Foto: REUTERS/Gaby Oraa.
O Ministério Público (MP) da Venezuela emitiu um mandado de prisão contra o opositor Juan Guaidó, que chegou a se autoproclamar presidente do país em 2019. A informação foi divulgada pelo procurador Tarek William Saab, nesta quinta-feira (5).
De acordo com o procurador, o órgão vai pedir que a Interpol emita um alerta vermelho para a captura de Guaidó. A solicitação será baseada em investigações de um tribunal dos Estados Unidos.
O MP da Venezuela afirma que a Corte dos Estados Unidos apurou que Guaidó usou recursos da PDVSA — estatal de produção de petróleo — para pagar despesas pessoais, além de obrigar a empresa a aceitar condições de refinanciamento de uma dívida da estatal.
O órgão diz ainda que as ações de Guaidó diante da estatal petroleira causaram prejuízos de US$ 19 bilhões (R$ 98 bilhões), além da perda quase definitiva da Citgo, que é uma subsidiária da PDVSA nos Estados Unidos.
“O governo [autoproclamado] de Guaidó acessou ativos das subsidiárias da PDVSA nos EUA e os utilizou para se financiar, contornando qualquer direito que a PDVSA possa ter sobre os dividendos corporativos”, disse o procurador.
Quando Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela, o líder venezuelano foi reconhecido por vários países, como os Estados Unidos.
Durante um pronunciamento, Saab afirmou que as investigações apontam que Guaidó é um “criminoso internacional” e chefe de uma “gangue criminosa” estruturada.
“Foram designados promotores para emitir uma ordem de prisão contra ele e a respectiva solicitação de alerta vermelho da Interpol para que este indivíduo pague por esses crimes que a Justiça dos Estados Unidos da América está ciente e divulgando”, disse Saab.
De acordo com o Ministério Público, Guaidó é investigado por traição, usurpação de funções, desvio e lavagem de dinheiro, além de outros crimes.
Além disso, o governo interino do opositor venezuelano é alvo de mais de 25 investigações do Ministério Público por usurpação de funções, lavagem de dinheiro, terrorismo, tráficos de armas, traição e associação.
O Ministério Público informou que o governo autoproclamado de Guaidó fez nomeações fictícias para os conselhos administrativos de empresas estatais, além de embaixadores e encarregados de negócios para representar a Venezuela em outros países.
Todas as investigações que envolvem Guaidó e o governo autoproclamado, segundo o MP da Venezuela, já resultaram e 129 prisões e 63 condenações.
“Isto revela a luta incansável do Ministério Público contra aqueles que traem o país e procuram quebrar o clima de estabilidade política, de paz e de convivência pacífica que tanto nos tem custado às instituições e ao povo em termos que são um exemplo para o mundo”, afirmou Saab.
Guaidó chegou a se autoproclamar “presidente encarregado” da Venezuela, em 2019, ao alegar que a reeleição de Maduro havia sido uma fraude. À época, alguns países reconheceram o líder no cargo, incluindo Brasil e Estados Unidos.
A ofensiva para tentar depor o governo de Maduro acabou se frustrando com o tempo, e o governo interino de Guaidó foi eliminado pela própria oposição venezuelana no fim de 2022.
Atualmente, a oposição da Venezuela se organiza para definir um candidato que possa enfrentar Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 2024.
G1