Disposta a manter a estrutura de delírio do livro que lhe deu origem, a diretora peruana Claudia Llosa reproduz na tela a angústia das páginas de “O Fio Invisível” (2021). O livro da escritora argentina Samanta Schweblin, publicado em 2014 e muito bem recebido pela crítica, já parece um filme por natureza ao observar a dinâmica do thriller, mas Llosa consegue enxugá-lo de modo a ressaltar o argumento central e fazê-lo absorver a linguagem do cinema sem que a narrativa tenha de se precipitar, sem que os eventos se sucedam uns por cima dos outros. O filme consegue apresentar cenas ora intensas, ora comoventes, realçando a força do enredo, hábil em falar de vida e de morte numa mesma sequência, provocando sensações díspares que oscilam entre o encantamento por uma trama que valoriza uma emoção nem sempre explorada em filmes: a incomunicabilidade.
Amanda, a portenha refinada vivida por María Valverde, leva Nina, a filha de cinco anos interpretada com graça por Guillermina Sorribes Liotta, numa viagem de verão ao interior da Argentina. Elas são recepcionadas por Carola, uma mulher um pouco mais velha e muito experiente, que parece completamente deslocada ali. A figura cosmopolita de Dolores Fonzi dá esse tempero de modernidade e tradição à personagem, ainda que ela intencionalmente valorize a primeira e sufoque esta. Neste primeiro segmento de “O Fio Invisível”, Valverde e Fonzi disputam palmo a palmo o domínio da cena, e se vislumbra com mais clareza o arco dramático de Amanda e Carola. Com mais em comum do que supunham, as duas tocam a maternidade como uma condição bastante controversa na vida da mulher. O alívio espiritual de ser responsável pela criação de alguém, fonte de conforto quando a vida claudica por qualquer motivo em alguma das suas tantas categorias, cede lugar ao desespero de ter de tomar medidas extremas para tirar um filho da boca da morte. Por outro lado, ao mesmo tempo em que Amanda tenta escapar de dores do passado que continuam a persegui-la, Carola se empenha por dar a volta por cima desde que seu marido caíra em desgraça e perdeu a fazenda em que moravam.
A atração entre Amanda e Carola, sugerindo um envolvimento amoroso que permanece tensionado, sugerido, mas evidente, é a conjuntura que faltava quanto à partilha de impressões em comum sobre ser mãe. Vem à baila uma tal “distância de resgate”, título original do livro de Schweblin, apresentada como o afastamento seguro entre mãe e filhos, que se torna uma obsessão para Amanda. Como se houvesse mesmo uma corda física a separá-las, o segredo para manter o controle da situação é permitir que ela estique o mínimo possível, o que fomenta outros impasses. Como saber em que medida esse fio pode ser esticado? De que forma tomar pé das preocupações de um filho tolher seu livre arbítrio? Nem todos podem responder a essas indagações, ima vez que, antes de mais nada, se precisa chegar ao comprimento do fio.
As inquietudes de Amanda não são sentidas por Carola, uma vez que um acontecimento do passado a fizera ter de se afastar do filho, David. O garoto, vivido por Emilio Vodanovich, adoecera há alguns anos e a curandeira de Cristina Banegas dera parte do espírito de David a outro corpo para mitigar os efeitos da moléstia. Para tentar salvar o filho, a personagem de Dolores Fonzi tivera de abdicar do amor por ele, alegoria empregada por Schweblin a fim de fazer seu leitor refletir sobre as incoerências da maternidade, oportunamente aproveitada por Llosa, que faz com que o estranhamento de Amanda sobressaia, só para Nina ficar doente logo em seguida e ela se veja diante do mesmo dilema de Carola. Com isso, a diretora consegue dar a seu filme a aura de mistério capaz de completar a história, tendo o cuidado de não tornar as coisas nebulosas demais. A própria escritora coassina o roteiro de “O Fio Invisível” com Claudia Llosa, que tem elaborações estéticas saborosas, como a da sobreposição de um cavalo e um homem em contraplano, dando a ideia de serem uma só criatura, um centauro, ente monstruoso que alude diretamente à desajuste do homem no mundo, bem como à urgência por se lutar pela vida, equação cuja resposta pouca gente tem. O espectador pode se sentir perdido em algumas passagens da narrativa, entretanto a fotografia de Óscar Faura literalmente ilumina o olhar da audiência, com a luz solar resvalando na lente. À medida que a história avança, mais se quer saber até onde vai o enigma mais importante do longa, alimentado por uma outra situação cujo caráter oculto é ainda mais potente.
O cinema hispânico tem se caracterizado por valorizar o melhor de sua cultura, e com “O Fio Invisível” não é diferente. Nele, é patente o texto surrealista de Jorge Luis Borges (1899-1986), aliado ao componente de luta social de Lucrecia Martel, e cada um desses valiosos predicados fala a artistas contemporâneos que já deixaram sua marca no cinema, como Christopher Nolan, com seu perfeccionismo visual, e Denis Villeneuve, mestre em subverter o conceito de tempo e torná-lo ainda mais relativo. Num enredo de ameaças nada óbvias, o filme de Claudia Llosa faz da imaginação o sentido mais importante da natureza humana, até porque todo medo é gerado, antes de mais nada, pela ansiedade de não se conhecê-lo. O que não conseguimos imaginar não pode existir.
Filme: O Fio Invisível
Direção: Claudia Llosa
Ano: 2021
Gênero: Suspense
Nota: 8/10
Informações Revista Bula
Assim como existe uma grande diferença entre tristeza e depressão, solidão e estar só não são a mesma coisa, embora façam parte de um modelo de comportamento semelhante. Grosso modo, pode-se dizer que a solidão está para o estado depressivo assim como a individualidade está para a tristeza. Solidão e depressão se retroalimentam em grande medida: solitários são quase sempre deprimidos, ainda que não seja incomum se desenvolver um quadro de depressão em meio a um monte de gente. Solidão é a gente em excesso, e como todo excesso, é nociva — malgrado provoque o instinto sensível do artista e daí saiam trabalhos de primeira grandeza. A Bula pinçou sete filmes para a gente refletir sobre as novas formas como o mundo se apresenta para nós e em como a incapacidade de compreender as irrefreáveis mudanças da sociedade em que vivemos gera a condição patológica do isolamento. Os filmes estão postos do mais recente para o mais antigo e não seguem nenhum critério de classificação. Solidão? Que nada!
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
A Trincheira Infinita (2020), Jon Garaño e José María Goenaga
O filme se debruça sobre a história de Higinio Blanco, opositor do governo ditatorial do caudilho espanhol Francisco Franco (1892-1975), o general que em 1° de outubro de 1936 ascende a chefe de Estado da Espanha mediante um golpe. Higinio Blanco, o protagonista do filme, foi obrigado a se autoexilar em sua própria casa, por mais absurda que a situação pareça, dada a evolução galopante da truculência da tirania franquista. Caçado pelos homens de Franco, o ativista escolhe o pior cárcere que poderia: Blanco é obrigado a se esconder por 33 anos, como um bicho, cada vez mais atemorizado, esperando o fim do ciclo que durou uma vida inteira.
A Última Nota (2019), Claude Lalonde
Henry Cole é um virtuose do piano que devotou a vida à carreira. Cole nunca tivera problemas com sua natureza de verdadeira obsessão pelo trabalho, sempre em busca da performance irretocável, mas a morte da mulher o abala especialmente e ele decide interromper suas apresentações. Oscilando entre a vontade de retomar o que faz de melhor na vida e às implacáveis crises de ansiedade, o pianista conhece Helen Morrison, jornalista da revista “The New Yorker” cuja admiração rapidamente dá lugar a um afeto maior, a que Cole não pode corresponder, mas que é imprescindível quanto a retornar aos palcos e retomar sua história, ainda que nada volte a ser como antes.
Por Lugares Incríveis (2020), Brett Haley
“Por Lugares Incríveis” não tenta recriar a roda, e isso é um seu mérito. A narrativa cumpre um papel até educativo ao abordar temas o seu tanto indigestos a exemplo de depressão e suicídio, adquirindo profundidade ao explorar as razões que podem levar alguém a tomar uma decisão irremediável no calor de um momento particularmente ruim — e a juventude é plena dessas circunstâncias. Violet e Finch se conhecem exatamente numa situação com esse teor dramático. Depois da morte trágica da irmã, Violet está para se jogar de uma ponte, mas Finch a detém. Eles se aproximam, descobrem afinidades em comum e o enredo logo passa a transitar entre as outras pedras no caminho dos dois. Competente ao propor um exercício de autoconhecimento, para os personagens e, consequentemente, para o espectador, “Por Lugares Incríveis” atenta para a necessidade de se perceber as coisas miúdas que tornam a vida preciosa, sem julgamentos, que sempre maniqueístas, conduzem nosso olhar para um ou outro lado, sem nos deixar sentir as muitas nuances dos temas mais complexos da natureza humana.
A Noite de 12 Anos (2018), Álvaro Brechner
A partir de 1973, é instaurada uma ditatura civil-militar no Uruguai que se estende até 1985. José “Pepe” Mujica, Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro, militantes dos Tupamaros, guerrilha de orientação marxista-leninista, passam a se destacar em ações como roubos a banco e logo são vistos como uma espécie de santos rebeldes, por distribuírem o espólio entre os mais humildes. As forças de repressão fecham o cerco e os três são capturados e levados a uma das unidades para confinamento de revoltosos, onde estão outros nove colegas, sem que seja possível a comunicação entre eles. Os anos se sucedem enquanto o grupo tenta não se entregar à sensação de alheamento. A espera leva 12 anos para acabar e um quarto de século depois, Mujica, aos 75 anos, é eleito presidente do Uruguai.
O Vazio do Domingo (2018), Ramón Salazar
Filmes de mães que abandonam o lar e relegam os filhos à própria sorte nunca são levados às telas impunemente. Depois de um distanciamento de mais de 30 anos, Anabel volta a ficar de frente com Chiara, a filha que abandonou. Chiara teria todos os motivos do mundo para não querer mais encontrar a mãe; no entanto, por sentir que a relação ainda pode ser reparada, sai à sua procura. Sua ânsia por fazer o tempo voltar, como num estalar de dedos, e ter pela mãe o afeto que a própria Anabel dispensara é tanto que lhe faz uma proposta inusitada: quer que viajem juntas e passem dez dias num lugarejo perdido entre a Espanha e a França. Este é um drama sobre dores, mágoas, murmúrios, emoções. A leviandade de Anabel, sua ausência na vida de Chiara, a solidão que a filha fora obrigada a vivenciar desde tenra idade por sua culpa, todas essas parecem questões menores se tomadas à luz do sentimento que se apossa das duas. A fotografia é um achado em meio a um filme o seu tanto longo em demasia, com silêncios profundos (e imprescindíveis) que se sucedem à medida que os diálogos, estudadamente pausados, vem à tona, desferindo golpe acima de golpe sobre o espectador, mas com doçura. A Chiara de Bárbara Lennie é mais um dos bons predicados dessa história, que se não termina bem, termina boa. Às vezes, nem as mães são felizes.
Sem Rastros (2018), Debra Granik
A diretora americana Debra Granik é hábil em retratar adolescentes em meio ao bombardeio dos tantos conflitos típicos da idade. Em “Leave no Trace”, Granik traz a história de Will e Tom, pai e filha. Os dois são os únicos moradores de uma grande reserva florestal nos limites de Portland, e não têm o menor problema com o isolamento, questionado pelas autoridades — que nunca se importaram com eles. O serviço social os obriga a deixar a área, e agora Will e Tom passam a ser tutelados pelo governo dos Estados Unidos. Eles não se conformam com tanta interferência num assunto íntimo e tentam retornar à vida feliz que tinham, driblando as novas necessidades que as circunstâncias os impõem.
Somos Todos Iguais (2017), Michael Carney
Fustigada por um câncer que aos poucos consome sua vida, Deborah Hall tem fé de que vai se curar. Casada com Ron, famoso negociante de obras de arte, ela deseja que o marido se torne amigo de Denver, um mendigo violento, cujo passado remonta a episódios de abuso e exploração. Como nunca deixou de amar a mulher e quer conservar seu casamento, Ron tenta se aproximar de Denver. Contudo, as ilusões românticas de Deborah podem transtornar sua vida.
Informações Revista Bula
Cobra Kai logo chamou atenção por ser a continuação de Karatê Kid na Netflix. Mas, o que fez o seriado se tornar um sucesso absoluto foram as lutas emocionantes e a ação implacável.
No fim, o título se tornou um dos mais populares da Netflix. Além de atrair o público com a nostalgia dos anos 1980, o seriado ainda fez com que Karatê Kid ganhasse novos fãs.
Por enquanto, o seriado tem quatro temporadas e uma quinta em pós-produção. Para quem já viu tudo, a Netflix tem outros seriados com muita ação para os espectadores que gostam de Cobra Kai.
Confira abaixo quais são os cinco títulos da Netflix recomendados para os fãs de Cobra Kai.
Com uma temporada, Wu Assassins conta a história de um simples chef de San Francisco que é transformado em um assassino especialista em artes marciais. Ele precisa evitar que os poderes de Wu caiam nas mãos erradas. Além da temporada lançada, a franquia ganhará um filme na Netflix, que pode concluir a história ou preparar um segundo ano.
Assim como Cobra Kai, Glow tem ação e humor. A história na Netflix segue um grupo de desajustadas que encontram uma chance na luta-livre na Los Angeles dos anos 1980. O elenco tem nomes como Alison Brie, Betty Gilpin e Marc Maron.
A série O Traficante passou despercebida em 2021, mas tem grande potencial para os fãs de Cobra Kaipela ação apresentada – e a violência. Na trama, dois cineastas entram em um bairro violento para gravar o clipe de um rapper – a história, além disso, é mostrada como se fosse um documentário, deixando tudo mais diferente.
Se Cobra Kai tem disputa de dojos, Submundo do Crime tem uma perigosa disputa envolvendo gangues rivais. A trama na Netflix segue o ladrão Mehdi, que precisa reunir o próprio grupo após um poderoso chefão do tráfico se voltar contra a família do protagonista.
A série da Marvel feita em parceria com a Netflix é até hoje referência nas coreografias das lutas. Com isso, os espectadores podem esperar batalhas emocionantes e grandiosas durante as três temporadas que contam a história de Matt Murdock.
Série de Karatê Kid, Cobra Kai está com quatro temporadas na Netflix.
Informações Observatório do Cinema
Como a coroa de uma rainha, cheia de pedras preciosas, o Amazon Prime Video vem ao público com um catálogo que vale ouro! Aliás, vale a jazida inteira. São centenas de produções que elevam o nível do seu cinema em casa e enriquecem seu aconchego com material cultural de primeira qualidade. Algumas dessas obras estão disponíveis para assistir livremente na plataforma. Outras, podem ser adquiridas por R$ 6,90. Também há aquelas que podem ser vistas gratuitamente, fazendo o teste de sete dias da Paramount+. Entre eles, “Meu Pai”, de 2021, de Florian Zeller; “Coringa”, de 2019, de Todd Phillips; e “Spotlight: Segredos Revelados”, de 2015, de Andy McCarthy. Os títulos estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
Imagens: Divulgação / Reprodução Amazon Prime Video
Meu Pai (2021), Florian Zeller
Antony é um idoso de 81 anos que mora em um luxuoso apartamento em Londres e sofre de demência. Sob os cuidados da filha, Anne, ele se sente constantemente perdido. Em seu cérebro, sua história não se encaixa mais cronologicamente. Ele já não reconhece os rostos das pessoas com quem convive e não se lembra onde guardou seu relógio, o que o deixa paranoico e irritado. Enquanto tenta encaixar as peças do quebra-cabeça de sua vida, Antony se perde no labirinto que se torna seu próprio apartamento, em constante transformação da mobília e cor das paredes.
Coringa (2019), Todd Phillips
Arthur Fleck mora com sua mãe doente e trabalha como palhaço em festas, nos anos 1980, em Gotham City. Com uma grave doença mental e prestes a ter um ataque de nervos, os tiques de Arthur são gargalhadas sinistras, que só saem nos momentos mais inapropriados. Após ser atacado na rua, um colega lhe dá uma arma, mas Arthur acaba demitido. Não demora para que seu fio de sanidade se rompa e ele comece a usar a pistola em pessoas no metrô. Seu espetáculo final e macabro como palhaço está planejado para ocorrer no palco do apresentador de um talk-show de comédia, seu ídolo Murray Franklin.
Spotlight: Segredos Revelados (2015), Andy McCarthy
Em 2002, o jornal Boston Globe contrata um novo editor-chefe, Marty Baron, que reúne um grupo interno de jornalistas, chamado Spotlight. Formado pelos repórteres investigativos Michael Rezendes, Sacha Pfeiffer e Matty Carroll, eles irão apurar alegações de abusos praticados contra crianças por membros da Igreja Católica. Em uma cidade como Boston, onde a igreja é uma instituição poderosa, a missão não será nada fácil.
O Jogo da Imitação (2014), Morten Tyldum
Alan Turing é um gênio matemático, lógico, criptologista e cientista da computação britânico que consegue desvendar o código alemão que ajuda os Aliados a vencerem a Segunda Guerra Mundial. Turing passa a colaborar no desenvolvimento de computadores na Universidade de Manchester após a guerra. Apesar do heroísmo e competência, alguns anos mais tarde Turing acaba processado pelo governo do Reino Unido por atos homossexuais, considerados ilegais no país à época.
Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), Damien Chazelle
Andrew Neiman é um baterista talentoso o suficiente para entrar no prestigiado conservatório de música de Manhattan, Schaffer Academy. Dentro da instituição, há uma banda de jazz de elite, dirigida pelo rigoroso professor Terence Fletcher. Se tornar um dos integrantes é o mais alto padrão que os estudantes podem almejar. No entanto, agradar Fletcher é um campo minado. Entre seus métodos, assédio moral, humilhação completa e absoluta e muita pressão. Quando Andrew consegue uma vaga na banda, realiza um de seus maiores sonhos, mas, também, passa a viver um grande pesadelo.
Ela (2013), Spike Jonze
Theodore está no meio do divórcio de seu casamento com Catherine. Entre as crises e angústias desta mudança radical em sua vida, encontra nas respostas de Samantha, uma inteligência artificial de um sistema operacional, conforto. Ela foi projetada para se adaptar e evoluir com o tempo e acaba se tornando uma companhia improvável para este homem solitário.
O Segredo dos Seus Olhos (2009), Juan José Campanella
Benjamin é um investigador criminal recém-aposentado que decide escrever um romance baseado em um caso de estupro e assassinato não resolvido de 25 anos, que ainda o atormenta. Ele revela o plano de escrever o livro à Irene, uma bela juíza e ex-colega por quem ele secretamente é apaixonado há anos. O envolvimento de Benjamin com o caso há 25 anos é mostrado por meio de flashbacks. À medida que escreve seu livro, o mistério do crime hediondo volta a se desdobrar no presente.
Na Natureza Selvagem (2007), Sean Penn
Christopher McCandless é um jovem de classe média recém-formado na universidade como um dos alunos de maior destaque. Para a decepção de seus pais, que vislumbram um futuro de sucesso, Christopher decide deixar sua vida de privilégios, se desfazer de seus bens e embarcar em uma vida simples pelo Alasca selvagem.
Lawrence da Arábia (1962), David Lean
Durante a Primeira Guerra Mundial, Lawrence articula, por meio do Gabinete de Assuntos Árabes, para que seja enviado para Cairo. O jovem tenente é designado para uma missão especial, em que precisa auxiliar nas negociações entre o exército britânico e os rebeldes árabes. Em sua função, Lawrence tem de contactar o príncipe Faiçal e avaliar como está a revolta árabe. No deserto, conhece o xerife Ali, que se torna um forte aliado na tentativa de unir aquele povo.
Casablanca (1942), Michael Curtiz
Rick Blaine é um americano sarcástico, dono de um bar em Casablanca, no Marrocos. O local é constantemente usado para esconder alguns refugiados que tentam escapar do nazismo. Entre eles, Victor Laszlo, líder da resistência tcheca e procurado pelo major da SS, Strasser, que está fazendo pressão sobre Rick. Victor chega a Casablanca acompanhado de sua esposa, Ilsa, que coincidentemente tem uma história com o americano. Eles tiveram um caso de amor no passado, no qual Rick jamais superou. Ele terá de escolher entre salvar o marido do amor de sua vida ou entregá-lo aos alemães
Informações Revista Bula
É lógico que você não quer perder horas do seu dia procurando alguma coisa para ver na televisão. Antigamente era comum ficar trocando de canal até aparecer algo que realmente valesse a pena. Agora, não precisa mais disso! A Revista Bula é seu guru pessoal, seu guia do que ver na Netflix. Nesta lista, selecionamos filmes maravilhosos, aclamados e premiados que vão te garantir uma boa sessão de cinema em casa. Então, acompanhe essa seleção e tenha na palma da sua mão a escolha perfeita para seu entretenimento e cultura. Entre as produções, “Você Nem Imagina”, de 2021, de Alice Wu; “A Incrível História da Ilha das Rosas”, de 2020, de Sydney Sibilia; e “Um Banho de Vida”, de 2019, de Giles Lellouche. Os títulos estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Você Nem Imagina (2021), Alice Wu
Ellie Chu é estudiosa e tímida, mas elabora um negócio próspero escrevendo trabalhos para outros alunos por dinheiro. O bico permite que ela ajude a sustentar o pequeno apartamento que divide com seu pai viúvo. Um dia, Paul Munsky, do time de futebol da escola, pede a Ellie para ajudá-lo a escrever uma carta de amor para Aster Flores. Ellie também se sente atraída por Aster e sabe exatamente o que dizer para ela. Por outro lado, o rapaz que gosta de Aster por sua beleza, passa a enxergar em Ellie algo muito mais substantivo.
A Incrível História da Ilha das Rosas (2020), Sydney Sibilia
Com ajuda de um amigo, um homem idealista constrói uma ilha fora do território marítimo italiano. Após declarar que o local é uma nação independente, chama atenção de turistas, inclusive pessoas que chegam para pedir cidadania. Conforme o local se torna cada vez mais popular e ele solicita reconhecimento da ONU, outros países se sentem desconfortáveis, especialmente a Itália, que passa a considerá-lo inimigo.
Um Banho de Vida (2019), Gilles Lellouche
Bertrand, um pai de família desempregado, sofre de depressão. Depois de um tratamento ineficaz, ele começa a frequentar a piscina de seu bairro e se junta à equipe masculina de nado sincronizado. Durante os treinos, os atletas amadores compartilham suas frustrações e alegrias, tornando-se grandes amigos. Sob o comando da ex-atleta olímpica Delphine, eles decidem participar de um campeonato mundial.
O Casamento de Ali (2017), Jeffrey Walker
Em Melbourne, Ali é filho do líder de uma mesquita que é reverenciado por seus seguidores. Todos os membros da comunidade o admiram e, por isso, também existe uma certa pressão sobre Ali, cuja família espera que se torne médico. Quando Ali é reprovado no vestibular para medicina, ele não consegue dar a notícia devastadora para sua família. Então, se vê forçado a mentir que foi aprovado e que entrará para a faculdade. As coisas fogem de controle quando os pais de Ali arranjam a “noiva adequada” para seu filho. Ele, no entanto, está apaixonado por outra garota, que ironicamente se tornará médica.
Barakah com Barakah (2016), Mahmoud Sabbagh
Neste filme, um funcionário de aeroporto, que também trabalha como ator de teatro, se apaixona por uma jovem influencer na internet e que também atende na loja de sua mãe. Ele, de origem humilde, enquanto ela, foi adotada por um casal de classe alta. Eles terão de lutar contra as convenções sociais de seu país, a Arábia Saudita, para poderem ficar juntos.
PK (2014), Rajkumar Hirani
Um alienígena fica preso na terra sem nenhum pertence, exceto um medalhão que serve para chamar sua nave espacial para resgatá-lo. Quando tem o amuleto roubado, o alienígena se informa de que os bandidos devem tentar vendê-lo em Delhi. Ao pedir informação sobre o item roubado na cidade, alguém diz a ele que “somente Deus poderia ajudá-lo”. Então ele inicia suas buscas por Deus e se envolve em uma série de confusões.
O Lado Bom da Vida (2012), David O. Russell
Pat Solitano é um ex-professor do ensino médio que tem um surto de violência ao flagrar sua esposa com outro homem no chuveiro. Depois de ser liberado de uma ala psiquiátrica de Baltimore, onde passou oito meses, ele retorna para a casa de seus pais, banido de sua vida anterior. Na vizinhança, ele desenvolve uma amizade improvável com Tiffany, uma viúva que luta contra a depressão e que está obcecada em vencer o concurso de dança local. Os dois se tornam parceiros na competição, enquanto se ajudam mutuamente a superar seus traumas e reconstruir suas vidas.
Love in a Puff (2010), Ho-Cheung Pang
Em Hong Kong é proibido fumar em ambientes fechados. Nas empresas, profissionais saem para o chamado “hotpot”, sessões de cigarro ao lado de alguma lata de lixo na rua. Enquanto fumam, as pessoas se conhecem, fofocam, trocam farpas e compartilham histórias pessoais. Um dia, Jimmy e Cherie se conhecem em um desses intervalos para fumar. A química entre eles acontece quase que instantaneamente. Ao longo de uma semana de fofocas no “hotpot”, Jimmy e Cherie se apaixonam.
Amigas com Dinheiro (2006), Nicole Holofcener
Amigas de longa data alcançaram uma vida confortável e agora suas rotinas giram em torno de roupas de grife, eventos de caridade e seus relacionamentos amorosos. Exceto Olivia que, após uma crise pessoal, largou o emprego de professora e agora ganha a vida limpando casas. Enquanto suas amigas atravessam diversos estágios de seus casamentos, Olivia ainda procura por alguém significativo diante das poucas opções disponíveis.
Closer: Perto Demais (2004), Mike Nichols
Dan é um romancista frustrado que se apaixona pela stripper Alice após um encontro inusitado em uma rua de Londres. Larry é um dermatologista grosseiro que se apaixona pela fotógrafa Anna, depois de se conhecerem em um aquário. Por forças do acaso, essas quatro pessoas conseguem intercalar romances complicados umas com as outras e sem a certeza se estão realmente sendo felizes nesses relacionamentos.
Informações Revista Bula
De acordo com o Flix Patrol, Invencível, baseado em uma inacreditável história real, alcançou o Top 10 global da Netflix, fazendo sucesso no serviço de streaming.
Invencível conta a história de Louis Zamperini, que competiu nas Olimpíadas de 1936 e estabeleceu um novo recorde como corredor olímpico.
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Ele serviu durante a Segunda Guerra Mundial, antes de seu avião cair no oceano durante uma missão de busca e resgate, onde ele e outros dois passaram 47 dias presos no mar.
Por fim, eles foram parar nas Ilhas Marshall, onde ele foi torturado e espancado como prisioneiro de guerra, período durante o qual foi declarado desaparecido no mar e morto em combate nos Estados Unidos.
Louis Zamperini morreu em 2014, com 97 anos de idade, e nunca teve a chance de assistir Invencível. No entanto, a sua história continua marcada como uma das mais impressionantes da Segunda Guerra Mundial.
Invencível teve direção de Angelina Jolie. A estrela é bastante conhecida por seus trabalhos de atuação em Hollywood.
Invencível era aguardado com grandes expectativas antes do seu lançamento, sendo considerado uma aposta segura na temporada de premiações de Hollywood, até mesmo por conta do envolvimento de Angelina Jolie como diretora.
No entanto, o longa-metragem teve uma recepção decepcionante e nunca alcançou a aclamação que se esperava, embora tenha sido um relativo sucesso de bilheteria.
Agora, Invencível ganhou uma nova chance com o público na Netflix. E parece que realmente vem tendo um bom desempenho.
No Brasil, Invencível está agora disponível na Netflix.
Informações Observatório do Cinema
O filósofo e crítico de arte Roger Scruton (1944-2020) era capaz de reconhecer, por óbvio, a importância das máquinas para o desenvolvimento do homem, mas Scruton também alegava que com elas o mundo perdera muito de sua ingenuidade, sua ternura e sua beleza, daí a arte não poder nunca prescindir da estrita observação de todos os paradigmas canônicos no que concerne ao requinte estético. Nem tudo é arte, mas a arte está em tudo; em todas as coisas, vivas e inanimadas, perenes e transitórias, há um quê de beleza oculto, esperando a astúcia de um gênio sensível para ser descoberto.
Por mais difícil que seja de se acreditar, existe uma beleza infinita no gênero humano. O homem, esse bicho estranho, que se comporta como fera predadora boa parte do tempo, mas completamente só no mundo, se perde em devaneios e sonhos que não pode alcançar, guarda para si o seu melhor, até por instinto, cabendo à arte, à boa arte, mergulhar fundo e resgatar esse tesouro, que mesmo depois de restaurado devido às avarias que o tempo traz, não perde as marcas de um passado melancólico, de dúvidas e aflições.
A ameaça do fim, sempre à espreita, é uma das questões que mais angustiam o homem. Por sabermos que a morte está sempre à ronda, mas sem nunca termos a certeza sobre em que esquina nossa jornada há de cruzar com a da indesejada das gentes, tentamos fazer da vida um tempo glorioso, como se cada segundo fizesse toda a diferença entre ser só mais um ou tornar-se parte do espírito de um tempo, uma figura a partir da qual boa parte dos outros mortais passa a se orientar. Viver como se cada dia fosse mesmo o último, empenhando-se por escapar da subjugação de um destino que não colabora e nos quer todos iguais, todos medíocres, eis a sina da humanidade.
A relação entre a natureza humana e sua extinção, depois de um cenário de catástrofe ou pestes para as quais a ciência ainda não descobriu medicamentos eficazes — cura, então, nem pensar — é matéria-prima de grandes histórias, que o cinema materializa com precisão e apuro estético que poucas manifestações artísticas alcançam. Em 2022 a Bula mantém a tradição de elencar os filmes para os quais você vai ter de dedicar um quinhão do seu tempo, como Um Lugar Silencioso(2018), em que o diretor John Krasinski dá vida a um homem que tenta manter sua família a salvo de monstros inclementes quando tudo o mais resta perdido. Outra sorte de desordem, por seu turno, é o mote de “Neymar: O Caos Perfeito” (2021), série documental em três episódios dirigida por David Charles Rodrigues que esmiúça a carreira e a vida pessoal de um dos maiores jogadores que o futebol já viu, uma trajetória de feitos excepcionais, pontuada também por fracassos, dores e uma boa medida de polêmica. “Um Lugar Silencioso”, “Neymar: O Caos Perfeito” e mais três longas são os destaques da Netflix para 2022, que decerto nos vai exigir o respiro que o cinema proporciona. As produções estão organizadas de acordo com o ano em que foram lançadas pela indústria, sendo que “Neymar: O Caos Perfeito” e mais uma são inéditas.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Mãe x Androides (2021), de Mattson Tomlin
Georgia, a protagonista vivida por Chloe Grace Moretz, é uma universitária de 19 anos que descobre que está grávida na mesma noite em que uma horda de robôs se conflagra e dá início a uma revolta. Responsáveis pelos trabalhos mecânicos de que o homem foi capaz de se livrar depois de séculos de evolução, os autômatos absorveram o espírito de corpo de que o gênero humano às vezes se reveste e não querem mais fazer essas tarefas, deixando-o claro da pior maneira: matando seus patrões de carne e osso e obrigando quem consegue sobreviver a fugir para o deserto. Georgia mantém com o namorado, Sam, de Algee Smith, um relacionamento fugaz em que o amor importa pouco, ainda mais estremecido por causa do bebê que não tarda, mas agora esses dois inconsequentes terão de se suportar se quiserem continuar vivos, enquanto a futura mãe pensa em como será ter um filho nas circunstâncias em que se encontra.
Neymar: O Caos Perfeito (2021), de David Charles Rodrigues
Disposto ao longo de três episódios, com duração entre 50 a 60 minutos, a série documental dirigida por David Charles Rodrigues canta as glórias de um dos maiores jogadores da história do futebol, sem se esquecer, claro, de seu lado menos nobre. “Neymar: O Caos Perfeito” relembra a trajetória de Neymar da Silva Santos Júnior, desde sua ascensão, no Santos, passando pelo auge da fama no Barcelona e desembocando em polêmicas ainda hoje atravessadas na goela do torcedor, como sua atuação na Copa de 2014, quando a Seleção Brasileira perdeu para a Alemanha por 7 a 1, e seu ocaso eminente, no Paris Saint Germain. A produção acompanha a campanha de marketing por trás da carreira de Neymar, verdadeira operação de guerra comandada por Neymar da Silva Santos, o Neymar Pai, e conta com depoimentos de personalidades do futebol a exemplo de David Beckham, Lionel Messi, Kylian Mbappé, Daniel Alves e Thiago Silva, além do surfista Gabriel Medina e do levantador Bruninho, da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei, que fazem suas análises sobre a importância de Neymar no esporte bretão mais brasileiro do planeta.
A Origem do Mundo (2020), de Laurent Lafitte
Em sua estreia como diretor, Laurent Lafitte tece loas ao teatro com a adaptação de “L’Origine du Monde”, peça de Sébastien Thiéry. Lafitte também integra o elenco de “A Origem do Mundo”, juntando-se a outras celebridades francesas, como Karine Viard, Vincent Macaigne, Hélène Vincent e Nicole Garcia, explorando as origens sociais e os segredos de família de seus personagens em um drama que sabe dosar muito bem comicidade e reflexão. O filme narra a história de Jean-Louis Bordier, que sente que seu coração não bate mais — e isso não é nenhuma figura de linguagem. Não há sinal de morte na esquina, mas isso é só uma questão de tempo: o protagonista, interpretado por Lafitte, se esforça por resolver um problema do qual nem se lembrava mais, sozinho, mas seu melhor amigo, o veterinário Michel, e sua mulher, Valérie, se compadecem de sua agonia e tentam achar uma justificativa para o fenômeno. Valérie supõe que seja o caso de recorrer a outras dimensões a fim de encontrar uma saída, e é aí que entra Margaux. A guru espiritual, chegada a lidar com o que não se deixa ver, vislumbra uma solução, ainda que de tão inusitada, a ideia possa morrer no ovo. Jean-Louis preservaria a honra, mas perderia a vida.
Um Lugar Silencioso (2018), de John Krasinski
O roteiro de “Um Lugar Silencioso”, escrito pelo próprio diretor, John Krasinski, em parceria com Bryan Woods e Scott Beck, se baseia numa família, em que Krasinski dá vida a Lee Abbott, o pai, uma figura marginal na trama. Junto com a mulher, Evelyn, interpretada por Emily Blunt, e os três filhos, Marcus, personagem de Noah Jupe, Regan, vivida por Millicent Simmonds, e o mais novo, de Cade Woodward, Lee tenta sobreviver no que restou do mundo depois da invasão de criaturas extremamente violentas que deram cabo de boa parte da população da Terra, tendo de também adotar um hábito essencial para tanto: fazer o máximo de silêncio de que forem capazes, uma vez que esses predadores vorazes são dotados de uma audição muito superior à humana, o que lhes permite chegar ao local exato em que se escondem suas presas ao menor ruído que façam. Regan é a única que passa pela experiência sem maiores dificuldades, por ser surda — e sempre que a personagem surge em cena, o enredo adquire as cores de realidade fantástica de que uma produção dessa natureza tanto necessita, graças ao desempenho irretocável de Simmonds, surda na vida real.
A Epidemia (2010), de Breck Eisner
Ao contrário de outras produções que se estendem sobre cenários apocalípticos, em “A Epidemia” ninguém quer acompanhar o fim do mundo pelos meios de comunicação. O diretor Breck Eisner só faz menção à imprensa depois que já subiram os créditos. A pequena Ogden Marsh, perdida em algum lugar no estado americano de Iowa, permanece encerrada em seu atraso, isolada do mundo, e talvez estivesse até congelada no tempo, não fossem elementos pontuais que surgem ao longo da narrativa, como uma criança jogando um videogame moderno. Apesar de ter resistido a ser aprisionada pelo passado, os habitantes da cidadezinha aferram-se a seus velhos costumes, ainda que, subitamente, se vejam forçados a encarar uma realidade para a qual não estavam preparados, viver sob a perspectiva do fim próximo, sem saber se haverá alguma possibilidade de redenção.
Informações Revista Bula
The Tragedy of Macbeth, novo drama histórico com elenco estrelado, está sendo aclamado pela crítica especializada e alcançou 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Baseado na peça trágica de William Shakespeare, The Tragedy of Macbeth segue a história do lorde Macbeth ao voltar de uma guerra. No meio do caminho, três bruxas o abordam e fala sobre sua visão que ele será o próximo rei da Escócia.
Ao contar a notícia para sua esposa, eles planejam o assassinato do rei atual do país e assim garantir o reinado de Macbeth. Porém, como o prórpio nome diz, Macbeth é uma tragédia.
O longa dirigido por Joel Coen, traz Denzel Washington e Frances McDormand como protagonistas. Corey Hawkins, Alex Hassell, Ralph Ineson, Moses Ingram, Bertie Carvel, Kathryn Hunter, Brendan Gleeson e Harry Melling completam o elenco.
Leah Greenblatt, do Entertainment Weekly, comentou positivamente sobre o filme:
“Há um poder real, ressonante, em todo aquele som e fúria, uma tragédia desconstruída e recriada, mas como a verdade essencial por trás dela não se reduz.”
Confira:
The Tragedy of Macbeth estreia dia 25 de dezembro de 2021 nos cinemas.
Assista ao trailer do filme:
Informações “Tem Alguém Assistindo?”
Por Guilherme Ravache
O próximo ano deverá registrar o maior investimento da história em produções para serviços de streaming no mundo. Lideradas pela Netflix, as empresas do setor devem investir juntas mais de R$ 1,3 trilhão em conteúdo, um aumento de 14% em relação a 2021, de acordo com a Ampere Analysis.
“Em 2022, esperamos que o investimento em conteúdo ultrapasse US$ 230 bilhões (R$ 1,3 trilhão), principalmente impulsionado por serviços de streaming por assinatura, à medida que a batalha na arena de conteúdo original se intensifica – tanto nos Estados Unidos, mas também nos mercados globais, que são cada vez mais importantes para o crescimento”, diz Hannah Walsh, gerente de pesquisa da Ampere Analysis, em um comunicado.
Com gastos de US$ 14 bilhões em conteúdo em 2021, a Netflix lidera os investimentos em streaming, representando 30% do total gasto em conteúdo de assinatura de vídeo on demand (SVOD), mas apenas 6% do investimento total em conteúdo global em 2021, de acordo com a Ampere
A Netflix é o terceiro maior investidor em conteúdo do mundo em gastos totais, atrás da Comcast e suas subsidiárias (US$ 22,7 bilhões) e da Disney (US$ 18,6 bilhões).
“A Comcast e a Disney investem pesadamente em direitos esportivos, que – junto com seus pesados investimentos em conteúdo original – contribuíram para suas posições de liderança na mesa. Os direitos esportivos representaram mais de um terço dos gastos da Comcast e da Disney em 2021 “, afirmou Hannah.
Mas esses números devem aumentar. A Disney revelou no início deste ano que pretende expandir seu orçamento de conteúdo em US$ 8 bilhões em 2022. A Netflix afirmou que pode até triplicar o investimento nos próximos anos e em 2022 deve gastar US$ 17 bilhões.
A WarnerMedia, dona da HBO Max, anunciou que iria se fundir com a Discovery para conseguir aumentar os investimentos em conteúdo. O plano é investir até US$ 20 bilhões em novas produções.
As produções realizadas fora dos Estados Unidos nunca estiveram tão em alta. A série Round 6 se tornou o maior fenômeno de entretenimento do ano.
A produção coreana foi vista por 142 milhões de assinantes em 90 países (e finalizada por 87 milhões deles) nos primeiros 23 dias; mais de 1,5 bilhão de horas foram visualizadas nos primeiros 28 dias. A Netflix comprou a produção por US$ 22 milhões e gerou US$ 900 milhões em valor, de acordo com documentos internos que foram revelados em outubro pela Bloomberg.
Round 6 intensificou a corrida por “surpresas” internacionais. Segundo o colunista Matthew Beloni, “enormes investimentos em programação em idioma local levam a sucessos populares que podem ser promovidos por algoritmos para um público global treinado para aceitar legendas e atores estrangeiros; isso, por sua vez, criará um crescimento quase instantâneo e exponencial no consumo desse conteúdo. Em outras palavras: hits massivos. E os acessos se traduzem em assinantes, perpetuando o círculo virtuoso”.
Dos 214 milhões de assinantes da Netflix, menos de um terço está nos Estados Unidos.
O Brasil já seria o segundo maior mercado do mundo em streaming. As plataformas internacionais de streaming nos últimos meses inclusive anunciaram o aumento de produções no Brasil, mas o volume é pequeno em comparação a outros mercados até menos relevantes em comparação ao Brasil.
Ou seja, o Brasil parece estar ficando de fora dessa “enxurrada” de recursos para a produção de conteúdo.
A Globo investiu pesadamente no aumento de produções para o Globoplay. Em seu balanço divulgado em março, a emissora disse planejar investir R$ 4,5 bilhões em conteúdo e mais R$ 1 bilhão em tecnologia. Mas no volume geral, considerando os concorrentes internacionais, os números brasileiros para produção de conteúdo são tímidos.
A Netflix, líder do setor no Brasil e no mundo, anunciou semanas atrás uma série de novidades produzidas no país. Mas uma comparação com mercados semelhantes como a Índia evidencia como estamos em desvantagem.
No Brasil a Netflix tem cerca de 19 milhões de assinantes, conforme dados vazados do site do Cade. Na Índia, a Netflix tem pouco mais de 5 milhões de assinantes, segundo a consultoria Media Partners Ásia. Na Índia, a Netflix lançou mais de 70 filmes, documentários, programas e especiais de comédia, e já avisou que aumentará este número em 2022. A Netflix planeja desenvolver 40 ideias no Brasil em 2022.
Vale notar ainda que a Netflix na Índia é bem mais barata que no Brasil. Este mês a empresa cortou o preço dos seus planos no país em até 60%. O plano mais barato da Netflix na Índia custa cerca de R$ 11. No Brasil, o plano básico custa R$ 25,90.
A Netflix deve gastar US$ 1 bilhão apenas em programas coreanos, incluindo US$ 500 milhões este ano em filmes e séries lá. Isso além de US$ 1 bilhão no Reino Unido e US$ 400 milhões na Índia em 2019 e 2020, aponta Beloni. A América Latina é semelhante, mas o Brasil é um de vários países na região.
“Essa questão está ligada com a falta da regulamentação”, diz Marina Rodrigues, cineasta e produtora. “Como não existe nenhuma legislação que determine investimentos mínimos, a Netflix acaba gastando bem abaixo do que poderia”.
Marina com frequência destaca em seu perfil no Twitter produções de sucesso que recebem benefícios governamentais. O recente sucesso Não Olhe para Cima é um exemplo.
A Coreia, berço de Round 6 e um crescente número de produções de sucesso, é um dos países mais hostis do mundo às empresas internacionais de streaming. O governo criou políticas para proteger o mercado local e usa a influência para estimular segmentos de entretenimento como o K-Pop, cinema e TV.
A reação à chegada da Netflix ao país em 2016 é um exemplo. “Primeiro, os conglomerados de mídia local se uniram para formar a Wavve, uma plataforma de streaming nacional, que tem o objetivo de enfrentar o ‘perigo estrangeiro’ que a Netflix representa para o mercado”, como afirma artigo de Daniela Mazur, Melina Meimarides e Daniel Rios.
“Segundo, a indústria sul-coreana está transformando o alcance das plataformas estrangeiras em um instrumento para expandir a Hallyu (onda coreana) globalmente. Portanto, é uma estratégia de mão dupla, na qual a indústria nacional se utiliza da Netflix para atingir públicos estrangeiros, mas localmente é hostil à empresa”, acrescenta a publicação.
Crescentes polos de produção como Índia, França e Reino Unido têm implementado rígidas cotas locais de produção, forçando os grandes streamings a aumentar o volume de obras locais. O Brasil segue sem política específica.
Um executivo ouvido pela coluna também aponta a dificuldade de encontrar profissionais qualificados e até estúdios no país capazes de atender aos altos níveis de qualidade de plataformas como a Netflix. “A série 3% da Netflix era uma boa ideia e tinha grande potencial, mas a produção foi inconsistente e sofreu problemas de execução”, afirma.
Resposta da Netflix
“Entretemos o Brasil há uma década e muita coisa mudou de 2011, com títulos licenciados e stand-ups, até 2021, com uma produção variada de conteúdos globais e locais. Esse ano marca os 5 anos da Netflix produzindo conteúdo local original e levando histórias brasileiras para o mundo todo, como 7 Prisioneiros e Cidade Invisível.
Informações UOL
Todos nós temos nossos mistérios, indecifráveis, por mais que pensemos o contrário. Entretanto, quando a aura de segredo torna-se nossa maior qualidade, é óbvio que há alguma coisa de muito errado. Esse é o mal de Leda Caruso, a professora de literatura comparada vivida por Olivia Colman, perdida, ou melhor, assolada por suas lembranças. Talvez houvesse solução para um de seus muitos sofrimentos, mas ela não parece tão interessada. Escrava da vida que teve e que já não tem há muito, sem nunca se decidir entre se deixar envolver pelos braços frios do passado ou encarar a realidade, por mais dura que seja, mas sempre melhor, por trazer consigo uma esperança de transformação, a protagonista de “A Filha Perdida” é uma mulher tomada pelo desespero. Um desespero que a paralisa.
A adaptação de Maggie Gyllenhaal, de 2021, para o romance homônimo da escritora Elena Ferrante é um debute respeitável da atriz na direção. Publicado em 2006, “A Filha Perdida” narra as desventuras de uma mulher fragmentada, incapaz de lidar com a verdade e suas consequências, ou pelo contrário, tão acostumada a ter de encarar verdades tão contundentes que tem de aumentar a dose um pouco mais a cada dia, a fim de provar a si mesma que está viva. E foi por aí mesmo que Gyllenhaal se embrenhou, sem pejo, como Ferrante, de apontar as contradições de Leda, empenhando-se por tentar encontrar o X do problema da personagem.
Logo no início de “A Filha Perdida”, Ferrante expõe o caráter autodestrutivo de Leda da forma mais pungente que poderia. A personagem de Colman é obstinada em suas obsessões, aferrada a suas guerras interiores e, ao mesmo tempo, vulnerável, instável, fraca. Leda age por impulso, como um animal, só para meio minuto depois estar completamente arrependida, vexada, imitar um sentimento de empatia qualquer do jeito que pode e tornar a meter os pés pelas mãos. A meta de Gyllenhaal no filme é, no mínimo, manter a narrativa nesse fio tênue que aparta a tensão da psicopatia; os indícios pelos quais se orienta, contudo, são meio duvidosos, uma vez que Leda seja levemente inclinada a preferir esta àquela.
Alter ego da própria autora, de quem se sabe pouquíssimo — Elena Ferrante é o pseudônimo hispânico de uma autora napolitana, e pelo visto vai continuar a sê-lo por muito tempo —, Leda tenta usufruir de um breve período de descanso numa cidade litorânea da Grécia, e tudo segue em razoável normalidade: ela dispõe de todo o sossego do mundo para ler seus livros, preparar suas aulas, fazer apontamentos, sem descuidar de também aproveitar a exuberância que a rodeia, tomando banhos de mar e se estirando ao sol. O apartamento que Lyle, o zelador atencioso interpretado pelo veterano Ed Harris, consegue para ela é iluminado, amplo, arejado. Leda consegue suportar as investidas cavalheirescas de Lyle sem maiores sobressaltos, e, o principal, sem escândalos — afinal, ela é uma dama, uma acadêmica, uma alma sensível acima de tudo — e parece que vai viver mesmo dias felizes, ou menos melancólicos. Mas seus planos de tempos de paz fazem água.
A chegada de uma família numerosa (e barulhenta) põe seus nervos à prova, com gente mal-educada, mal-acostumada, espaçosa, grosseira, a atrapalhar sua leitura. Dona de uma capacidade incomum de se adaptar às adversidades de um meio estranho que vai se tornando hostil consoante a trama se desenrola, muito graças a seu temperamento emocional, Leda acaba por elaborar um jogo mental em que se dedica a traçar o perfil de um daqueles tipos exóticos, o que mais a toca, por uma razão especial. Trata-se de Nina, personagem de Dakota Johnson, que brinca com Elena, de Athena Martin, sua filha. Mesmo essa sua diversão aparentemente pouco convidativa lhe é negada: Leda tem um entrevero gratuito com Callie, cunhada de Nina, a matrona ainda fresca de Dagmara Dominczyk, grávida aos 42 anos, uma antítese perfeita de tudo o que se tornara. Como tudo em “A Filha Perdida” é oblíquo, a rusga entre as duas se presta a aproximá-las, malgrado não se tenha muita convicção acerca das reais intenções de uma e outra.
A questão da maternidade, realizada plenamente no caso de Callie, com todas as renúncias que isso implica, e frustrada em maior ou menor proporção quanto a Nina e, por evidente, Leda, vem à tona com um evento que as coloca ainda mais próximas. O pouco que se sabe a respeito emerge graças às caudalosas sequências em analepse, momento em que Olivia Colman cede lugar a igualmente talentosa Jessie Buckley que, justiça se lhe faça, se expõe muito mais que a ganhadora do Oscar de Melhor Atriz pela performance como a rainha Ana da Grã-Bretanha (1665-1714) em “A Favorita” (2018), de Yorgos Lanthimos. Nesses flashbacks, a jovem Leda é mostrada como uma histérica, mas seu drama é real. Vítima da armadilha que preparou para si mesma, a da maternidade precoce e idealizada, Leda tenta se equilibrar entre a carreira como tradutora e ensaísta, que desponta celeremente, e a educação das filhas, Martha e Bianca. Ao perceber que o interesse do professor Hardy, o acadêmico badalado de Peter Sarsgaard, vai muito além de seus rematados conhecimentos na obra do poeta irlandês William Butler Yeats (1865-1939), Leda joga para o alto o casamento já meio arrefecido com Joe, de Jack Farthing, e toma a decisão que impacta sua vida para sempre.
Gyllenhaal se arrisca ao tentar captar todo o estado de completa balbúrdia de uma personagem que não tem todo o interesse que seria necessário para, ao menos, botar o nariz para fora desse pântano — e a Academia tem verdadeira fixação por diretores com esse grau de arrojo, tanto melhor se estreantes. A despeito de levar ou não o homenzinho dourado para casa — e ela merece —, Maggie Gyllenhaal compõe um dos melhores filmes sobre os conflitos da existência, inerentes a qualquer ser humano. Como se vê, 2022 será um ano de insurreições também no cinema.
Informações Revista Bula