McGyver: usou o corpo de uma caneta hidrográfica para ativar o mecanismo.
“Eu enfiei ela lá. E Houston disse: ‘Oba, temos um circuito ativo’. Então estávamos prontos para prosseguir com a contagem regressiva. Buzz Aldrin, na épocanone
De tão importante, a caneta e o botão quebrado estão até hoje em exposição em um museu da aviação em Seattle (EUA).
Quando os três astronautas estavam voltando à Terra, um último obstáculo: estação da Nasa que se comunicaria com a nave estava com a antena emperrada. Localizada em Guam, uma ilha na Micronésia, ela era a responsável por fazer a telemetria necessária para um pouco mais suave.
O conserto do mecanismo necessário para a antena girar e “seguir” a nave exigia desmontar todo o equipamento. Isso levaria dias, mas os técnicos da Nasa só tinham algumas horas. Passar uma graxa poderia resolver, mas o espaço entre as peças era pequeno demais para um adulto se esgueirar e alcançar a engrenagem defeituosa.
Passava das 22h e o diretor da base, Charles Force, tomou uma medida drástica: buscou seu filho de 10 anos em casa. O pequeno Greg não teve medo, mas enfiou seu bracinho pelo buraco de 6 cm e fez o trabalho.
“Meu pai me explicou por que era importante. Mas tudo o que fiz foi colocar minha mão e passar graxa. Mesmo assim, tenho orgulho de ter sido uma pequena parte disso. Greg Force, em entrevista à CNN quatro décadas depoisnone
A antena voltou a funcionar e, algumas horas depois, a nave Columbia mergulhou com segurança no Oceano Pacífico. Em novembro, os astronautas visitaram a base e fizeram questão de agradecer pessoalmente ao garoto.
Informações UOL