Em 2021, o mercado de trabalho procura (e está pagando bem) profissionais nas áreas de recursos humanos, tecnologia da informação, marketing digital e especialistas em logística.
Segundo pesquisa realizada no Brasil pela multinacional Robert Walters, especializada em recrutamento, o salário de contratação pode chegar a R$ 60 mil, como é o caso de um diretor de logística ou diretor financeiro, dependendo do tempo de experiência na função.
O levantamento completo tem 96 cargos de áreas específicas —você pode pesquisar por diversas profissões no site da Robert Walters (em inglês). As principais funções consideradas em alta estão na tabela abaixo.
Em entrevista ao UOL, o diretor-geral da Robert Walters no Brasil, Leonardo Souza, falou sobre tendências para o mercado de trabalho, dicas de qualificação e profissões que estão perdendo espaço. Confira.
A aposta para 2021 é a consolidação do trabalho remoto, ou home office. Souza aposta na consolidação de um modelo híbrido, em que as empresas vão adaptar dias e horários específicos para ter profissionais presencialmente na sede.
A parcela de tempo que um trabalhador ficará em home office depende da função. Pessoas que têm o trabalho organizado por tarefas executáveis a distância tendem a ter maior produtividade em casa, e as empresas perceberam isso durante a pandemia, afirma Souza.
Mas há consequências que deverão ser levadas em conta pelos funcionários e gestores. “A desvantagem [do trabalho remoto] é a desconexão de aspectos intangíveis do mundo corporativo, como o entendimento da cultura da empresa, além da construção e refinamento de um espírito de time”, afirma o executivo.
Outra tendência de mercado fortalecida durante a pandemia foi a negociação pela internet. Isso criou uma demanda por profissionais capazes de gerir estoques e controlar toda a cadeia necessária para levar o produto ou serviço até o cliente.
“Com o crescimento dos canais virtuais, a logística fica mais complexa. Então profissionais com experiência nesta área tendem a ser valorizados”, diz Souza.
Não é novidade a procura por mão de obra especializada em TI (tecnologia da informação). Mas as medidas de isolamento social intensificaram a necessidade de digitalizar processos —e acelerou a busca das empresas por gente capaz de dar conta dessa tarefa.
De pouco adianta ter milhões de dados se a empresa não souber converter tanta informação em resultados. É aí que entra a demanda por profissionais de marketing digital.
A ideia é ter gente capaz de analisar os dados que a empresa coletou e convertê-los em ações para atrair novos clientes.
“As empresas estão investindo mais na análise dos dados. A partir desse entendimento preciso de quem é seu cliente, uma série de ações de marketing, a maioria virtuais, podem ser aplicadas”, disse o executivo da Robert Walters.
Companhias que querem liderar no mercado precisam de pessoas com o mesmo espírito. A melhor forma de conseguir isso é investir numa equipe de RH capaz de selecionar e atrair bons profissionais.
Vem se falando há muito tempo sobre a transformação digital das empresas, e isso é um fato. Mas uma verdadeira transformação digital tem a ver com a transformação da própria companhia, da cultura dela. Isso depende de como a empresa gerencia seu capital humano.Leonardo Souza, da Robert Walters no Brasil
A automatização de funções (ou seja, quando um robô ou máquina faz as vezes de um humano) já é realidade no Brasil. “Parece meio ‘Black Mirror’, mas não é”, diz Souza, referindo-se à série britânica futurista de televisão. “Quem não se adaptar a esse mundo novo, quem for resistente a isso, vai perder espaço”.
Ele cita como exemplo a interação de clientes com robôs nos canais de atendimento das empresas, como se ali houvesse um humano do outro lado da linha. Na prática, essa tendência gera empregos qualificados ligados à área de tecnologia, enquanto vários funcionários de telemarketing são dispensados.
Segundo Souza, manter-se atualizado é sempre importante para ter oportunidade nas melhores vagas. A novidade é que as empresas estão aos poucos abrindo mão da qualificação formal (aquela com diploma em instituição de ensino), principalmente para cargos relacionados ao uso de ferramentas tecnológicas.
“Esses profissionais podem vir com uma bagagem ortodoxa, mas muitas vezes são autodidatas”. De acordo com o executivo da Robert Walters, a tendência é que os recrutadores levem em conta a qualificação que os candidatos adquiriram por iniciativa própria, independentemente de diploma que ateste essa capacitação.
Informações UOL Economia