O traje espacial que os astronautas da Nasa vão usar na Lua chamou a atenção há algumas semanas, não apenas por fazer parte de uma missão histórica. Um protótipo foi apresentado na cor preta, bem diferente do tradicional branco, usado por questões de sobrevivência.
A verdade é que tudo não passou de uma estratégia da Axiom Space, que desenvolveu o uniforme, para esconder detalhes de seu “design proprietário”. Para que os concorrentes não copiem as inovações, a novidade foi exibida com uma “capa” escura, com estilosas faixas azuis e laranjas.
O novo traje será usado apenas na missão Artemis 3, prevista para 2025, quando a tripulação vai desembarcar no gélido polo sul da Lua, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante as missões Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já esteve lá.
Antes disso, porém, há a Artemis 2, que deve ser lançada em novembro do ano que vem — nela, os astronautas farão apenas uma viagem ao redor da Lua, sem pouso. E, como estarão protegidos dentro da nave, usarão uma roupa laranja e azul (as cores do programa Artemis).
Os nomes dos astronautas escolhidos para esta segunda fase serão divulgados a partir das 12h desta segunda-feira (3). Enquanto isso, confira os destaques do futuro uniforme e os motivos de não ser possível usar preto na Lua.
A Lua é um ambiente inóspito, sem atmosfera para proteger os astronautas da radiação do Sol e regular temperaturas — elas variam de -180 graus Celsius na sombra a mais de 200°C na luz. Por isso, para sobreviver lá, o controle térmico é um dos pontos fundamentais.
Trajes espaciais precisam ser refletivos e insulados (cheios de ar), para manter a pessoa fresca sob raios solares que não são filtrados. E branco é a melhor cor para isso; preto, ao contrário, absorveria todo o calor e radiação, “fritando” o astronauta.
A mesma ideia servirá para quando visitarmos um ponto muito frio e escuro da Lua: será preciso manter o calor do corpo e não deixar o frio entrar.
Este, inclusive, é o caso da missão Artemis 3. O polo Sul de nosso satélite mal é tocado pelo Sol, ficando em um eterno inverno de cerca de -100°C.
À esquerda, o protótipo apresentado; à direita, astronauta da missão Apollo 11, em 1969Imagem: Divulgação/Nasa
Ele protegerá os primeiros astronautas a pisarem na Lua desde 1972 — ano da última missão Apollo (17) —, incluindo a primeira mulher e a primeira pessoa “não branca” (que pode ser negra, indígena ou latina), segundo a Nasa.
Alguns dos destaques, em relação ao traje da era Apollo, são:
Demonstração da maleabilidade do trajeImagem: David J. Phillip/AP Photo
A capa preta bonitona até parece que saiu de um filme de ficção científica… e foi mais ou menos isso mesmo.
Ela foi criada por Esther Marquis, designer de figurinos do seriado “For All Mankind”, da Apple TV+, que mostra um futuro em que a Rússia chegou antes que os Estados Unidos na Lua e a corrida espacial seguiu rumos diferentes – recomendo que os apaixonados pelo tema assistam.Imagem: David J. Phillip/AP Photo
O ar futurista também parece remeter à Starship, nave de próxima geração da SpaceX (de Elon Musk), que tem um acabamento reluzente escuro, e deve ser o veículo usado como módulo de pouso para desembarcar os astronautas na Lua.
Quando finalmente saírem da nave para pisar em solo lunar no novo “grande passo para a humanidade”, em 2025, eles estarão usando os trajes da Axiom. Mas de branco.
O verdadeiro look segue um mistério. Segundo a empresa, diversas unidades para treinamento serão fornecidas diretamente à Nasa em alguns meses. Mas não há data para uma revelação pública.
Informações UOL