Foto: Ricardo Stuckert/PR.
Convidado para participar da reunião entre os presidentes da Venezuela e da Guiana, Luiz Inácio Lula da Silva enviou o assessor especial Celso Amorim. O encontro será realizado nesta quinta-feira (14) na ilha caribenha de São Vicente e Granadinas e tem o objetivo de discutir a disputa territorial que envolve a região de Essequibo.
O encontro entre os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Irfaan Ali (Guiana) é promovido pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que tem São Vicente e Granadinas na presidência temporária.
Lula e Amorim se encontraram nesta quarta (13), no Itamaraty, para aparar as arestas antes da reunião. O governo brasileiro defende a ideia de que o conflito seja solucionado via diplomática, sem armas.
Recentemente, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que o Brasil não vai permitir o uso do território de Roraima, que faz fronteira com a Guiana e a Venezuela, para eventual ação do Exército de Nicolás Maduro contra o país vizinho.
Na semana passada, o governo intensificou a presença militar na fronteira norte brasileira. O titular argumenta que a medida é natural, e não significa que vá participar da “confusão”.
Amigos de longa data, Lula conversou por telefone com Maduro no último dia 9. Na ocasião, o petista afirmou que os países da América do Sul têm “crescente preocupação” com a questão de Essequibo e se ofereceu novamente para mediar os entendimentos, além de dizer que a América Latina é uma “região de paz com longa tradição de diálogo”.
Lula e Maduro falaram ainda sobre a declaração aprovada no encontro dos países do Mercosul, condenando “ações unilaterais”. Na reunião, realizada no último dia 7, o líder brasileiro afirmou que o bloco econômico não pode ficar “alheio” ao conflito e que o continente sul-americano não precisa de guerra, e sim de paz.
“Nós estamos acompanhando com crescente preocupação os desdobramentos da questão relacionada a Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio a essa situação”, disse Lula. “Não queremos que esse tema contamine a retomada do processo de integração regional ou constitua ameaça à paz e à estabilidade”, completou.
O território, de 160 mil km² e com 120 mil habitantes, é alvo de disputa pelo menos desde 1899, quando esse espaço foi entregue à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época. A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”.
Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra — logo após a independência da Guiana —, segundo o qual a região ainda está “por negociar”. Existem estimativas de que o local dispõe de bilhões de barris de petróleo. A posição do governo brasileiro é de uma solução negociada, sem respostas militares nem bélicas na região.
R7