Foto: Ricardo Stuckert/PR.
A ausência de uma posição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a decisão de Nicolás Maduro de anexar parte da Guiana incomoda as Forças Armadas.
Comparam com a verborragia do presidente sobre as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Dizem que o conflito local é o único que pode impor riscos ao Brasil.
O presidente disse ser necessário “bom senso” dos 2 países sul-americanos. Não citou Maduro nem o referendo. Repetiu a estratégia de igualar os lados, como fez nos outros conflitos.
Lula afirmou que pretende visitar a Guiana em 2024. Participará da cúpula do Caricom (Mercado Comum e Comunidade do Caribe), que deve ser realizada em fevereiro. “Eu quero participar porque são coisas que tenho interesse de falar sobre democracia, financiamento”, disse.
O petista e o venezuelano são aliados. Em maio, Lula chegou a dizer que muitas das críticas ao regime considerado uma ditadura na Venezuela são “narrativas“. A fala foi feita em visita de Maduro ao Brasil.
Militares dizem que a falta de uma definição política de como tratar o aumento nas tensões causada pelo referendo venezuelano impede a construção de estratégias na fronteira.
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) monitora a situação via PPIF (Programa de Proteção Integrada de Fronteiras). Até o momento, só uma decisão foi tomada: não será permitido o deslocamento de tropas venezuelanas pelo Brasil.
Lula se reuniu com o chanceler Mauro Vieira e o assessor especial Celso Amorim na 4ª feira (6.dez). Encontra-se com José Múcio (Defesa) na 6ª (8.dez).
Múcio disse ao Poder360 que caberá ao Itamaraty decidir, junto ao presidente, o tratamento do conflito: “Minha parte é garantir a soberania brasileira“.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na noite de domingo (3.dez.2023) que os eleitores venezuelanos votaram a favor das medidas que podem levar à anexação de 74% do território da Guiana. Segundo a autoridade eleitoral do país, mais de 95% das pessoas aprovaram as 5 perguntas do referendo para a criação do Estado de Essequibo.
Em post no X, Maduro comemorou o resultado. “Celebração da grande vitória do povo venezuelano no referendo consultivo para a defesa da nossa Guiana Esequiba”, escreveu.
Durante a realização da votação, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que a população guianense não deve temer o referendo realizado na Venezuela. Afirmou que a 1ª linha de defesa é a diplomacia e que trabalha para que as fronteiras fiquem “intactas”. Também declarou que a Guiana está em posição de forte defesa e conta com o apoio de vários países, como os Estados Unidos, Canadá e França.
Poder 360