O presidente do Peru, Pedro Castillo, foi detido pela polícia. Mais cedo, Castillo havia anunciado a dissolução temporária do Congresso e a convocação de novas eleições parlamentares. Ele permanece sob custódia das autoridades na sede da Prefeitura de Lima. O anúncio de Castillo aconteceu pouco antes de o Congresso aprovar o impeachment do presidente.
O procurador-geral do Estado, Daniel Soria, apresentou uma denúncia criminal contra Castillo pela “suposta prática dos delitos de sedição, abuso de autoridade e grave perturbação da tranquilidade pública”.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Castillo, que é esquerda, acusa o Congresso de impedi-lo de governar.
O Parlamento votou hoje o terceiro processo de impeachment contra Castillo por “incapacidade moral”, uma manobra que já derrubou dois ex-presidentes desde 2018: Martín Vizcarra e Pedro Pablo Kuczynski.
Com o anúncio de Castillo, ao menos 12 ministros do Peru renunciaram aos cargos, como AlejandroSalas (Cultura e Trabalho), Félix Chero (Direitos Humanos), Kurt Borneo (Economia e Finanças) e César Landa (Relações Exteriores).
Castillo assumiu o poder em julho do ano passadoao derrotar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori. Desde então, por várias vezes, foi alvo de moções e investigações parlamentares que tentavam retirá-lo do poder, mas o político conseguia reverter as medidas durante as votações em plenário. O anúncio do presidente peruano ocorre pouco mais de 30 anos após o autogolpe do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que dissolveu o Congresso em 5 de abril de 1992.
“O Congresso destruiu o estado de direito, a democracia, a separação dos poderes, modificando a Constituição com leis ordinárias com objetivo de destruir o Executivo e instaurar uma ditadura parlamentar”, argumentou.
“Os adversários políticos mais extremos se unem para fazer o governo fracassar para tomar o poder sem terem ganhado as eleições. Essa situação intolerável não pode continuar”, continuou o presidente.
Tomamos a decisão […] de dissolver temporariamente o Congresso da República e instaurar um governo de emergência excepcional
Pedro Castillo, presidente do Perunone
Peruanos contra e a favor do governo protestam em frente à sede do Congresso, na capital Lima. Transmissão ao vivo agência de notícias Reuters da fachada do Palácio Legislativo mostram manifestantes cantando e portando bandeiras, cercados por policiais armados com escudos.
Outro grupo de manifestantes também protesta contra Castillo em frente à prefeitura de Lima, onde autoridades se reúnem para enfrentar a crise.
A Embaixada dos Estados Unidos no Peru rechaçou hoje “categoricamente todo e qualquer ato inconstitucional” do presidente Pedro Castillo.
“Os Estados Unidos instam fortemente o presidente Castillo a reverter sua tentativa de fechar o Congresso e permita as instituições democráticas funcionarem, de acordo com a Constituição”, diz trecho de comunicado.
Informações UOL