Estadão- Há dias venho pesando e trabalhando muito esse tema, no eu acusador que temos dentro de nós em maior ou menor grau. Sei que para muitos é muito estranho pensar sobre isso, mas é importante entender exatamente como e quando agimos dessa forma.
Sinto que nesse momento todas as nossas emoções estão exacerbadas, fomos engolidos por uma realidade bem desafiadora e acabamos ficando irritados, mal-humorados e nem percebemos o quanto reagimos com rispidez, impaciência e acusações. Estamos tão contaminados pela pressão que enfrentamos diariamente que nem nos damos conta de quanto acabamos projetando as nossas frustrações no outro, e quanto maior a intimidade, mais fácil de perdermos o bom senso.
Pare um pouquinho para relembrar da última vez que passou por isso, conseguiu lembrar? Percebeu que o seu eu acusador surgiu como uma forma de colocar os seus monstros para fora, a raiva, a insatisfação, o medo, o perfeccionista em você que te maltrata e aos outros também? Sabe, nem sempre é fácil olharmos para nós mesmos, estamos tão acostumados a colocar o outro a responsabilidade da nossa felicidade e também da nossa tristeza que nem conseguimos visualizar a possibilidade de estarmos errados.
Interpretamos diversas situações a partir do que nos incomoda e reagimos instintivamente sem avaliarmos com mais cuidado, o nosso ego grita muito na tentativa de se defender e querer estar certo. Tem uma frase famosa que vemos por aí nas mídias que fala sobre estar certo ou ser feliz, e essa é uma questão realmente importante, qual das duas opções você quer tomar como caminho na sua vida, pense.
A internet é um meio fantástico de acessarmos conteúdos, interagir com pessoas, mas sabemos que também é um canal que dá abertura a comentários ácidos, agressivos e na maioria das vezes o fato nem foi lido e é interpretado erroneamente. Esse é um bom exemplo de como acabamos agindo reativamente e acusando pessoas sem motivo algum, mas extravasando e usando o outro como depósito das nossas dores emocionais.
Sabemos que passar por essa experiência na terra é bem desafiadora, não temos controle sobre a nossa vida a não ser imaginariamente, pois a qualquer momento podemos ser surpreendidos com um tombo. Alguns tombos são mais leves e outros bem pesados, sendo fundamental nos prepararmos para esses momentos desenvolvendo a nossa resiliência, e podemos fazer isso lendo, estudando, meditando, passando por processos de autoconhecimento, pois são os meios que nos ajudam a tirar os véus de nossos olhos e a partir disso vamos entendendo e transitando pela vida de forma mais leve e menos equivocada.
Desta forma vamos aprendendo a nos colocar no lugar do outro desenvolvendo a empatia e desta forma o eu acusador vai perdendo as forças, passamos a ter mais responsabilidade pela nossa vida, pela nossa felicidade ou infelicidade, deixando de usar a estratégia de acusação para liberarmos os nossos problemas. Quando cada pessoa aprender a olhar para si mesmo e parar de olhar para os defeitos que acredita enxergar no outro, mudaremos a nossa vida impactando o todo.