Se estar em frente as telas de computadores, aparelhos de televisão, tablets e celulares já era um hábito de muitas crianças, com a pandemia do novo coronavírus e o isolamento social, esse hábito pode ter se tornado ainda mais prolongado. Se antes ficar em frente às telas era um momento reservado para a diversão e o entretenimento, hoje sem as aulas presenciais, muitas escolas estão oferecendo aulas online. Além disso, aquela brincadeira com os amigos também está temporariamente suspensa e os momentos de lazer em frente às telas aumentaram. Mas essa exposição exagerada pode trazer malefícios para a saúde dos olhos das crianças.
De acordo com a médica especialista em oftalmopediatria, Cristiana Ronconi, as crianças nascem com uma visão bem rudimentar e desenvolvem seu sistema visual até cerca de 12 anos de idade, sendo que o desenvolvimento principal ocorre até os 8 anos de idade. Ela afirma que quanto mais cedo as crianças começam a ter contato com as telas, piores serão os efeitos no seu sistema visual, por se tratar de um sistema ainda muito imaturo, aumentando as chances de desenvolverem problemas na visão.
Ela destaca que existem muitos malefícios relacionados ao uso das telas. Em relação à visão, principalmente, o uso de telas menores como o celular e o tablet, conforme explicou, está relacionado ao aparecimento e progressão da miopia. Existe também um estrabismo, ou seja, um desvio nos olhos relacionado ao uso excessivo desses aparelhos. Além da síndrome do olho seco, dores de cabeça e aumento da irritabilidade.
“Além de ser um grau mais alto nos óculos, a miopia também está relacionada a degenerações da retina e ao descolamento da retina. Existe também o estrabismo e esse desvio pode levar a visão dupla, alterações do equilíbrio, perda da visão em um dos olhos e a consequência estética de se ter um desvio”, alertou.
Em relação à saúde como um todo, Cristiana Ronconi informa ainda que o uso excessivo de telas já foi correlacionado a um atraso no desenvolvimento da linguagem (similar ao ocorrido no espectro autista), à alterações na secreção de melatonina e ciclo do sono, além da obesidade infantil por inibição do centro de controle da saciedade no cérebro.
Sinais que indicam excesso
A especialista destaca a importância dos pais ficarem atentos aos filhos, pois existem alguns sinais de alerta para os problemas oculares, são eles: piscar muito os olhos, aproximar o aparelho do rosto, olhos vermelhos, desvio da posição dos olhos ao fixar a imagem, queixas de dores de cabeça e dor nos olhos.
Para amenizar os impactos causados pela exposição às telas, os pais também devem se atentar a quantidade de tempo em que os pequenos ficam em frente as telas. Segundo Cristiana Ronconi, a recomendação oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria é que a exposição deve ser limitada de acordo com a idade.
“De 0 a 2 anos a criança não deve ter nenhum contato com as telas, principalmente as que ficam próximas ao rosto. De 2 a 5 anos, o recomendado é até 1 hora de tela por dia. De 5 anos em diante, até 2 horas de tela por dia. Essas recomendações são bastante rígidas e isso seria o ‘ideal’. Em tempos de pandemia e aulas on-line sabemos que essas recomendações são pouco viáveis. O que eu gosto de frisar para os pais é que as telas não fazem bem para a criança, tanto em relação à visão, quanto para o desenvolvimento cognitivo como um todo. Então, se a criança já está fazendo uso dos eletrônicos para atividades escolares, nos momentos de lazer devemos buscar atividades que não envolvam o uso das telas”, recomendou.
O Ensino Remoto e as Consequências Para a Visão
Para alertar os pais sobre os perigos e os cuidados que devem se ter em relação a exposição às telas, a especialista Cristiana Roncononi vai realizar uma live nesta terça-feira (18), a partir das 18h, através do Instagram @dracristianaronconi, com a participação da psicopedagoga Paula Brito, com a abordagem do tema ‘O Ensino Remoto e as Consequências Para a Visão’.