O dólar fechou em forte alta de 1,64% nesta terça-feira (16/4), cotado a R$ 5,26, o maior patamar em mais de um ano – o valor não era alcançado desde março de 2023.. No dia anterior, segunda-feira (15/4), a moeda americana já havia registrado uma elevação expressiva, com valorização de 1,24%, a R$ 5,18.
Há um conjunto de fatores que vem exercendo forte impacto na valorização do dólar frente ao real. Três deles, contudo, têm agido de forma especialmente intensa nos últimos dias.
Na segunda-feira (15/4), essas três alavancas atuaram conjuntamente para impulsionar a moeda americana. Uma delas foi o acirramento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel, no sábado (13/4).
Nesse caso, o temor do mercado é óbvio. Se o confronto ganhar fôlego, o preço do petróleo vai subir, o que vai alterar o arranjo de preços globais e, por conseguinte, as perspectivas de inflação no mundo.
Em paralelo, também na segunda, foram divulgados dados sobre o desempenho do varejo nos Estados Unidos. Em março, as vendas do setor subiram 0,7%, ante uma expectativa de crescimento de apenas 0,3%. O resultado mostrou que a economia americana segue aquecida, o que diminui a perspectiva de queda dos juros no curto prazo no país.
As taxas altas de juros nos EUA aumentam o interesse dos investidores por títulos do Tesouro americano. Em contrapartida, reduzem a atratividade de ativos de renda variável, com maior risco, como as ações negociadas nas bolsas de valores, principalmente em países emergentes. O dólar também sofre pressão de alta nesse processo.
Por fim, ainda na segunda, o governo federalconfirmou que vai a mudar a meta fiscal em 2025, alterando a previsão de um superávit primário (saldo positivo entre despesas e receitas, sem contar despesas com juros da dívida pública) de 0,5% para uma estimativa de indice zero – com eventual déficit de 0,25%.
Com isso, para o economista Emerson Marçal, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), embora o movimento de apreciação do dólar seja comum a todas as moedas, o Brasil acaba “sofrendo um pouco mais”. “Isso porque nossa situação fiscal é complicada e o governo dá sinais que irá postergar o ajuste ao máximo que der”, afirmou Marçal.
Informações Metrópoles