Jair Bolsonaro (PL) participa hoje de uma manifestação em Copacabana, no Rio, dois meses após atrair uma multidão ao ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo.
Bolsonaro pediu uma salva de palmas para Elon Musk. Ele definiu o empresário como “um homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo”. A fala é uma menção ao Twitter Files, uma troca de e-mails com veracidade não-confirmada na qual funcionários da plataforma relatam sofrer pressão de autoridades brasileiras para acessar dados sigilosos.
“Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia”, afirmou Silas Malafaia. Organizador do ato, o pastor da Assembleia de Deus classificou como arbitrárias várias decisões recentes do ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele classificou o inquérito das fake news, tocado por Moraes, como “aberração jurídica”.
Malafaia também fez críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a comandantes militares. Pacheco foi chamado de “frouxo, covarde, omisso” por não abrir um processo de impeachment contra Moraes.Segundo o pastor, os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica deveriam renunciar a seus cargos e mantê-los vagos até que o Senado fizesse “uma investigação profunda” sobre o caso da suposta tentativa de golpe de Estado.
Outro lado: o UOL apurou que o STF e o Congresso não devem responder às provocações de hoje feitas por Silas Malafaia.
Milhares de pessoas acompanharam a manifestação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio não fez estimativa de público presente no ato.
Ex-presidente não citou Moraes. Na fala de mais de 30 minutos, ele lembrou a facada em 2018, a campanha que o levou à presidência e a suposta perseguição que tem sofrido desde então. “O sistema não gostou dos quatro anos nossos e passou a trabalhar contra a liberdade de expressão”, disse.
Bolsonaro se defendeu do suposto envolvimento na elaboração da chamada “minuta do golpe”. Ele repetiu o argumento usado no ato de fevereiro em São Paulo e disse que não poderia mandar um pedido de estado de sítio ao Congresso sem exposição de motivos.
Ex-presidente voltou a defender anistia para envolvidos em 8 de janeiro. “Anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil”, disse ele. “Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando patrimônio como se fossem terroristas ou golpistas”, afirmou depois.
Conflito no Oriente Médio foi lembrado.Segundo Bolsonaro, Lula está a favor do Irã e do Hamas e não de Israel, aliado dos Estados Unidos (visto como um parceiro estratégico para o Brasil por Bolsonaro).
Quando estive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de ‘mito’. Eu disse ‘não, aqui sim temos um mito da liberdade: Elon Musk’.
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
Fala teve espaço para acenos eleitorais.Bolsonaro chamou Haddad de “pior prefeito da história de São Paulo” e citou pré-candidatos presentes no ato.
Michelle Bolsonaro foi a primeira a falar. Em mais de um momento, ela destacou a importância de 2024 como um ano decisivo por conta das eleições e o papel de destaque do Rio no jogo eleitoral. Ao fim de sua fala, ela convocou os presentes a rezar um Pai Nosso. “O Brasil é para o senhor Jesus. O Rio pertence ao senhor Jesus”, declarou Michelle.
Ex-primeira-dama defendeu a presença de mulheres na política. Ela também criticou feministas e afirmou que a busca é por um país menos desigual, mas sem apresentar como isso aconteceria.
Mulheres sábias até edificam uma nação e é essa mensagem que nós queremos passar para vocês, mulheres femininas, mulheres fazendo uma política feminina e não feminista. Estamos aqui para fazer uma política colaborativa junto mulheres ajudando seus esposos junto na construção de um país melhor, mais igualitário.
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama
Apoio a Elon Musk em discursos e cartazes. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) disse que o país “se tornou hoje o cenário da batalha pela liberdade no mundo inteiro” e que Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), acompanha o ato “com certeza”. O parlamentar falou algumas palavras em inglês no fim da fala. O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também citou Musk em seu discurso.
Malafaia fez críticas a Globo e a outros grupos de comunicação. “Bolsonaro não propôs golpe de Estado”, disse ele. O pastor defendeu que o blogueiro Alan dos Santos, o ex-deputado federal Daniel Silveira e outras figuras foram alvos de decisões por “crime de opinião”, ilícito não previsto na lei brasileira.
O presidente do PL Valdemar da Costa Neto foi vaiado ao citar o nome do senador Romário (PL). Senador foi citado como um dos nomes do partido no Rio. Apesar de ser filiado ao PL hoje, Romário não é visto como um nome alinhado ao bolsonarismo — o que justifica a situação.
Governador do Rio, Cláudio Castro estava presente e subiu ao trio. Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, o general Braga Netto (PL) também compareceu. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 8 de fevereiro por suspeita de atuar em tentativa de golpe de Estado.
Informações UOL
Manifestação ocorre em momento com clima diferente ao de fevereiro. À época, o evento em São Paulo ocorreu três dias após Bolsonaro ir à Polícia Federal para depôr na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado (na ocasião, ele não falou nada aos investigadores). Agora, o apoio de Elon Musk e outros atores internacionais a Bolsonaro contra o STF muda esse cenário.Continua após a publicidade
Uma vaquinha foi organizada para financiar os gastos com o ato. Articulada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a iniciativa levantou R$ 125 mil. Ao todo, 25 parlamentares doaram R$ 5 mil, cada um, para custear o aluguel dos trios elétricos e outras despesas.