A professora de São Paulo Rosy Roncon, de 64 anos, relutou antes de aceitar se relacionar com o seu ex-aluno Lincoln Martins, de 28, atendente de farmácia e estudante de psicologia. Eles já se conheciam havia 15 anos, mas o namoro começou só em agosto de 2022.
A diferença de idade chama a atenção e motiva comentários preconceituosos. A Universa, Rosy conta sua história.
“Há 15 anos, dei aula [de língua portuguesa] para o Lincoln [na rede estadual], quando ele ainda era uma criança. Depois que deixei de ser professora dele, o Lincoln sempre arrumava um motivo para entrar em contato. Mandava mensagem perguntando se eu tinha lido algum livro, me pedindo sugestões de leitura, opiniões sobre textos que havia escrito.
Era normal estar em contato com meus ex-alunos, mas, depois de 15 anos [das aulas], ele começou a mandar mensagens diariamente, falando coisas cotidianas. Um belo dia, confessou que era apaixonado por mim, que nunca me esqueceu, sonhava e pensava em mim com freqüência. Foi uma surpresa e achei até engraçado.
Procurei respeitar o que ele estava me falando. Tentei convencê-lo de que era uma ilusão, de que gostava de mim como professora. Falei que já era uma senhora e para ele olhar para os lados porque deveria ter muita menina querendo ficar com ele.
Só que o Lincoln disse que não, que me acompanhava pelas redes sociais e só não falou antes [que era apaixonado] porque ainda era moleque e estava esperando se transformar em um homem para tomar alguma atitude.
Isso durou uns três meses até que resolvi colocar um ponto final porque a coisa estava crescendo muito. Então falei: ‘vem para a minha casa e vamos conversar’.
Estava tão desinteressada [no dia do encontro] que nem tomei banho. Para minha surpresa, na hora em que fomos nos cumprimentar, saiu um beijo e foi bom. Não só foi bom: vi que aquilo era tão normal e parecia que aquele beijo acontecia toda hora.
Mexeu comigo e pensei: ‘ferrou tudo’. Minha intenção era de que ele chegasse [em minha casa] e visse as minhas marcas da idade, gordurinhas a mais, o cabelo branco.
Achei que ele teria um choque de realidade. Pensava que iríamos rir de tudo isso e seguiríamos em frente.
Depois daquele beijo entrei em uma confusão danada porque eu tinha gostado muito do beijo e de conversar com ele. Só que, de certa forma, me assustava muito começar um relacionamento e ele deixava claro que era isso o que querianone
Eu não queria. O preconceito era meu e pensava em como apresentar um garoto de vinte e poucos anos para meus amigos. Ficava com medo do julgamento da minha família, mas a gente continuou se vendo. Em 15 dias, assumimos para todos que estávamos juntos.
Começou uma enxurrada de conselhos. Falavam para eu ter cuidado com minha senha do banco, que ele me exploraria. Ficava com medo a cada vez que alguém vinha me aconselhar, porque gerava uma dúvida se eles estavam com razão. Por outro lado, estar com o Lincoln era tão bom, eu ficava tão bem.
Em pouco tempo nos apresentamos para as nossas famílias. O Lincoln passou a fazer parte do meu cotidiano.
Meus amigos chegaram a falar que ele só estava de olho nos meus bens materiais, mas sou professora, nem tenho um padrão de vida altonone
Minha irmã ficou com medo de eu ficar com ele sozinha e ele me assaltar, porque ela via muitas notícias na TV sobre isso.
O caso mais agressivo de preconceito foi quando voltávamos do teatro, em uma noite de sábado, e resolvemos dar uma volta na Avenida Paulista. Um cara olhou bem sério e perguntou para ele como fazia para arrumar uma coroa que o sustentasse, uma sugar mommy [mulheres que pagam por relacionamentos afetivos com pessoas mais jovens].
Olhamos um para a cara do outro e continuamos andando. O Lincoln falou que arrumamos um fã, mais um que se preocupa com nossa vida.
O que posso falar agora é que estou muito feliz, viajamos, adoramos estar um com o outro. Ele fica a metade da semana aqui [na casa dela] e eu também vou muito à casa onde ele mora com a família. Não me arrependo de nada.
Informações Universa UOL