Dados de 2024, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, revelam o crescimento dos casos de câncer no país para o próximo triênio: entre 2023 e 2025, a incidência deve ser de 704 mil casos registrados a cada ano e, na Bahia, o número anual é de 38.840, que totalizam mais 116 mil ocorrências. Por não ocupar a lista dos dez principais tipos de neoplasia maligna em número de casos, as informações sobre o câncer renal pouco são divulgadas e seus sintomas, muitas vezes, confundidos com os de outras doenças, retardando, assim, o seu diagnóstico. A doença, no entanto, acomete mais de 12 mil brasileiros todos os anos e é responsável, nesse período, pela morte de cerca de quatro mil pessoas.
Levar o conhecimento acerca do câncer renal para um número cada vez maior de pessoas é um dos objetivos principais da campanha Março Vermelho, dedicada justamente a conscientizar e orientar sobre o câncer renal e a saúde do rim, conforme o cirurgião urologista, Dr. Eduardo Cerqueira. Segundo o especialista, esse tipo de câncer apresenta sintomas muito inespecíficos que podem ser confundidos com outras doenças, o que leva até 15% dos casos a serem descobertos de maneira incidental. “O fato é que não existem protocolos de rastreamento e, por isso, a necessidade de buscar um especialista ao menor sinal de anormalidade quando o assunto é o trato urinário”, ressaltou, o urologista.
O médico reforça ainda que o tabagismo e a obesidade são fatores de risco para a doença, além das causas hereditárias. “Mas, vale incluir aqui, os pacientes ocupacionais, ou seja, aqueles trabalhadores que são expostos a produtos químicos como o benzeno, pessoas que trabalham com tinta, solventes de borracha onde o benzeno se encontra presente e pintura na indústria”, alertou Dr. Eduardo Cerqueira, acrescentando que, quando o assunto é tabagismo, as pessoas costumam associar o uso do cigarro a outros tipos de câncer como os de pulmão e garganta, “no então, é preciso chamar a atenção para o fato de que existe uma associação de risco do câncer renal com o tabagismo e também com a obesidade. Além disso, existem as síndromes genéticas que também podem colaborar com o aumento da ocorrência de casos da doença”, confirmou o cirurgião urologista.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, em 2020, foram mais de 400 mil diagnósticos e 170 mil mortes por câncer renal no mundo. No Brasil, ainda segundo a OMS, a doença está entre os 13 tipos de câncer mais incidentes, com quase 12 mil e responde por 2% a 3% de todos os casos de câncer em adultos. O câncer renal representa 3% das doenças malignas que acometem adultos em todo o mundo.
Diagnóstico e tratamento do câncer de rim
Em cerca de 90% dos casos de câncer renal, o diagnóstico é feito por meio de um sintoma. A presença de sangue na urina é o principal sinal de alerta, bem como a perda de peso, presença de massa abdominal, anemia e dor nas costas. No restante das vezes, o diagnóstico é incidental, ou seja, o paciente realiza um exame de ultrassom, ou outro exame de imagem, por alguma outra razão, e encontra alguma lesão no órgão. O tratamento do câncer renal, de acordo com Dr. Eduardo Cerqueira, é por meio da cirurgia, sendo a nefrectomia parcial, cirurgia preservadora de órgão, o principal objetivo do procedimento.
O médico explica que a cirurgia robótica é a mais indicada para esses casos devido à alta complexidade do procedimento, “uma vez que o objetivo é fazer a retirada somente da parte do nódulo que está com a patologia, preservando o rim. Poucos são os casos, com esse tipo de cirurgia, nas quais não conseguimos atingir esse objetivo, justamente por conta da sua precisão, vai depender do tamanho, da complexidade da lesão e do possível envolvimento de outros vasos que podem dificultar o tratamento”, explicou.
O especialista também salientou que o câncer renal raramente acomete indivíduos com menos de 45 anos e acomete pessoas do sexo masculino com idades entre 50 e 70 anos. A doença possui subtipos, sendo o mais frequente deles o câncer renal de células claras, que responde por 85% dos casos. A doença tem origem no tubo que filtra as impurezas do sangue. O segundo tipo mais comum é o Carcinoma Papilar de Células Renais, que responde por 10% a 15% dos casos e pode causar o bloqueio da urina, além de provocar dor.
Por Adriana Matos
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