O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) se colocou como representante comercial de uma fábrica de sabão para tentar instalar uma indústria no Rio de Janeiro. No período, o filho de Jair Bolsonaro era alvo de investigações sobre supostas práticas de lavagem de dinheiro e peculato em seu gabinete na Assembleia Legislativa.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, Flávio se tornou sócio da Kryafs Participações, e estimou receber cerca de R$ 500 mil por tentar instalar uma fábrica da Espumil no Rio de Janeiro. Mas o projeto não foi pra frente.
À publicação, o sócio-diretor da Espumil, João Paulo Dantas, afirmou que foi pressionado a incluir Flávio no negócio, mas decidiu interromper as tratativas com a Kryafs. A empresa foi aberta em junho de 2019, quando a Justiça havia determinado a quebra do sigilo bancário e fiscal de Flávio e outras 102 pessoas físicas e jurídicas.
“Houve uma pressão do Fábio para tentar colocar o Flávio numa situação comigo para montar a empresa. Não quero meu nome nem minha marca envolvida com político que tenha alguma coisa de errado ou que seja investigado, ou filho do presidente. Não sei se ele fez [algo de errado]. Mal conheço ele, só de cumprimentar. Mas não quero nada atrelado a ele”, afirmou.
O diretor da fábrica baiana, com sede em Feira de Santana, se refere ao empresário Fábio Mariz. Sócio de Flávio Bolsonaro, ele era representante comercial da Espumil no Rio de Janeiro. Segundo a Folha, Fábio disse que convidou o senador por ser seu amigo e pela possibilidade de ser um bom negócio.
A apuração do Ministério Público sobre a “rachadinha” no gabinete de Flávio na Alerj apontou suspeita de lavagem de dinheiro, por meio da compra e venda de imóveis e de uma loja de chocolates. A Kryafs não entrou na investigação do MP.
Fazer parte do quadro societário de uma empresa infringe o Código de Ética do Senado. O regulamento proíbe seus membros de serem proprietários, diretores, controladores ou “patrocine a causa” de uma empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público.
Em nota à Folha de S.Paulo, Flávio Bolsonaro disse que a sociedade será extinta, porque o projeto não se concretizou. O filho do presidente da República não disse, no entanto, que papel teria como representante comercial da fábrica.
Rotativo News/informações/Bahia.Ba
Foto: Wilson Dias