O clima no “BBB 21” anda pesado. Desde a última festa “Herança Africana”, na sexta-feira, (29), quando Lucas Penteado se desentendeu com vários participantes, os internautas têm assistido um show de horrores protagonizado por Karol Conká, que já revelou seu objetivo: “Deixar esse menino tantã”.
No sábado, em conversa com Lumena, Nego Di e João Luiz, a rapper tramou um plano para expulsá-lo da mesa. “Vamos falar para ele: você vai comer depois, a gente vai comer aqui e você come depois”.
E não para por aí. Em outros momentos Karol, sempre acompanhada de seus aliados, disse que Lucas teria que “lavar a bunda da galera”, insinuou que ele usa drogas e chegou até a compará-lo ao ex-goleiro Bruno, condenado em 2013 pelo homicídio triplamente qualificado da ex-namorada, ocultação do cadáver, sequestro e cárcere privado do filho.
Essas agressões são caracterizadas como tortura psicológica. Já o abuso psicológico ocorre quando os limites são ultrapassados, ou seja, as opiniões e os atritos começam a ferir. De acordo com a legislação brasileira, em alguns casos, a tortura pode até levar à prisão do agressor.
“Tortura é um abuso exacerbado, mas o próprio abuso já é uma tortura e causa danos severos”, explica Cláudio Paixão Anastácio de Paula, doutor em psicologia social pela USP (Universidade de São Paulo) e professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Nesses casos, a vítima se sente paralisada, começa a questionar os próprios sentimentos, os instintos e, às vezes, até a própria sanidade. Já o agressor questiona tudo, afirma ser o dono da razão, critica, ironiza, ameaça, isola a vítima, controla seus passos, minimiza e ignora o sentimento alheio, inverte as situações ao seu favor e tem prazer sádico em ver o sofrimento do outro.
Psicopatas podem ter esse tipo de atitude, mas isso não significa que todos que cometem essas agressões são psicopatas.
“Isso gera insegurança, a pessoa pede desculpas constantemente, quer se justificar, não sabe o que fazer, não consegue ficar feliz”, exemplifica De Paula. “E, às vezes, aquilo que ela fez pode ser grave num contexto, numa situação, mas talvez não seja um demarcador de caráter, as pessoas falham, erram. E no final ela pensa que não é boa suficiente e que não faz nada certo. Tudo isso faz com que ela perca o equilíbrio emocional necessário para sobreviver nesse mundo”, completa.
Tanto o abuso como a tortura causam uma série de impactos negativos na saúde física e mental, como depressão, ansiedade, traumas, e até um estressepós-traumático, quando o abuso foi tão intenso que a pessoa não consegue esquecer.
E quando o estresse é prolongado altera todo o metabolismo. “Altera a produção de glicose, paralisa o intestino, porque você direciona energia para pressionar os músculos para lutar ou para correr, aumenta a pressão sanguínea, a pressão arterial, o risco de infarto e derrame, a pessoa pode ficar obesa, porque muda toda a digestão. A imunidade, em geral, abaixa, porque você tem que fortalecer os músculos”, descreve o professor da UFMG.
Quando há uma tortura, na maioria das vezes, a pessoa tem duas escolhas: ou lutar contra ou correr/fugir. Essa situação gera um desequilíbrio mental, uma vez que ela fica o tempo todo arisca, se preparando para um novo “ataque”.
Todos esses danos também podem surgir a curto prazo, dependendo da intensidade das agressões e a posição da vítima.
Segundo o professor da UFMG, o abuso e a tortura podem ser praticados no coletivo ou individualmente. Um grupo que se identifica pode cometer as agressões ou até mesmo um pai contra o filho, um cônjuge, um chefe.
“Porque tem uma assimetria de poder: quem é o abusado geralmente tem menos força em termos físicos, emocionais ou até sociais. Às vezes a pessoa pode até ser mais forte, como um homem, mas está sofrendo abuso de um grupo, que se junta para ameaçá-lo com autoridade”, diz o professor.
O abuso emocional pode gerar traumas durante a vida inteira, mesmo que a agressão tenha sido por pouco tempo. Em casos de histórico anterior, o caso é ainda mais grave.
As vítimas sempre saem fragilizadas da situação. Por isso, para uma recuperação, é necessário tratamento adequado e terapia.
“Os danos são reversíveis, mas depende muito, muito, muito de a pessoa ter essa conjuntura transformada. Então, ela precisa sair ou ser retirada desse ‘espaço’, receber proteção e acolhimento”, finaliza o professor da UFMG.
Informações Viva Bem/ UOL