A carne vermelha é um assunto cercado de polêmicas: há quem não dispense o consumo diário de um bom bife, como também existem aqueles que a excluem totalmente da dieta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que a ingestão de carne vermelha seja limitada a 500 gramas por semana, isso porque há evidências de que o consumo excessivo esteja relacionado a doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, como o de intestino.
Entre os argumentos pró-consumo de carne, estão o fato de o alimento ser uma boa fonte de proteínas, de vitamina-B e de minerais, como ferro e zinco.
Antes de bater o martelo, a professora de nutrição Fábia Carolina Resende, da Faculdade Anhanguera de Belo Horizonte (MG), destaca que é necessário delimitar o grupo de “carnes vermelhas” entre processadas e naturais. “As carnes processadas, tipo as carnes enlatadas, as salsichas e os salames, devem ser evitadas sempre por terem muito sal e aditivos”, afirma a especialista.
As carnes vendidas in natura no açougue são opções mais saudáveis e, entre elas, é possível escolher os cortes magros (coxão duro, coxão mole, filé mignon, lagarto, maminha, músculo e patinho). Se o preparo for caseiro, mais um ponto para o consumo, pois é possível optar por métodos de cozimento mais saudáveis.
“O ideal é consumir a carne cozida ou grelhada a uma temperatura média de até 100ºC para que não queime, como nos churrascos. Assim, é possível fazer uma dieta com três a quatro porções de carne por semana, mas buscando não superar os 500 gramas semanais”, explica a especialista.
Entre os benefícios proporcionados para o corpo pela ingestão de carne, estão o ganho de massa muscular, o fortalecimento do sistema imunológico e o combate à anemia. “As carnes vermelhas são uma excelente fonte de ferro. O mineral é importante por compor a estrutura das células responsáveis pelo transporte de oxigênio, garantindo a energia necessária para as tarefas diárias”, aponta a professora Fábia Carolina.
A carne vermelha também é rica em zinco, necessário para a formação dos ossos e a cicatrização das feridas.
Os estudos que relacionam o consumo de carne a doenças são observacionais – associam a dieta dos indivíduos às doenças que eles desenvolveram ao longo da vida. Em uma revisão de 37 estudos, os autores encontraram fracas evidências da associação entre o consumo de carne vermelha não processada e doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
No caso da carne processada, uma revisão recente mostrou que a cada 50 gramas adicionais de carne processada consumida por dia, o risco de doenças cardíacas aumenta 26%, enquanto o risco de diabetes tipo 2 aumenta 44%.
Em relação ao câncer, a associação está bem clara com o câncer colorretal. Um estudo com quase 500 mil pessoas mostrou que a cada 50 gramas adicionais de carne vermelha consumida por dia o risco de câncer colorretal aumenta em 18%. E cada 25 gramas adicionais de carne processada, o equivalente a uma fatia de presunto, o risco aumenta 19%.
Segundo a nutricionista, isso acontece porque o consumo excessivo altera o equilíbrio da microbiota intestinal, o que leva a inflamações sistêmicas do organismo. “Essas inflamações, que se concentram especialmente em microlesões da parede intestinal, podem levar a um risco maior de câncer”, conclui Fábia Carolina.
Informações Metrópoles