Estudo sobre simbiossexualidade revela atração pela dinâmica e sinergia em relacionamentos.
A pesquisa de Sally W. Johnston mostra que 40% dos entrevistados sentem atração por casais devido à energia compartilhada.
Mulheres bissexuais ou pansexuais destacam-se na simbiossexualidade. Saiba mais sobre esse fenômeno na notícia completa abaixo.
Estudo busca compreender a definição e a motivação por trás de uma nova forma de atração: a simbiossexualidade. Dentro do conceito, os indivíduos sentem atração pela dinâmica e pela sinergia existentes entre os membros de um relacionamento.
Fenômeno corresponde à “atração pela energia, multidimensionalidade e poder compartilhado entre as pessoas nos relacionamentos”. A simbiossexualidade é uma experiência individual de atração sexual e/ou romântica pela “sinergia” ou “terceira força” criada por um casal – também serve para trisais e outros formatos poliamorosos, já que estamos falando de como funciona essa parceria.
Conceito é diferente de sentir atração pelos indivíduos de um casal. Trata-se especificamente da atração pela dinâmica relacional que esse casal criou entre si. Ao invés de sentir atração pelas pessoas em si, na simbiossexualidade a pessoa é atraída pela relação que vê entre um casal.
Alguns temas foram levantados com frequência como motivos de atração. São eles:
Pesquisa sobre o tema levantou debate sobre a existência dessa forma de atração. Sally W. Johnston, responsável pelo estudo, se baseou nos dados da pesquisa The Pleasure Study de 2023 para se aprofundar no tema e chegar às conclusões publicadas na revista científica Archives of Sexual Behavior em abril deste ano. A especialista entrevistou adicionalmente dezenas de pessoas.
Sally faz parte do Departamento de Sexualidade Humana do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia. A especialista tem ainda o cargo de professora adjunta da Universidade de Seattle, onde também se dedica a estudos sobre mulheres, gênero e sexualidade.
Embora inesperada ou desconhecida, a atração simbiossexual pode ser uma experiência potencialmente significativa
Sally W. Johnston, responsável pelo estudo sobre o tema
Segundo Sally, sua análise comprova que muitas pessoas se identificam com a simbiossexualidade. Segundo a especialista, quase 40% dos entrevistados na The Pleasure Study relataram sentir atração por pessoas em um relacionamento, especificamente casais.
Simbiossexualidade tem maior prevalência em um grupo específico da população. De acordo com os dados analisados por Sally, mulheres bissexuais ou pansexuais têm maior participação dentro do fenômeno. O termo unicórnio é citado pela especialista como bastante presente nos indivíduos que se identificam com a simbiossexualidade. Usado principalmente em comunidades não monogâmicas, o termo se refere a pessoas interessadas em se envolver com casais heterossexuais.
Definição é diferente de outros termos já conhecidos. A atração pelo relacionamento em si ou pela energia compartilhada entre as pessoas deste relacionamento diferencia a simbiossexualidade das plurissexualidades, como a bissexualidade ou a pansexualidade, que são definidas como atrações por mais de um gênero ou atrações por todos os gêneros.
Conceito ainda é pouco estudado e discutido. “A falta de reconhecimento e validação desta atração, inclusive na comunidade poliamorosa, pode estar impactando negativamente aqueles que vivenciam atração simbiossexual”, diz Sally em seu estudo.Continua após a publicidade
Especialista busca propagar o conhecimento para combater o preconceito contra a simbiossexualidade. De acordo com Sally, pessoas que se enquadram no conceito podem sofrer discriminação até mesmo nos locais onde buscam apoio e informação. “Estas descobertas revelam informações importantes sobre a existência e a natureza da atração simbiossexual que desafiam a invisibilidade, a invalidação, o estigma e a discriminação” sobre o tema.
Discussão sobre o conceito amplia conhecimento sobre novas formas de desejo e de relacionamento entre as pessoas. Para Sally, estudar a simbiossexualidade “ultrapassa os limites dos conceitos de desejo e orientação sexual” até então conhecidos e difundidos em todo o mundo. De acordo com a especialista, a continuidade dos estudos sobre o tema é fundamental para entender como as pessoas encaram o termo e como a definição de simbiossexualidade ressoa em suas vidas.
São necessárias mais pesquisas sobre como as pessoas dão sentido às suas experiências de atração por pessoas em relacionamentos no contexto da sua orientação sexual e das informações socioculturais que receberam sobre sexualidade
Sally W. Johnston
Informações UOL