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Japão Tóquio COVID-19

A população mundial atingirá a marca de oito bilhões de pessoas no mês que vem. A ONU adverte para que o mundo não se envolva em “alarmismo populacional” e concentre energias em ajudar mulheres, crianças e pessoas mais vulneráveis às alterações demográficas.

O crescimento populacional tem sido tema de debate para muitos analistas, especialmente porque terá impacto em um mundo que já enfrenta desigualdades, crise climática, deslocamento e migração alimentadas por conflitos, dizem.

A diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), Natalia Kanem, se diz contrária a esse discurso alarmista: sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam preocupações de que o nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas e recursos insuficientes para sustentar todas as vidas. Mas estou aqui para dizer claramente que o grande número de vidas humanas não é motivo de medo”.

Em declarações citadas pelo jornal britânico The Guardian, Natalia pede que os países se concentrem em ajudar as mulheres, crianças e pessoas marginalizadas que são mais vulneráveis às mudanças demográficas.

Natalidade e medo

A diretora do fundo relembra que, caso os governos se concentrem apenas nos números, correm o risco de impor controles populacionais, caminho que a História já mostrou ser “ineficaz e até perigoso”.

“De campanhas de esterilização forçada a restrições ao planejamento familiar e contracepção, ainda vivemos o impacto duradouro de políticas destinadas a reverter ou, em alguns casos, acelerar o crescimento populacional”, observou Natalia Kanem.

“E não podemos repetir as violações flagrantes aos Direitos Humanos que roubam as mulheres de sua capacidade de decidir se ou quando engravidar, se é que o fazem. O alarmismo populacional apenas distrai do foco principal”, disse.

A ONU estima que cerca de 60% das pessoas no planeta vivem em países com níveis de natalidade abaixo do nível de reposição das gerações anteriores, onde ocorre uma média de 2,1 nascimentos para cada mulher.

Esta percentual contrasta com a taxa de fecundidade de oito países, como a Nigéria, Etiópia e Filipinas, que deverão responder por metade de todo o crescimento populacional até 2050. Um desses países, a Índia, deverá ultrapassar a China a partir do próximo ano e tornar-se o país mais populoso do mundo.

Migrantes

A diretora da UNFPA relembra uma outra realidade atual: as novas comunidades de imigrantes têm taxa de natalidade superior à do país onde chegam.

Natalia Kanem reafirma que esses nascimentos “não são motivos de medo. De fato, em termos da crise do envelhecimento, teremos que buscar soluções que incluam a migração de pessoas dispostas a ajudar no cuidado de idosos, etc”.

A diretora do Unfpa defende que “isso não deve alimentar a xenofobia e o ódio pelo outro” e alerta para os discursos alarmistas que “manipulam” essas dinâmicas para desencadear tensões sociais.

Informações RTP via Agência Brasil

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