De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD), a dermatite atópica é um dos tipos mais comuns de eczema, principalmente na infância, embora alguns casos possam ter início na vida adulta. Estima-se que até 20% das crianças brasileiras apresentem a condição, que pode resultar em desconforto físico e emocional.
Entre os principais sintomas está a pele seca com prurido constante, conforme elenca a SBD. O indício faz com que o paciente tenha ferimentos devido ao ato de se coçar. Recorrer ao dermatologista para saber como tratar deve ser a primeira atitude do indivíduo. No rol de novos hábitos a serem adotados, consta também evitar determinados alimentos.
De acordo com a nutricionista Ana Paula Arantes, do Instituto Nutrindo Ideias, pode haver associação entre dermatite atópica e alergia alimentar. “A exclusão de determinados alimentos pode reduzir as manifestações dermatológicas”, argumenta a profissional pós-graduada em nutrição esportiva e estética.
A coluna Claudia Meireles também conversou com a nutricionista Veridiana Sass, pós-graduanda em gastroenterologia e especializada em modulação intestinal. A dupla de experts elege seis alimentos que devem ser “cortados” das refeições de quem recebeu o diagnóstico de dermatite.
Unanimidade, o topo das listas elaboradas pelas duas nutricionistas traz o leite e derivados como os principais alimentos a serem evitados pelos pacientes que enfrentam a condição dermatológica. “Os produtos lácteos podem desencadear reações alérgicas e inflamatórias em indivíduos suscetíveis”, aponta Ana Paula.
Veridiana, por sua vez, faz a seguinte explicação: “Indivíduos alérgicos a proteína do leite, principalmente à caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina, o consumo de lácteos pode comprometer o sistema imunológico contribuindo para a instalação de inflamações sistêmicas, liberação de histaminas e, consequentemente, o surgimento de reações alérgicas, incluindo as dermatites.”
A especialista em modulação intestinal ressalta que a intolerância e a má digestão da lactose — ou seja, o açúcar presente no leite e derivados — também tende a contribuir com a inflamação da pele e dermatites.
Enquanto para Ana Paula o glúten é o segundo alimento a ser cortado da dieta, Veridiana Sass o numera como quarto. “Encontrado no trigo, cevada e centeio, pode causar inflamações em pessoas sensíveis e intolerantes”, esclarece a pós-graduada em nutrição esportiva e estética.
Ana Paula acrescenta que o consumo de glúten tende a agravar os sintomas dos pacientes com dermatite. Pós-graduanda em gastroenterologia, Veridiana frisa sobre existir muitos indivíduos com dificuldade em digerir a proteína do trigo.
“Associado a má digestão, a alta frequência e quantidade de consumo [do glúten] podem gerar uma quebra da tolerância imunológica ocasionando uma resposta inflamatória da pele e outros sintomas alérgicos”, sustenta Veridiana Sass.
Na terceira colocação do rol de Ana Paula Arantes aparecem os alimentos industrializados e com alto índice glicêmico. Essas opções tendem a aumentar a inflamação no organismo, conforme endossa a nutricionista: “A ingestão excessiva de açúcar pode elevar os níveis de insulina, resultando em inflamações e erupções cutâneas”.
Veridiana Sass salienta o motivo dos ovos oferecerem “perigo” para quem tem dermatite atópica. “As proteínas presentes principalmente na clara — como albumina, ovomucoide e ovoalbumina — também desencadeiam sintomas alérgicos em indivíduos que apresentam hipersensibilidade aos componentes do alimento quando consumido”, elucida. A nutricionista evidencia que isso tende a afetar a pele.
Especialista em modulação intestinal, Veridiana enfatiza sobre o amendoim ser um dos alimentos prejudiciais aos pacientes de dermatite. “Em sua composição, há um grupo de proteínas, sendo as mais importantes Ara H 2 e Ara H 8, que também pode desencadear sensibilidades, alergias e reações sistêmicas”, menciona.
A nutricionista explana que o alimento favorece “além da sensibilidade proteica”. “Existe um alto índice de contaminação do amendoim por aflotoxinas, substância tóxica produzida por fungos, que quando ingeridos também tendem a manifestar reações alérgicas, incluindo dermatites”, declara. Veridiana complementa sobre esses compostos serem encontrados no trigo, nozes e milho.
A nutricionista Ana Paula Arantes finaliza com frutos do mar o rol de alimentos a serem evitados pelos pacientes com dermatite. Comê-los favorece o surgimento de reações alérgicas em algumas pessoas, o que leva a erupções cutâneas e a piora da condição dermatológica. “A histamina liberada durante essas reações causam prurido e inflamação na pele”, finaliza a especialista.
Informações Metrópoles