Em setembro de 2013, era possível comprar US$ 1 com aproximadamente R$ 2,30. Hoje, é preciso desembolsar quase R$ 5,00. Peso argentino é a pior moeda frente ao dólar.
Foto de arquivo mostra notas de dólar em Westminster, Colorado — Foto: Reuters/Rick Wilking
Entre todas as moedas sul-americanas, o real teve o terceiro pior desempenho em relação ao dólar nos últimos 10 anos. De acordo com um levantamento da consultoria financeira L4 Capital, a moeda nacional perde apenas para o peso argentino e o peso uruguaio.
Na janela de referência, o peso argentino teve uma desvalorização de 98,37% de 2013 para cá — um reflexo da severa crise econômica que o país enfrenta há anos e que tem feito derreter o valor de sua moeda. Na esteira da crise argentina e com problemas próprios de inflação, o peso uruguaio teve um recuo de 70,24% no período. (saiba mais abaixo)
Já o real perdeu 54% de seu valor em relação ao dólar. Isso significa que os turistas brasileiros e as empresas que dependem de contratos feitos com base na moeda norte-americana sentiram o valor pago em suas transações mais que dobrar durante o período.
Mas cabe a observação de que o movimento de valorização do dólar não é só demérito da América do Sul. Há também um movimento de maior aplicação de recursos nos Estados Unidos, que valoriza a moeda.
Como os EUA são a maior economia do mundo, os investidores tendem a ter mais segurança sobre os retornos financeiros que terão e, assim, acabam voltando os olhos para lá em momentos de maior insegurança ou aversão ao risco para aplicações financeiras.
O levantamento foi realizado por Felipe Pontes, sócio da L4 Capital e com dados do Investing.
Veja abaixo o ranking completo da desvalorização das moedas sul-americanas, a partir da queda no preço de cada moeda frente ao dólar:
*Venezuela não entra na conta porque país mudou de moeda nos últimos dez anos
Os últimos anos no Brasil foram fortemente marcados por dois grandes fatores: a crise de 2015-2016 e a pandemia da Covid-19.
No primeiro caso, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu nos dois anos, confirmando a pior recessão da história do país. Em 2015, a economia já havia recuado 3,8%, e no ano seguinte teve nova retração de 3,6%.
Essa sequência, de dois anos seguidos de baixa, só tinha sido vista no Brasil entre 1930 e 1931, quando os recuos foram de 2,1% e 3,3%, respectivamente.
“Isso prejudicou o real porque investidores não gostam de incertezas econômicas”, afirma o sócio da L4 Capital. Com isso, houve um aumento pela demanda do dólar, já que os EUA são conhecidos como um país estável. Houve um forte movimento de vender real, o que reduziu o valor da moeda.
Já a pandemia influenciou a cotação da moeda brasileira porque o país decidiu abrir as torneiras dos gastos públicos para tentar amenizar o impacto da crise econômica. Essa decisão também gerou dúvida nos investidores sobre quais seriam as possibilidades de o país conseguir arcar com seu patamar elevado de dívida e manter uma agenda de austeridade fiscal.
Mais uma vez, a incerteza trouxe um movimento de migração dos investidores para países mais seguros. Tanto que o real perdeu cerca de 16,65% do seu valor frente ao dólar entre fevereiro de 2020 (quando começou a pandemia) e maio de 2023 (quando a OMS declarou fim de emergência em relação à Covid-19).
Veja a variação do dólar ante o real nos últimos dez anos:
Em setembro de 2013, início do comparativo, era possível comprar US$ 1 com R$ 2,2836. Hoje, é preciso desembolsar quase R$ 5,00.
Especialistas entrevistados pelo g1 dizem que há ainda outras razões que explicam a desvalorização da moeda brasileira nos últimos 10 anos e sua manutenção em patamares baixos. Veja abaixo:
Quanto ao primeiro ponto, Adilson Seixas, CEO da Loara Crédito, reforça que a alta dos juros nos Estados Unidos pesa no valor da moeda brasileira porque há uma migração dos investidores para economias com maior previsibilidade.
Trata-se da mesma dinâmica de preferir aplicações mais seguras e previsíveis, com o bônus de que os juros estão mais altos e vão render melhores retornos.
A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantenha os juros inalterados, entre 5,25% e 5,50% ao ano na próxima reunião, em 20 de setembro. Esse, porém, é o maior patamar em 22 anos.
Já o déficit fiscal — quando governo gasta mais do que arrecada — pesa no valor do real porque o governo precisa emitir mais dinheiro para suprir os gastos, ampliando o saldo negativo.
“Há mais dinheiro brasileiro circulando no mercado do que moeda norte-americana, o que desvaloriza o preço do real”, explica Rodrigo Leite, professor de finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nos dados mais recentes, as contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 35,9 bilhões em julho — o segundo pior resultado para o mês na séria histórica, iniciada em 1997. E é exatamente o déficit que puxa o terceiro fator que desvaloriza o real: a dívida pública.
Leite, da UFRJ, justifica que o endividamento faz investidores enxergarem o Brasil com dificuldade de honrar com seus compromissos econômicos— e, assim, decidem também vender os reais para comprar câmbio de países mais seguros, derrubando o preço da moeda brasileira.
“A probabilidade de um calote do Brasil com uma dívida como agora, que tem 80% do PIB, é muito maior do que na época que estava por volta dos 50% do PIB, [em 2013 e 2014]”, afirma o professor.
Já quanto a instabilidade institucional, os especialistas justificam que as mudanças políticas recentes — sejam as mudanças de direção na presidência, como as relações ruidosas entre os Poderes da República — trouxeram imprevisibilidade para a cena política e econômica.
Assim, os investidores renovam os receios e voltam a procurar países onde conseguem ter segurança maior sobre as decisões político-econômicas, que podem ou não afetar os investimentos.
A pior moeda latino-americana frente ao dólar é o peso argentino. Quem quisesse comprar 1 dólar, em setembro de 2013, precisava pagar quase 5 pesos argentinos. Atualmente, a relação é de cerca de 340 pesos para US$ 1 — considerando, é claro, o câmbio oficial.
Nesse caso, os principais motivos pela queda no câmbio argentino são as políticas econômicas do governo e a dívida externa do país.
Allan Augusto Gallo Antonio, professor de economia do Mackenzie, justifica que no primeiro caso, o governo argentino “gasta tanto” que precisa colocar moeda em circulação para arcar com os custos recorrentes, o que desvaloriza o peso.
O excesso de moeda em circulação também tende a impactar a inflação. Atualmente, a Argentina vive uma inflação anual média que ultrapassa os 100%.
Quanto às questões externas, o país sul-americano tinha uma dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de aproximadamente US$ 45 bilhões.
A captação aconteceu principalmente em 2018, durante o governo de Mauricio Macri, que buscava segurar a crise cambial e tentou zerar o déficit orçamentário do país através de fortes ajustes de gastos em diversas áreas do governo.
“Hoje, [a Argentina] é o principal devedor do FMI e, em decorrência dessas variáveis, tem assistido sua moeda derreter”, afirma Gallo Antonio. Os dois motivos também afastam investidores, que buscam vender o peso argentino para comprar moeda de países mais seguros.
Vale destacar que as commodities são um terceiro ponto, ainda que com menos peso que os dois apresentados acima. Isso porque o país depende muito da exportação de carne, o que traz reflexos diretos na balança comercial e na receita em dólar na Argentina.
Veja do desempenho do peso argentino frente ao dólar:
Para tentar solucionar a desvalorização do peso, o governo argentino anunciou algumas medidas para tentar fortalecer a economia local, como linhas de crédito a taxas subsidiadas para trabalhadores e bônus para aqueles que recebem ajuda alimentar e aposentados.
Além disso, o governo também informou que vai eliminar impostos sobre a exportação de produtos agrícolas com valor industrial agregado — como vinho, arroz e tabaco — e a entrega de fertilizantes. É estimado um prejuízo global de US$ 20 bilhões em 2023, ou quase 3% do PIB, devido à seca regional.
O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, prevê ainda criar de um fundo de US$ 770 milhões para financiar exportações. O valor será via aportes financeiros do Banco Nación e do Banco de Inversión y Comercio Exterior (Bice).
O peso argentino sofreu forte desvalorização nos últimos meses — Foto: Getty Images
Veja abaixo a situação em outros países do continente.
Segundo lugar entre as maiores desvalorizações, o Uruguai sofre com dois grandes problemas: inflação e reflexos da crise na Argentina.
O país enfrenta um problema inflacionário, no qual os preços subiram 110% nos últimos 10 anos. Na prática, enquanto as pessoas gastavam 10 pesos uruguaios para comprar um pão em 2013, por exemplo, atualmente precisam desembolsar 21.
Normalmente, os salários não acompanham o aumento nos custos, o que acaba pesando no orçamento familiar.
Além disso, a crise argentina também se reflete em uma grande diferença de preços entre os dois países.
“Lá no Uruguai o combustível, por exemplo, custa setenta pesos (1,58 dólar) por litro e aqui na Argentina pagamos vinte pesos (0,53 dólar), então é muito melhor para nós”, disse Robert de Lima, que viajou menos de 45 km do Uruguai até Gualeguaychu à Reuters.
Os altos níveis de desemprego e falências foram relatados nas cidades fronteiriças, o que forçou o governo do Uruguai, em maio, a introduzir medidas econômicas para ajudar a proteger os comerciantes. Entre as ações estavam algumas isenções fiscais e descontos em gasolina e medicamentos.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, reconheceu que há um problema com a diferença entre os preços praticados no país e os vistos na Argentina, com exigências de governadores regionais para que seja implementado um imposto de importação temporário sobre as mercadorias estrangeiras transportadas pela fronteira.
E como a crise na Argentina não tem solução prevista no curto prazo, há uma insegurança dos moradores e turistas sobre como ficarão os preços no Uruguai que optam, assim, por procurar países mais baratos para viajar ou realizar compras.
Como uma moeda comum pode afetar o Brasil e países vizinhos
A Colômbia, por sua vez, enfrentou um cenário de complexidade e desafios abrangendo diversos aspectos.
“A criminalidade e violência associadas ao narcotráfico, por exemplo, persistiram, e protestos sociais refletiram preocupações com desigualdade e acesso a serviços. Além disso, desafios fiscais, como déficits orçamentários, e questões estruturais limitaram o crescimento econômico e a capacidade de investimento”, justifica Gallo Antonio, professor do Mackenzie.
A inflação no país fechou em 13,12%, no maior patamar desde março de 1999. Entre os destaques, estavam os preços dos alimentos, do transporte e dos serviços públicos.
Já o Chile, segundo Gallo Antonio, vivenciou períodos de estabilidade política por muitos anos. A eleição de Gabriel Boric em 2021, no entanto, trouxe certa instabilidade, uma vez que ele fez sua propaganda política construída em propostas populistas.
“Ele sempre falava em elevar os gastos e até uma possível constituinte”, afirma o professor. Essas medidas afastaram investidores, que também venderam a moeda local e desvalorizaram o câmbio do país.
E por conta do aumento de dinheiro em circulação, o Chile encerrou 2022 com uma taxa de inflação ao consumidor de 12,8% — marcando o valor mais elevado em três décadas. Tudo em um contexto em que os chilenos estavam acostumados a enfrentar um aumento anual nos custos de vida de aproximadamente 3%.
Gabriel Boric em uma entrevista coletiva após a votação do plesbicito sobre o projeto de Constituição, em Punta Arenas, Chile, no último domingo, 4 de agosto. — Foto: AP Photo/Andres Poblete
A expectativa dos entrevistados é que as moedas latino-americanas não consigam se valorizar nos próximos meses. O CEO da Loara Crédito, por exemplo, diz que a tendência é que o dólar ganhe força, uma vez que é a moeda mais negociada no mundo e perspectiva de baixa de juros não está próxima.
“Os Estados Unidos é um país com maior grau de liberdade econômica que consegue atrair investimentos, impulsionando constantemente o crescimento da sua moeda”, diz.
Em relação à moeda brasileira, Seixas afirma que o dólar é, historicamente, mais valorizado do que o real. “O real tende a se depreciar muito mais rápido por ser uma moeda de um país emergente, que tem uma economia mais instável quando comparada às economias desenvolvidas”, acrescentou.
Já para o professor da UFRJ, Rodrigo Leite, a expectativa é que o dólar se mantenha estável em relação às moedas sul-americanas.
“[Porém], para o real, existe uma expectativa positiva se o governo conseguir implementar as medidas fiscais, conseguir diminuir o déficit e projetar, no ano que vem, um superávit [valor captado em exportação é maior do que o gasto em importação]”, disse.
Informações G1
O preço das carnes tem caído mês a mês no Brasil em 2023. No acumulado no ano até agosto, as carnes em geral tiveram um recuo médio de 9,65%, segundo o índice oficial de inflação (IPCA). Todos os cortes pesquisados pelo IBGE ficaram mais baratos e o filé-mignon é a carne com a maior queda no ano (-16,95%). Entenda o que explica a redução dos preços.
A queda já era esperada pelo agronegócio. O diretor da HN Agro, Hyberville Neto, afirma que os produtores aproveitaram a valorização de preços de bezerro e gado em 2022 para aumentar a produção. Como consequência, reduziram temporariamente o abate de fêmeas para expandir a criação.
Disponibilidade de carne no mercado interno aumentou. Os criadores passaram a matar mais fêmeas em 2023, diz o analista de proteína animal do Rabobank, Wagner Yanaguizawa. Em Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do país, 1,44 milhão de fêmeas foram para o abate no primeiro semestre, 20% a mais do que a média no mesmo período nos últimos dez anos.
A boa safra de soja e milho também favoreceu a redução de preços. Esses grãos são utilizados para alimentar frangos e porcos. Já a principal fonte de alimento de bois são as pastagens, que têm sido beneficiadas por chuvas regulares.
Governo não tem participação direta nos preços. O especialista da HN Agro diz que as perspectivas para o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula (PT) têm sido positivas, mas que a diminuição nos preços da carne em nada tem a ver com políticas voltadas para o agronegócio. “A expectativa na economia pode influenciar o consumo. Mas não existe estímulo na produção. Temos um ciclo de oferta muito bem definido”, afirma.
Filé-mignon lidera as quedas no ano entre todos tipos de carnes. Em seguida aparecem alcatra (-13,46%) e contrafilé (-11,77%). Em relação a outros tipos de proteína animal, o frango em pedaços teve redução de 11,69%, enquanto o frango inteiro apresentou queda de 9,79%. A carne de porco caiu 4,65%. Por outro lado, ovos de galinha tiveram alta de 12,94% até agosto. Pescados subiram 3,12%.
“O volume de abate de fêmeas [este ano] é muito atípico porque o macho, que é o grande objetivo do pecuarista, geralmente é usado na produção de carne. Então, esse cenário trouxe um nível de oferta muito acima do que a gente estava preparado para a demanda”.
Wagner Yanaguizawa, do Rabobank
A expectativa é de que a redução de preços continue nos próximos meses. A redução observada nos açougues ainda foi suficiente para compensar o longo período de inflação de alimentos registrado desde 2020. “A projeção é que este ano haja deflação nos alimentos no domicílio, após 3 anos de sequentes altas”, avalia a GO Associados.
O brasileiro ainda não retomou padrão de consumo. Neto afirma que o consumo de carne vermelha ainda está abaixo do desejado e deve demorar para retornar ao patamar de antes da pandemia. No entanto, o segundo semestre costuma trazer um aumento de consumo por causa das celebrações de fim de ano, o que pode resultar em uma ligeira alta no preço das carnes.
Exportações seguem em alta para China, mas desaceleração econômica preocupa. Yanaguizawa reforça que os asiáticos seguirão como maior comprador de carne brasileira, mas lembra que a economia do país tem decepcionado nos últimos meses. Além disso, a incidência de casos de PSA (peste suína africana) acende um alerta que podem favorecer os produtores brasileiros.
O filé-mignon não é o corte preferido para exportação. Países da Ásia preferem carnes mais gordurosas, como acém e músculo, cupim, peito e paleta.. Com isso, a demanda externa tende a segura mais os preços das carnes de segunda.
O mercado consumidor normalmente é mais forte na segunda metade do ano. Temos contratações temporárias, 13º salário. Apesar de todas as dúvidas com relação à situação econômica, que tem diversos indicadores positivos, mas também tem diversos indicadores que deixam o cenário de cautela.
Hyberville Neto”
O processo de desaceleração econômica só não impacta o consumo de carne bovina, que é a proteína mais cara, porque a China também vem sofrendo interferência do mercado de suínos, com novos casos de PSA, que geralmente voltam a aparecer no final do ano, com a chegada do inverno.
Wagner Yanaguizawa, do Rabobank”
Informações UOL
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, acelerou para 0,23% em agosto. No mês anterior, o índice havia registrado alta de 0,12%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Energia elétrica foi o produto que mais impactou a inflação de agosto. O principal responsável pelo resultado veio do grupo Habitação, com destaque para a energia elétrica residencial, que subiu 4,59% no mês. A alta foi puxada pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu às contas de luz, explica André Almeida, do IBGE.
Reajustes nas contas de luz também contribuíram para alta do IPCA. Três das capitais pesquisadas pelo IBGE reajustaram as contas de luz no último mês: Vitória, com alta de 3,2% a partir de 7 de agosto; Belém (9,4% a partir de 15 de agosto); e São Luís (10,43% a partir de 28 de agosto).
Resultado ficou abaixo das expectativas, que chegavam a 0,52%. Analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast apostavam em alta de 0,28%, em média. O intervalo das estimativas ia de 0,23% a 0,52%.
Em 2023, inflação acumula alta de 3,23%. Já nos últimos 12 meses, o IPCA está em 4,61%. A taxa anual ficou acima dos 3,99% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, superando o centro da meta para 2023 (3,25%). A expectativa atual do mercado é de que a inflação feche 2023 em 4,93%.
O aumento na energia elétrica foi influenciado principalmente pelo fim do bônus de Itaipu, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores do SIN (Sistema Interligado Nacional) em julho e que não está mais presente em agosto.
André Almeida, gerente do IPCA no IBGE
Grupo Alimentação e bebidas emendou terceiro mês de queda. O resultado foi puxado principalmente pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,26%). Entre os produtos que ficaram mais baratos em agosto, estão batata inglesa (-12,92%), feijão carioca (-8,27%), tomate (-7,91%), leite longa vida (-3,35%), frango em pedaços (-2,57%) e carnes (-1,9%).
Preços do arroz (1,14%) e das frutas (0,49%) subiram em agosto. Destaque para o limão e para a banana d’água, que registraram alta de 51,11% e 4,9%, segundo o IBGE.
Temos observado quedas em alguns itens importantes no consumo das famílias, como a carne bovina e o frango. A disponibilidade de carne no mercado interno está mais alta, o que tem contribuído para a queda nos últimos meses.
André Almeida, gerente do IPCA no IBGE
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, seis tiveram alta em agosto:
No lado das quedas, destaque para Alimentação e bebidas (-0,85%). Os grupos Comunicação e Artigos de residência ficaram praticamente estáveis, com recuos de 0,09% e 0,04%, respectivamente.Continua após a publicidade
IPCA mede a inflação para famílias de áreas urbanas com renda de 1 a 40 salários mínimos. Entre as categorias consideradas para mapear a evolução geral dos preços, estão os custos com alimentação, habitação, saúde, transporte e educação, por exemplo. O índice é calculado pelo IBGE desde 1980.
Governo definiu meta de inflação de 3,25% em 2023. Para 2024 e 2025, a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Em 2026, a meta também será de 3%, segundo anunciado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em junho.
Banco Central acompanha a inflação para definir os juros. O IPCA é um dos principais indicadores usados pelo BC para fazer ajustes na Selic, a taxa básica de juros da economia. Quando a inflação está alta, o BC sobe a Selic para tentar conter o consumo e, consequentemente, os preços. Quando a inflação cai, a tendência é que os juros também sejam reduzidos.
Selic está em 13,25% ao ano, após recente corte de 0,5 ponto. No início de agosto, o BC decidiu reduzir os juros para 13,25% ao ano, no primeiro corte desde 2020. A melhora no cenário inflacionário foi um dos fatores citados para justificar o ajuste.
Inflação de agosto reforça apostas de nova queda nos juros. O último resultado do IPCA deve fazer com que o BC mantenha ou até intensifique o ritmo de cortes na Selic. Especialistas ouvidos pelo UOL dizem esperar queda de 0,5 e 0,75 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
No lado da inflação de serviços, que é acompanhada de perto pelo Banco Central, a abertura foi positiva. A média móvel de três meses passou de 5,38% em julho para 4,06% em agosto. Assim, o IPCA de agosto contribui para a tese de que o BC deve continuar com o corte de 0,5 ponto percentual [nos juros] na semana que vem.
André Meirelles, diretor na InvestSmart XP
O mercado estava preocupado com o impacto do [recente] aumento nos preços dos combustíveis e como isso poderia influenciar as decisões do Copom. Mas os resultados positivos, especialmente no setor de serviços, indicam que a economia está desacelerando, fortalecendo a hipótese de continuidade do ciclo de redução da Selic.
Paulo Silva, analista ALM da Efí
O resultado foi bom, e já podemos ver isso sendo refletido principalmente na curva de juros, que segue caindo. Isso pode reforçar as apostas de um corte na Selic de 0,75 ponto na reunião [do Copom] de dezembro. Já para a próxima reunião, o cenário segue inalterado para um corte de 0,5, na minha visão.
Andre Fernandes, sócio da A7 Capital
Informações UOL
Foto: Reprodução
FONTE: terrabrasilnoticias.com
Petrobras anunciou aumento do diesel e da gasolina neste mês. Impacto maior será sobre hortaliças, pois frete representa até 50% do custo operacional de produtores
— Os hortifrutigranjeiros, que é o caso basicamente desses produtos de consumo diário, não têm estoque. Está previsto (aumento) em torno de 5 a 8%. Então, a tendência é que esses produtos tenham esse repasse de preço durante o mês de setembro — disse o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
As carnes, laticínios e alimentos industrializados também devem ser impactados pelo reajuste dos combustíveis, mas de forma escalonada. Todos os aumentos, disse a Abras, vão ter efeitos na cesta de abastecimento dos lares.
De acordo com a Abras, o preço do frete para os produtores representa até 50% do custo operacional. O impacto no diesel e na pecuária acontece em três frentes: antes, dentro e após a porteira.
O repasse ao consumidor final de até 8% reflete o custo frete para o transporte de insumos do fornecedor, o combustível para movimentação de máquinas envolvidas no plantio e o frete para a indústria de processamento.
Além do reajuste dos combustíveis anunciados pela Petrobras, o retorno de tributos sobre o diesel previsto para o início de setembro também deve ter efeito nos alimentos. Com essa medida, o diesel passa a ter PIS/Cofins de R$ 0,11 por litro em setembro e mais R$ 0,03 por litro em outubro. Até agosto, o imposto estava zerado.
FONTE: terrabrasilnoticias.com
A taxa máxima de juros cobrados no empréstimo consignado do INSS foi reduzida de 1,97% para 1,91% ao mês e está valendo. Este tipo de empréstimo tem taxas menores porque o pagamento é descontado diretamente da pensão ou aposentadoria.
Teto de 1,91% ao mês já está valendo. O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou, em 17 de agosto, a redução da taxa máxima de juros dos consignados para beneficiários do INSS. A taxa passou a valer em 21 de agosto, após a publicação de resolução do Ministério da Previdência Social no Diário Oficial da União.
Redução só vale para empréstimos novos. Quem tem empréstimo contratado não terá redução nas parcelas futuras. A nova taxa vale para novos empréstimos, feitos a partir de 21 de agosto. Para os empréstimos fechados antes disso, continua valendo a taxa contratada. Veja mais abaixo simulações.
Maioria das instituições já cobram abaixo do teto. No período entre 31 de julho e 4 de agosto, 25 das 36 instituições que oferecem esse tipo de consignado já aplicavam uma taxa média de juros (com custos adicionais) abaixo de 1,91%, segundo dados do Banco Central.
Os juros de empréstimo consignado do INSS no cartão de crédito também caíram. Nesta modalidade, a taxa máxima de juros foi de 2,89% para 2,83%.
Redução de juros diminui valor das parcelas, mas fique atento. A pedido do UOL, a planejadora financeira e sócia da AVG Capital Ana Paula Carvalho fez uma simulação de empréstimo de R$ 1.000 e R$ 5.000 com os juros antigos e os atuais. Nestes cenários descritos nas tabelas abaixo, o prazo de pagamento é de 5 anos (60 meses). Importante observar que embora as prestações fiquem menores, o total final do pagamento ainda é cerca de 70% maior que o valor emprestado. Veja simulações:
O limite para o empréstimo é de até 35% da renda mensal. Ou seja, se o valor do benefício é de R$ 1.000, o empréstimo pode comprometer até R$ 350 mensais. Já para uma aposentadoria de R$ 5.000, o valor da parcela poderia chegar a R$ 1.750.
Custo total pode ser maior de 1,91% ao mês.Ele inclui encargos fiscais calculados pelo valor total dos tributos (tais como o IOF), e encargos operacionais das operações de crédito pactuadas. Segundo Fernando de Aquino, economista e conselheiro federal coordenador da Comissão de Política Econômica do Cofecon, estes custos podem fazer a nova taxa de juros ficar um pouco acima de 2% ao mês.
É preciso cautela para para não comprometer o orçamento mensal. É importante lembrar que ao contratar um consignado, a renda mensal oriunda do INSS irá automaticamente cair. Como os juros e multas podem ser aplicados às parcelas não pagas, a dívida também tende a aumentar com o tempo, explica a educadora financeira Aline Soaper: “É um cartão muito acessível ao público de servidores públicos e aposentados, mas deve ser usado com muito cuidado para evitar o endividamento”.
As reduções dos juros da modalidade começaram em março. A primeira tentativa buscou cortar o juro de 2,14% para 1,7%, mas os bancos não aceitaram e chegaram a suspender a oferta do serviço. Depois, em 30 de março, houve nova tentativa. O limite foi reduzido de 2,14% para 1,97% ao mês. Os bancos reclamaram, mas não suspenderam os empréstimos.
Novos juros podem comprometer modalidade, segundo Febraban. A Federação Brasileira de Bancos afirma que a redução dos juros coloca o produto abaixo dos custos vigentes para parte dos bancos que operam essa linha de crédito. Segundo a entidade, isso pode “comprometer a estrutura de custos desse canal de financiamento”. De acordo com a Federação, os bancos se manifestaram contrários à proposta, que receberam apenas na véspera da reunião do Conselho, sem abertura ao diálogo. Apesar disso, os bancos não suspenderam a oferta do serviço.
Especialista afirma que há espaço para bancos reduzirem lucro. Fernando de Aquino acredita que os bancos têm condições de manter a oferta do consignado do INSS com uma taxa menor, reduzindo seu lucro.
Os bancos no mundo inteiro têm uma lucratividade muito alta, mas no Brasil os bancos ainda têm uma lucratividade ainda mais alta do que as altas remunerações das instituições financeiras em nível mundial. E eles querem preservar esse tipo de retorno
Fernando de Aquino, economista e conselheiro federal coordenador da Comissão de Política Econômica do Cofecon
Informações UOL
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Relatório aponta que estatal aplicou o maior corte no pagamento de lucro aos acionistas entre as grandes empresas do mundo. Veja ranking global
APetrobras saiu do ranking das empresas que mais distribuem lucros aos acionistas. A estatal, que no segundo trimestre de 2022 liderou este ranking, elaborado pela consultoria Janus Henderson,agora não aparece nem entre as 20 maiores companhias globais neste quesito.
O relatório mostra também que a empresa brasileira foi a que mais reduziu o pagamento de dividendos entre as gigantes globais no último trimestre. Com isso, na média, o pagamento de dividendos por empresas brasileiras caiu 53% no período.
A consultoria destaca que a estatal brasileira reduziu a distribuição de dividendos em meio a uma queda no preço do petróleo.
Veja, abaixo, o ranking das maiores pagadoras de dividendos do mundo no 2º trimestre de 2022:
Informações TBN
País recebeu 4,244 bilhões de dólares em investimento estrangeiro, o equivalente a R$ 20,6 bilhões, no primeiro mês do segundo semestre
O Banco Central (BC) informou, nesta sexta-feira (25), que o Brasil recebeu 4,244 bilhões de dólares (R$ 20,6 bilhões) em investimento estrangeiro direto (IED) em julho deste ano. O valor em questão é 41% menor do que o registrado no mesmo mês de 2022.
Segundo o BC, no mês passado, o país recebeu 3,531 bilhões de dólares (R$ 17,17 bilhões) em investimentos de capital e 713 milhões de dólares (R$ 3,47 bilhões) em operações de empréstimo concedidas por empresas matrizes às suas subsidiárias ou filiais.
Nos primeiros sete meses de 2023, o investimento estrangeiro direto alcançou 33,609 bilhões de dólares (R$ 163,44 bilhões), uma diminuição de 31,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o valor foi de 49,191 bilhões de dólares (R$ 239,22 bilhões).
Ao longo dos últimos 12 meses, o IED totalizou um equivalente a 3,54% do produto interno bruto (PIB), índice superior aos 3,38% do PIB registados no mesmo período imediatamente anterior. Por outro lado, o Brasil aumentou as suas reservas internacionais em 1,9 bilhão de dólares (R$ 9,24 bilhões) de junho para julho, acumulando cerca de 345,5 bilhões de dólares (R$ 1,68 trilhão).
*EFE
Foto: Yuri Murakami/TheNews2/Agência O Globo
A arrecadação de impostos e contribuições federais registrou queda real de 4,2% em julho e totalizou R$ 201,829 bilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 22, pelaReceita Federal. Trata-se da terceira queda mensal da arrecadação em 2023 e a segunda consecutiva. Em março, o recuo foi de 0,42% em termos reais, e em junho, de 3,4%.
De janeiro a julho deste ano, a arrecadação de tributos federais totalizou R$ 1,344 trilhão. Com valores corrigidos pela inflação, somou R$ 1,355 trilhão, com retração real 0,39%.
Na prática, essa desaceleração é fruto do menor nível de atividade econômica, da redução do preço do dólar e da cotação das commodities, que impactam o valor de venda do petróleo e dos metais. Esses dois itens têm peso significativo na arrecadação federal.
Com a arrecadação andando de lado, o governo passa a ser pressionado por medidas adicionais para garantir o equilíbrio das contas públicas.
Vale lembrar que o aumento de receitas é essencial para dar sustentação ao arcabouço fiscal. O governo corre para aprovar no Congresso um pacote de medidas para aumentar a arrecadação. A equipe econômica também deve apresentar em conjunto com o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) outras medidas para elevar a soma de tributos.
Além disso, o governo aposta na reforma tributária do consumo como forma de reduzir a sonegação e aumentar a base tributária.
Informações TBN
(Imagem ilustrativa) Foto: Pixabay
Uma semana após os aumentos realizados pela Petrobras para a gasolina e o diesel, os postos de abastecimento do estado de São Paulo já repassaram boa parte do reajuste, em média de R$ 0,30 para a gasolina, e de R$ 0,70 para o diesel, segundo levantamento da Sem Parar, que atua em pedágios, estacionamentos, postos de combustíveis, entre outros.
A Petrobras reajustou o preço médio da gasolina comum em 16,3% há sete dias, o que levou o preço médio nos postos de R$ 5,16 para R$ 5,49, alta de 6,3%. A gasolina aditivada teve aumento médio de 7% no litro, indo de R$ 5,51 para R$ 5,90.
Já o diesel, que foi reajustado em 25,8%, teve os maiores repasses ao consumidor. O diesel comum subiu 12,8% nas bombas, indo de R$ 5,08 para R$ 5,73. A versão aditivada subiu 14,8%, com preço médio do litro indo de R$ 5,12 para R$ 5,88.
A análise da oscilação levou em consideração cerca de 10 milhões de litros de combustíveis transacionados por clientes Sem Parar em postos do estado de São Paulo, no período de 10 a 21 de agosto.
ACUMULADO
Em relação às oscilações registradas durante o ano, o mesmo estudo analisou o preço médio nos postos do estado de São Paulo para a gasolina, álcool e diesel. Entre janeiro e agosto, o diesel foi o combustível que mais variou.
A versão aditivada registrou queda de 20,3% (redução de R$ 1,33 por litro), enquanto o diesel comum teve uma redução 19,1% (redução de R$ 1,20 por litro).
Já o etanol comum caiu 10,3% em média nas bombas (redução de cerca de R$ 0,40) e o etanol aditivado teve redução de 6,6% (caindo em média R$ 0,28 no litro).
A gasolina, em contrapartida, teve aumento nesse período. A versão aditivada teve aumento médio de 7% (cerca de R$ 0,37 por litro) e a gasolina comum subiu 6,3% (aumento de R$ 0,32 no litro).
A análise do preço médio dos combustíveis levou em conta o preço médio de cerca de 170 milhões de litros abastecidos por clientes do Sem Parar no estado de São Paulo, entre 1º de janeiro e 15 de agosto.
*AE
Fonte: pleno.news
A Câmara aprovou hoje, por 379 votos a 64, o novo arcabouço fiscal, que vai substituir o teto de gastos do governo. O projeto voltou para análise dos deputados após mudanças aprovadas pelo Senado, mas nem todas foram mantidas. O texto agora segue para sanção do presidente Lula (PT).
O relator da proposta, Cláudio Cajado (PP-BA), aceitou duas mudanças feitas pelo Senado em junho. Ficaram fora das novas regras fiscais o Fundeb (fundo para a educação) e o FCDF (de repasse de recursos federais ao Distrito Federal).
Emenda governista que permitiria uma brecha no Orçamento de 2024 de até R$ 38 bilhões foi rejeitada. Isto ocorre porque a projeção de inflação é usada para calcular as despesas. Ela foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
A retirada dessa emenda representa uma derrota para o governo Lula, que pretendia assegurar a previsão de despesas condicionadas no arcabouço. Ou seja, que só seriam executadas após aprovação de crédito extraordinário pelo Congresso.
A emenda garantiria a inclusão da projeção da inflação de forma definitiva, sem ter de ser refeita todos os anos. Agora as negociações colocaram esse dispositivo na LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias), que é apresentada anualmente.
Prioridade do governo Lula, o arcabouço estava travado desde junho. O acordo para votação do arcabouço foi fechado mais cedo na reunião de líderes com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entenda os principais pontos da nova regra fiscal.
Os deputados rejeitaram dois destaques apresentados pelo centrão que poderiam alterar o texto final. O primeiro foi uma sugestão que tirava os investimentos em ciência, tecnologia e inovação das novas regras fiscais. A medida foi aprovada pelo Senado por uma emenda do senador Renan Calheiros (MDB-AL), mas recusada na segunda análise na Câmara.
Novo conselho de gestão fiscal também foi recusado pelos deputados. Um dos blocos do centrão, composto por MDB, PSD, Republicanos e Podemos, apresentou um destaque para criar esse conselho, cuja composição teria representantes de todos os Poderes e esferas de governo, além de integrantes do Ministério Público e da sociedade civil.
Durante a sessão, líderes do centrão articularam pela mudança, mas a medida foi rejeitada por 270 votos contra 153. Orientaram favoravelmente ao destaque o bloco autor da emenda e o PL. O governo, por sua vez, liberou a bancada — ou seja, autorizou que cada deputado votasse da maneira como preferisse. O PT foi contrário ao destaque.
Na prática, segundo consultores do Congresso ouvidos pela reportagem, a criação de um conselho não tiraria poder do Ministério da Fazenda, ou sua autoridade, uma vez que não seria deliberativo. Mas seria opinativo e, com isso, discutiria as medidas adotadas pelo governo na execução do gasto público, nas medidas implementadas para a arrecadação de receitas e na transparência da gestão fiscal.
Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal já previa um conselho de gestão fiscal, mas dependia da aprovação de uma lei para definir a composição e a forma de funcionamento. Isso não ocorreu. No texto do destaque, inclusive, o bloco citou que não houve esforços para a criação.
A regra foi batizada de arcabouço fiscal. Arcabouço significa um conjunto de coisas, e fiscal, neste caso, refere-se às receitas e despesas.
Texto prevê zerar o déficit da União no ano que vem e manter as despesas abaixo das receitas. Se houver sobras entre receitas e gastos, elas serão usadas apenas para investimentos, buscando manter a dívida pública sob controle, em uma trajetória sustentável.
Limites de gastos e a meta anual serão recalibrados todos os anos. A despesa primária (diferença entre receitas e gastos, excluindo o pagamento de juros da dívida pública) será reajustada pelo IPCA (índice usado para medir a inflação brasileira). Além disso, também será reajustada por um percentual do quanto cresceu a receita, descontada a inflação. Os gastos deverão ser contidos caso não seja atingido o patamar mínimo para a meta de resultado primário, a ser fixada pela LDO de cada ano.
Salário mínimo foi blindado. O aumento real do salário mínimo está garantido mesmo que em caso de descumprimento da meta fiscal. O Bolsa Família, por sua vez, não poderá ter aumento real em caso de descumprimento das metas.
Crescimento das despesas fica limitado a 70% do crescimento da arrecadação do governo, se houver cumprimento da meta. Por exemplo, se a arrecadação subir 3%, a despesa poderá aumentar até 2,1%. Se a meta de gastos não for cumprida, o crescimento dos gastos fica limitado a 50% do crescimento da arrecadação do governo. Ou seja, se a arrecadação subir 3%, a despesa poderá aumentar até 1,5%.
Limite para 2024 terá uma regra específica. Se o montante ampliado da despesa for maior que 70% do crescimento real da receita primária efetivamente realizada no ano, a diferença será debitada do limite para o exercício de 2025. O limite vai considerar o período de inflação de julho de 2022 a junho de 2023.
Mesmo que a arrecadação do governo cresça muito, haverá piso e tetos para o crescimento real dos gastos, a partir de 2025. Esse intervalo será de 0,6% e 2,5%, desconsiderando a inflação do período.
Caso as metas fiscais não sejam cumpridas pelo governo, as sanções funcionarão da seguinte forma:
Governo Lula diz que o teto de gastos limitou a capacidade de realizar investimentos e promover políticas públicas. Segundo a Fazenda, o arcabouço garantirá um ciclo mais sustentável de crescimento econômico e social, além da recuperação do grau de investimento (selo de bom pagador) do país.Continua após a publicidade
Arcabouço fiscal tem como objetivo principal equilibrar as contas públicas. O aumento de gastos passa a ficar condicionado ao aumento de arrecadação.
Informações UOL